TÍTULO
Quando, na última sexta-feira, o próprio governo, através do Banco Central, informou que o índice de inadimplência dos compradores de automóveis atingiu, em abril, o maior da série histórica iniciada em 2000, cheguei a pensar que um bom título para este editorial poderia ser a velha e surrada frase: EU JÁ SABIA...
QUEBRAR A CARA?
Entretanto, depois de pensar um pouco achei melhor não tripudiar em cima do óbvio. Até porque alguns leitores, os mais resistentes, certamente ainda vão demorar para se entregar. São aqueles que acreditam, piamente, na possibilidade deste editor vir a quebrar a cara, por insistir que o governo Dilma está pra lá de equivocado com a sua política de concessão de crédito.
OS CULPADOS
Entendo que quem arrisca naquilo que tem baixa probabilidade de ocorrência, antes de tudo deveria saber da taxa de risco que está correndo. Porém, o que normalmente acontece é que aqueles que erram tratam de encontrar rapidamente alguém ou algo que seja responsável pelo resultado da má aposta.
EDITOR MONÓTONO
O governo já escolheu seus culpados: a crise mundial; e, principalmente, a insignificante Grécia. Não é de se descartar que algo possa sobrar também para o Ponto Crítico. Como venho insistindo demasiadamente em mostrar os resultados óbvios corro o risco de vir a ser classificado como um editor monótono.
CAMISA DE FORÇA IDEOLÓGICA
Na real, as constantes críticas, opiniões e comentários, que ocupam os editoriais diários, mostram que o governo, dentro de sua camisa de força ideológica, só consegue se mover para o lado do precipício. Recentemente, inclusive, decidiu que o melhor de tudo é agravar ainda mais a inadimplência, através de doses cavalares do veneno chamado crédito. Afinal, de sã consciência, alguém crê que a cura de um porre de financiamento passa pela injeção ainda maior de crédito, quando os próprios tomadores já manifestaram impossibilidade de pagamento?
CAMINHO DO FRACASSO
Se a monotonia se verifica pelos meus insistentes pedidos por REFORMAS, dizendo ser esse o único e melhor caminho para fazer o Brasil crescer sem sustos, aí vale o risco. Afinal, não posso concordar com decisões tomadas de acordo com uma bússola ideológica, cujo ponteiro só aponta para o mau caminho: do fracasso.
A MONOTONIA ESTÁ NO CRÉDITO...
Volto a insistir: a inadimplência do crédito para a compra de veículos registrou recorde em abril. E mesmo assim o governo resolveu conceder novos benefícios ao setor automobilístico para tentar esvaziar os pátios lotados de veículos. Pode? O aumento atual da inadimplência, como é sabido, decorre da elevação expressiva do saldo de crédito. O governo, no entanto, não está nem aí. Pior: está criticando fortemente os bancos e financeiras porque estão mais cautelosos na concessão de crédito para veículos. Creio que a monotonia está no crédito. Que tal?