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21 fev 2011

A AUSTERIDADE É PRA VALER?


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POSTURA DISCRETA
Com a mesma naturalidade que, por diversas vezes, deplorei o comportamento, os corriqueiros discursos populistas e a incrível gabolice, marcas registradas do ex-presidente Lula, cumprimento a presidente Dilma Rousseff, pela postura até agora discreta de seus atos.
CONFIANÇA
Dona de um estilo nada espalhafatoso, Dilma tem ficado longe dos microfones e dos holofotes. Sem tantas aparições parece estar mais empenhada no desempenho do cargo. E, como tal, vem mostrando firmeza nas suas cobranças diárias. O que estabelece uma boa dose de confiança junto ao público.Postura essa, aliás, bem diferente da esperada antes do pleito. O que muitos imaginavam é que, com Dilma eleita Lula se manteria no cargo, dando as cartas e jogando de mão. Felizmente, não é isso que estamos vendo.
NO ATRASO
Não sei se vou morder a língua. Tomara que não. De qualquer forma, antes que venha a ser criticado por apreciar o comportamento da presidente Dilma, faço um esclarecimento: não estou aplaudindo propostas de um governo de esquerda, petista, que, por natureza vive no atraso.
FACHO DE LUZ
O fato é que até entre as trevas é sempre possível, embora pouco provável, encontrar um facho de luz. É o caso, por exemplo, de algumas decisões tomadas por Dilma, sem o espalhafato típico do atrasado Lula. Para quem não espera muita coisa, só por aí a presidente merece aplausos.
AUSTERIDADE
Depois de anunciar um corte de R$ 50 bilhões no Orçamento, e de impor o valor do Salário Mínimo em 545 reais, a presidente Dilma foi além: suspendeu a compra dos 36 aviões-caças enquanto vigorar o período de austeridade fiscal. Segundo Dilma, criar uma despesa absurda de US$ 7 bilhões é um despropósito. Concordo, até porque, caso Lula estivesse à frente do Executivo os aviões já estariam comprados.
BOLHAS EM FORMAÇÃO
Mesmo sem mostrar vontade para fazer as reformas que o país exige (coisa que o PT abomina de todas as formas), Dilma já mostrou ser bem melhor do que Lula. No entanto é muito provável que não tenha a mesma sorte do ex-presidente. Aqui entre nós: a enorme aceitação popular de Lula se deu graças às derrotas econômicas sofridas por vários países de primeiro mundo. Foi isso que fez do Brasil uma opção de investimento. O tempo, entretanto, dirá quando as nossas bolhas estiverem prestes a estourar.
AUSTERIDADE?
O preocupante é que, no exato momento em que o governo propõe um corte de R$ 50 bilhões no Orçamento, as duas Previdências Sociais do país (do setor público e privado) revelam, juntas, um rombo monstruoso, que se repete a cada ano, de mais de 105 bilhões nas contas públicas. Mais do que o dobro do valor que será cortado. Que tal? Pois, enquanto os impostos são usados para tapar o rombo das contribuições insuficientes dos trabalhadores na ativa, o INSS, muito mal administrado, aumenta ainda mais esta pesada conta: pagou, entre 2005 e 2008, em duplicidade, 79.846 aposentadorias por invalidez e auxílio-doença. Pode? Agora o pior: o governo ainda não sabe se vai descontar os valores pagos a mais (algo como R$ 160 milhões), ou se arcará com o prejuízo. Entenderam? Caso opte pela segunda, o que é mais provável, quem vai arcar com o prejuízo são os pagadores de impostos. Pode? E agora, presidente?Anotem aí: no Egito, na Líbia, no Bahrein, por exemplo, a confusão se deu por muito menos. Muito menos, gente.