CHE - O FILME
O ator Benicio del Toro, que fez o papel de Che Guevara no filme de Steven Soderbergh (em breve nos cinemas), é um grande mentiroso. Simplesmente quer dar a entender que não sabe quem realmente foi o infame personagem que representou.
GAGUEIRA
A prova disso está na gagueira que Benício demonstra nas entrevistas, quando lhe perguntam sobre as centenas de assassinatos e outras crueldades praticadas pelo serial killer, que não estão retratados no filme. Assustado, a única coisa que Benício del Toro responde é que não sabia disso.
NUNCA EXISTIU
É notório que as histórias de Hollywood são muitas vezes absurdas. E Che, o revolucionário romântico vivido por Benicio del Toro no filme nunca existiu, como bem escreve Guy Sorman, filósofo e economista francês, autor de Empire of Lies. Eis o que diz Guy:
FIÉIS DE KARL MARX
Che não era humanista. Nenhum líder comunista, de fato, já teve valores humanistas. Karl Marx certamente não era um. E seus fiéis: Stalin, Mao, Castro e Che não tinham respeito pela vida. Era preciso derramar sangue para que um mundo melhor fosse batizado (até parece coisa do Forum Social Mundial). Mao, quando criticado pela morte de milhões durante a Revolução Chinesa, disse simplesmente que inúmeros chineses morriam todos os dias.
ACABAR COM VIDAS
Da mesma forma, Che era capaz de matar e dar de ombros. Treinado como médico na Argentina, optou por acabar com vidas em vez de salvá-las. Depois de ter tomado o poder, Che causou a morte de cinco centenas de ?inimigos- da revolução, sem julgamento algum.Fidel Castro, que também não era humanista, tentou neutralizar Che, indicando-o como ministro da Indústria. Como era de se esperar, Che aplicou políticas soviéticas aos cubanos: a agricultura foi destruída e fábricas fantasmas pontilharam a paisagem. Ele não ligava para a economia de Cuba ou seu povo: seu objetivo era buscar a revolução por si só, seja lá o que isso queira dizer, como a arte pela arte.
SERIAL KILLER
Sem sua ideologia, Che não teria sido nada além do que outro assassino em série. A propaganda ideológica permitiu-lhe matar em números maiores do que qualquer -serial killer- poderia imaginar. E tudo em nome da Justiça. Há cinco séculos, Che provavelmente teria sido um desses padres/soldados exterminando nativos latino-americanos em nome de Deus. Em nome da história, Che, também, viu as mortes como uma ferramenta necessária para uma causa nobre.
CHE: A HISTÓRIA NÃO CONTADA
O verdadeiro Che merece ser mais bem conhecido. Quem sabe, se o filme for bem sucedido nas bilheterias, seus financiadores queiram filmar uma seqüência mais verdadeira. Certamente não faltaria material para uma fita mais real, com o título: Che, a História Não Contada.
PARA PIOR
Che, como muitos apaixonados imaginam, realmente transformou o mundo? A resposta é sim - mas para pior. A Cuba comunista que ele ajudou a moldar é um fracasso indiscutível e absoluto. Muito mais empobrecida e menos livre do que era antes de sua - liberação -. Apesar das reformas sociais que a esquerda gosta de alardear sobre Cuba, sua taxa de alfabetização era bem maior antes de Fidel Castro chegar ao poder. E o racismo contra a população negra era menos disseminado. De fato, os líderes da Cuba de hoje têm probabilidade muito maior de ser brancos do que nos tempos de Batista.
DITADURAS MILITARES
Mais além de Cuba, o mito de Che Guevara inspirou milhares de estudantes e ativistas por toda a América Latina a perder suas vidas em insensatas lutas de guerrilha. A esquerda, inspirada pelo canto de sereia de Che, escolheu a luta armada em vez das eleições. Ao fazê-lo, abriu caminho para ditaduras militares. A América Latina ainda não está curada dessas conseqüências inesperadas do guevarismo.
AMÉRICA DIVIDIDA
De fato, 50 anos depois da Revolução Cubana, a América Latina continua dividida. Os países que rejeitaram a mitologia de Che e escolheram o caminho da democracia e livre mercado, como Brasil, Peru e Chile estão melhores do que nunca: igualdade, liberdade e progresso econômico avançaram como um todo. Em contraste, os países que continuam nostálgicos pela causa de Che, como Venezuela, Equador e Bolívia, estão neste exato momento equilibrados à beira de uma guerra civil.