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18 mai 2005

UM MERCADO COM POUCA POUPANÇA


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BONS RESULTADOS
Depois de um ano de grandes avanços nas cotações das ações de empresas brasileiras, 2005 vem se mostrando um péssimo período. E não é por falta de bons resultados nos balanços das empresas. Ao contrário, pois nunca tivemos uma safra tão boa de lucros e projeções nas empresas de capital aberto. O problema, gente, é que os analistas ainda desconhecem o que faz os preços dos papéis subirem e caírem.
FALTA POUPANÇA
Só para esclarecer: não basta haver um ótimo sistema de negociação com tecnologia avançada, aliado a uma confiável forma de liquidação e uma indispensável e grande transparência nos negócios. E de bons produtos com excelentes resultados. É preciso, antes de tudo, clientes compradores. E com dinheiro para tanto. Ações e títulos são adquiridos com poupança. Sem poupança não há negócios. Como nós somos insuficientes em poupança, o nosso mercado é refém da poupança de quem mora fora do Brasil. Só que eles exigem confiabilidade na economia brasileira. E, neste mar revolto de lama, é exatamente isto o que está por aqui.
RECESSÃO
O primeiro país europeu a se declarar em recessão foi a Itália. Outros virão atrás, embora o constrangimento da admissão vá retardar as divulgações. As razões são muitas, mas o petróleo tem sido aquele que mais se propõem como a maior delas. Mas, junto com o principal apontado está a concorrência feita pelos novos países que hoje compõe a UE. Os países do leste europeu, com sede de desenvolvimento, não deixam em paz os mais desenvolvidos. A concorrência chegou para valer. Eis a razão.
DOR DE CABEÇA
Depois que foi permitido o desconto em folha das prestações dos empréstimos aos servidores públicos e aposentados, os bancos e financeiras foram à luta e tiveram um acréscimo brutal nas operações de financiamento. Sem risco de inadimplência, a coisa ficou fácil e espetacular para quem empresta e vai acabar numa dor de cabeça futura para quem está tomando dinheiro.
PERIGO À VISTA
Anotem aí, isto ainda vai acabar da seguinte forma: muitos financiados vão acabar entrando na Justiça dizendo terem sido induzidos a tomar os empréstimos. Vão alegar que a publicidade os levou a adquirir o vício. Igual ao que já vem ocorrendo com o tabagismo. E, como tal, vão pleitear também, junto aos bancos, uma indenização pelo câncer adquirido. Não demora.
MERCOCOTAS
Depois da receber a extrema-unção, e ter obtido em cartório, o devido atestado de óbito, o Mercosul já está pronto para ser enterrado ou cremado. A vigília, no entanto, ainda é feita por aqueles que acreditam em milagres. Eles estão todos em torno do caixão à espera de uma ressurreição. Que só poderá acontecer com outra feição. Será, com certeza, um Mercocotas.
CONSUMIDORES PREJUDICADOS
Ontem, depois das reuniões feitas entre produtores argentinos e brasileiros, entre flores anteriormente enviadas, típicas de velórios, começaram os entendimentos para fixação de cotas de produtos. Por enquanto, calçados e vinhos. Com isto, a única coisa que fica clara é que o consumidor argentino sairá prejudicado quando não encontrar o calçado que deseja. E o consumidor brasileiro não poderá comprar o vinho argentino que gosta. Os limites fazem a injustiça. Quanta burrice, gente. É por isso que nunca teremos mercado comum.