Por Alex Pipkin
Qualquer sujeito dotado de conhecimento razoável sobre o comportamento humano, sabe que a imitação inspira e/ou manipula a aprendizagem, e às consequentes ações humanas.
Tal processo de mimetização age tanto para influenciar positivamente a sociedade, com a adoção de comportamentos virtuosos, como também pode se transformar em uma força centrífuga, atuando na direção contrária.
A mente humana é estimulada e persuadida pelo gatilho da aprovação social, em que indivíduos querem ser ou parecer ser semelhantes àqueles que apresentam características sociais “valorizadas pelos outros”.
Freud detalhou o movimento de massa, em que a manada é influenciada a agir de acordo com o coletivo - que não pensa!
Em uma era tribal virulenta - em que os indivíduos formam e comunicam sua identidade social, almejando pertencimento às suas respectivas tribos -, inquestionavelmente, as redes sociais amplificaram as possibilidades de informação. Essas realçaram o paradoxo através do qual tais informações servem de suporte para imitação de comportamentos erráticos, contaminantes no sentido estrito.
Desafortunadamente, a olhos nus, percebe-se e se sente que o mecanismo de inspiração positiva tem sido sobrepujado pelos comportamentos nocivos ao desenvolvimento individual e, de forma proibitiva, a promoção da imperiosa coesão social.
O intolerável se transformou em algo “natural”, banalizando ilicitudes inaceitáveis sob quaisquer aspectos analisados.
Pois o exemplo vem de cima, de uma deselite apodrecida, que incessantemente manipula e corrompe, operando para extrair os benefícios e impedir o necessário desenvolvimento individual e coletivo. Eles somente pensam e agem em favor de seus próprios umbigos, e/ou nos umbigos tribais. Esses arrotam que as instituições funcionam. Sim, resta saber para quem, uma vez que elas restringem a participação e a real competição, protegendo benesses imorais e, ao cabo, barram a vital livre iniciativa.
O modelo de imitação presente é amplamente o da corrupção, do fazer para “se dar bem”, da mentira escrachada, da vergonhosa impunidade, dos privilégios nababescos, da locupletação, e do “natural” avesso da virtuosidade factual.
Nesta direção, o “momentum” para à juventude que, cada vez mais, imita, é, não só contraproducente, como também devastador de almas e de futuros alvissareiros.
Um presidente de uma nação, comprovadamente corrupto - atestado por fartas provas e instâncias judiciais “do bem” -, apologista da ignorância e do sangrento terrorismo, que retorna à cena do crime, a fim de se vingar e de repetir/imitar os mesmos erros de um passado nefasto. Esse da aplicação de políticas públicas populistas e contraproducentes, da farra e do descaso com o dinheiro dos contribuintes, da corrupção e do aprofundamento de privilégios imorais e, sobretudo, da cegueira ideológica, aquela que conduz ao empobrecimento, em especial, dos mais pobres, embora a retórica seja no sentido de sua farsante preocupação popular.
A alma mater petista é responsável pelo divisionismo social, entre homens e mulheres, ricos e pobres, brancos e negros…, sua “raison d'être”, objetivando angariar direitos, recursos e privilégios para suas tribos “progressistas”.
De um STF que, similarmente, afirma proteger a democracia, quando genuína e diariamente, rasga a Constituição, advogando e legislando pelo ilícito, para a impunidade e a injustiça, para a bandidagem e, evidente, para seus próprios interesses e de seus comparsas.
Uma parte do setor empresarial, aquela dos amigos do rei, que corrompe e é corrompida, que veste os trajes e brinca de estadista, fazendo a “coisa errada”, e impedindo a livre iniciativa, e sua correspondente e fundamental geração de empregos, de produtividade, de inovação, de renda e de prosperidade para todos.
O que fazer?! O momento civilizacional - do retrocesso - é o do insaciável desejo mimético, tristemente inspirado em uma deselite - pútrida. Essa promove francamente os vícios sociais que arruinam, ao invés do estímulo a reprodução de comprovados comportamentos virtuosos, os do desenvolvimento e do progresso, por meio dos essenciais propósitos “do bem”, individuais e coletivos.
Mark Twain, sabiamente, afirmou que o homem comum não está interessado em converter uma opinião própria, por estudo e reflexão, mas está apenas ansioso para descobrir qual é a opinião de seu vizinho e adotá-la cegamente. A atual vizinhança é inconveniente…
Que lástima para os nossos jovens. O protagonismo “moderno” é dos modelos da perversão e do fracasso explícito.
A ilusão e os efeitos manipuladores os deixam cegos e surdos para a natural influência e estímulo daquilo que produz genuíno pensamento crítico e ação individual saudáveis.
Desgosto de saudosismos baratos. Contudo, sinto saudades da imitação dos nobres e edificantes valores, virtudes e sabedoria, aqueles que ajudavam a moldar a personalidade e a construir relações saudáveis e, verdadeiramente, progressistas para todos!
Por Roderick Navarro, político venezuelano exilado no Brasil desde 2017 por ordem de arresto do régime de Nicolás Maduro.
Nos regimes autoritários, a censura não é um erro: é o primeiro tijolo de uma engrenagem construída para esmagar a dissidência. Onde há censura, há perseguição. Onde há perseguição, há tortura. Os tiranos, obcecados em se manter no poder, não se contentam em ocupar o trono: acreditam ser deuses. Proclamam-se justos, infalíveis, a voz do povo. Mas, para sustentar essa fantasia divina, precisam silenciar aqueles que gritam a verdade: que o rei está nu.
A censura precisa de executores. No Brasil, esse papel tem sido assumido, com frequência preocupante, por juízes e autoridades que se arrogam o poder de decidir o que é verdade e o que é mentira, o que é permitido e o que é perigoso. As instituições, que deveriam proteger os cidadãos, tornam-se instrumentos de repressão a serviço do poder. Um exemplo recente é a ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), em janeiro de 2025, que bloqueou as redes sociais da Revista Timeline — fundada pelos jornalistas Luís Ernesto Lacombe e Allan dos Santos — sem qualquer explicação pública clara. As contas da revista no X, Instagram e YouTube foram removidas. Lacombe denunciou o episódio como um ataque à democracia: “Por quê? Não disseram. Que bela democracia temos…”
Outro caso alarmante foi a cassação do mandato da deputada federal Carla Zambelli, também em janeiro de 2025, pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, após ela questionar o sistema eleitoral. Mais de 946 mil votos foram anulados. O senador Jorge Seiff classificou a decisão como uma “perseguição clara, óbvia e absurda” contra a direita. E esses não são casos isolados: o exílio do jornalista Oswaldo Eustáquio, perseguido por denunciar abusos de poder, e o bloqueio do X no Brasil em 2024 por ordem judicial — sob a acusação de permitir “desinformação” — são sinais de uma censura que já não choca: está se normalizando.
No início, silenciar alguns poucos é suficiente para intimidar muitos. Mas em sociedades onde ainda há quem ouse falar, a censura seletiva torna-se insuficiente. Então o regime avança: não cala apenas alguns, cala todos. No Brasil, vozes da resistência têm denunciado essa escalada autoritária, mas os tiranos possuem uma arma ainda mais eficiente do que a censura: a economia. Como advertiu o economista Roberto Campos, defensor do liberalismo e crítico feroz do autoritarismo: “A liberdade morre quando o Estado controla os meios de produção e as mentes.” Campos, que combateu a burocracia e o intervencionismo, alertou sobre o perigo de um Estado que sufoca a liberdade econômica para dominar a sociedade.
E é isso que vemos hoje: aumento dos gastos públicos, impostos sufocantes, desvalorização da moeda e obstáculos crescentes ao empreendedorismo. Quando as necessidades básicas — comida, moradia, segurança — estão ameaçadas, a liberdade de expressão vira luxo. O cidadão, exausto pela luta diária, esquece o dissidente preso.
A censura, no entanto, não é o fim, mas o meio. É a antessala da violência cruel e impiedosa. Uma vez desmobilizada a oposição, o regime avança para a perseguição em massa: um preso político torturado, um líder exilado, uma família encarcerada pelas ideias de um dissidente… No Brasil, a normalização dessas práticas representa uma ameaça concreta. Segundo o World Justice Project, em 2025 o país ocupava a 80ª posição entre 142 nações em imparcialidade judicial — à frente apenas da Venezuela. Quando a justiça se politiza, a censura não é um instrumento de “proteção institucional”: é uma arma contra os opositores.
Essa estratégia, herdeira das piores tradições leninistas, só pode ser derrotada pela força de um povo organizado. Uma cidadania ativa, disposta a apoiar líderes corajosos, pode frear a tirania. Mas se a censura avança, a economia colapsa e a resistência se fragmenta, o futuro será sombrio. Os líderes da oposição acabarão reduzidos a migalhas de poder ou, pior ainda, na prisão ou no exílio.
O Brasil está diante de uma encruzilhada. A censura não é apenas um ataque à imprensa ou aos políticos da oposição: é um ataque a toda a sociedade. As forças políticas — dos partidos aos movimentos civis — não podem cruzar os braços nem assistir, passivamente, ao povo se degradar enquanto fecham “acordos”. Tiranos gostam de escrever o desfecho das histórias. Resta torcer para que, desta vez, não o façam com o sangue dos brasileiros.