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02 ago 2005

UMA RELAÇÃO COMPLICADA


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EMISSÕES A PRAZO
A cada mês temos a divulgação do percentual atualizado da dívida do governo, em relação a PIB. Hoje, este índice está por volta de 51%, segundo o Banco Central. O professor Bergamini - www.rberga.kit.net -, mais explícito, mostra números mais completos, coisa nunca obtida nas exposições feitas pelo BC. A coisa se resume, no entanto, da seguinte forma: se o PIB cresce acima das emissões de títulos, que o governo precisa fazer para cobrir os gastos públicos, a relação fica estável. Porém, se o PIB cai ou não cresce suficientemente, as novas emissões pressionam, para cima, a relação. O que precisa ser feito mesmo não parece estar nas cogitações do governo, ou seja, a diminuição das despesas para não precisar emitir mais títulos.
MAIS FERRADOS
Em síntese: se já vivemos no passado com muitas emissões a vista, ou seja, de moeda, estamos agora diante de um período interminável de emissões a prazo, ou seja, de títulos. Como já ultrapassamos o limite de confiança dos credores, bem identificado pelo tamanho do risco-país, estamos na iminência de não conseguir tomadores para novos títulos. Aí, certamente, voltaremos a emitir moeda, a vista, para poder pagar as despesas com juros e os resgates dos títulos vencidos. Na realidade estamos ficando mais ferrados, pois o PIB nunca crescerá em níveis para inibir a relação da dívida, que só faz aumentar.
A CONTA DAS DESPESAS
Os jornais, no final do mês passado, como de hábito, manchetearam o tamanho da conta juros que o governo já precisou desembolsar neste ano. Como o número é alto, e a forma de comunicar é muito tendenciosa e escandalosa, resta para a população ignorante, a compreensão de que está no pagamento dos juros o nosso real problema. Pura burrice misturada com informação incompleta. Vejam: o nosso único problema, gente, está no tamanho das despesas, que provocam a tomada constante de mais e mais empréstimos pelo governo.
SEM ABRANGÊNCIA
Como a melhor das boas vontades afirmo sempre que até aplaudo a Lei de Responsabilidade Fiscal. Porém, lamento que a mesma não é abrangente como deveria. A LRF diz que para cada despesa criada deve haver uma fonte de receita para financiá-la. Ora, se as despesas de governo são e sempre foram bem maiores do que as receitas (vide o déficit nominal), como são liberados os recursos, frutos de empréstimos públicos intermináveis, para custear a farra? Isto é pura irresponsabilidade fiscal. A não ser que haja outro nome para explicar tanta falta de administração pública.
O CREDOR É O SAFADO?
E neste particular, pasmem, 70% da poupança dos brasileiros é utilizada para financiar gastos governamentais. Com despesas elevadas, e uma nítida falta de vocação para diminuí-las, a ordem é sempre tomar mais e mais empréstimos. Ninguém, muito menos a imprensa, condena esta crônica necessidade de tomar empréstimos junto à sociedade nacional e internacional. Mas, na hora de pagar a conta, o bandido, o safado, é o credor. Aí todos se revoltam e montam frases como esta: O Brasil não deve pagar os juros com a fome do seu povo. Viva a ignorância! ou, quem sabe, viva o Déficit ZERO! Decida-se.
VAMOS REZAR?
Os catarinenses, ao que parece, estão aprendendo com o Brasil. Depois de tanta corrupção noticiada estão se mostrando bem convencidos de que as estatais devem ser imediatamente privatizadas. A impressão deixada com relação a Celesc ? Centrais Elétricas de S.Catarina ? é esta. Que os ventos tragam esta idéia, este pensamento e esta consciência para os gaúchos, por favor. Já estou começando a rezar: Vamos juntos? Eu puxo. Pai nosso que estais no céu....