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23 mar 2005

SOMOS APAIXONADOS PELO ALTO RISCO


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EXPERIMENTANDO A FRAGILIDADE
A tradição, o costume, enfim, a cultura dos brasileiros vêm mostrando ao longo dos tempos que basta conquistarmos alguma coisa boa e já nos convencemos que foi obtido o suficiente para entendermos que tudo está resolvido. Assim, muito cedo abandonamos todas as receitas médicas e econômicas que até poderiam nos curar de doenças que estão virando cada vez mais crônicas.
FEBRE ALTA
Isto explica o fato de que as comemorações por eventuais conquistas podem durar muito. Na média, duram semanas. No máximo, alguns poucos meses. Daí a nossa grande fragilidade e o elevado risco que nunca nos abandona. Ou que jamais cede para valer. Esta febre alta nos faz permanecer sempre na faixa dos países de alto risco. Vejam: depois de festejarmos o atingimento de 396 pb no risco país, voltamos aos 460 pb em menos de dez dias. É um gosto fantástico pelo risco, não?
FALTA DE ATITUDES
Este indicador, gente, não retrata uma eventual má vontade de analistas e investidores em países em desenvolvimento. É tão somente a falta de atitudes que poderiam nos tirar deste ambiente mais arriscado. Atitudes estas sempre confundidas com a interrupção de programas sociais. Na real sabemos (poucos) que os governos burramente assistencialistas é que propõem leis para tentar ajudar aqueles que eles mesmos colocam no brete. Ao invés de estimular o desenvolvimento, a preferência é sempre ajudar com mais impostos e mais fraudes.
LINHAS TORTAS
Quem sabe, por linhas tortas, ainda venhamos a corrigir certas aberrações. Uma delas, embora não seja a única, pode ter sido a eleição de Severino Cavalcanti para a presidência da Câmara Federal. A sua estupidez, coisa que faz questão de mostrar diariamente sem falhar um dia sequer, ainda pode ser um acelerador da imprescindível reforma política. Nada daquilo que é necessário, mas algo que seja útil.
COM A JANELA ABERTA
Tudo o que Severino vem fazendo, anotem aí, não é muito diferente do que seus antecessores vinham fazendo. A forma, sim. Ele, felizmente, é movido pela sua autenticidade e transparência. Isto mostra que faz as coisas com a janela aberta. Aí todo o mundo fica sabendo mesmo como as coisas são resolvidas dentro da casa. Antes, os políticos desmentiam algumas coisas que vazavam. Com Severino, as câmeras e microfones identificam tudo. Só porque é aberto e flagrante. Se os parlamentares têm algum receio de alguma revolta do povo é provável que façam alguma coisa. Só espero que seja coisa boa.
GRAÇAS A SEVERINO
Felizmente, e graças ao Severino, o presidente Lula resolveu tomar alguma decisão. A reforma ministerial, como tal, foi resolvida só pela trapalhada do presidente da Câmara. Que não teve coisa alguma de intencional. Foi fruto exclusivo da coerência e da personalidade do próprio Severino. E que acabou sendo útil.
OS TRAPALHÕES E AS TRAPALHADAS
Por tudo isto que estamos assistindo, ninguém pode se achar uma vítima da surpresa. Se a terra e o clima ajudam, o que foi plantado é colhido. Ninguém planta uma semente de morango para colher feijão ou batata. Da mesma forma, que emplaca dirigente, ministro ou representante púbico incompetente e trapalhão, sem a devida prova de seleção, só pode colher prejuízos e trapalhadas. Isto explica o que vem acontecendo no nosso serviço público. Onde sobram incompetentes, faltam administradores.