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31 out 2007

RECADO DE RAYMUNDO MAGLIANO


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AGRACIADO
Ontem, durante o encontro promovido pela Apimec-sul, em Porto Alegre, conversei com o presidente do Conselho da Bovespa Holding S.A, Raymundo Magliano Filho, que também foi agraciado com o prêmio Walter Fredrich 2006.
PERÍODO DE SILÊNCIO
Magliano, obviamente, não podia falar sobre a triunfal entrada da Bovespa Holding no mercado de ações por estar em período de silêncio definido pela CVM. Entretanto, não estava impedido de falar sobre o comportamento da sociedade brasileira diante das necessidades de reformas.
SOCIEDADE FRACA
Com muita objetividade, Magliano definiu muito claramente o que acontece no nosso país: enquanto a sociedade civil brasileira é fraca, o governo é muito forte. E enquanto esta desigualdade brutal não mudar nada será bem resolvido para os cidadãos comuns.
CORPORATIVISMO
Esta força descomunal que o governo tem e exerce, para ficar bem entendido, está na força dos ocupantes das instituições, que só tratam de criar e manter seus privilégios, assim como no corporativismo geral do setor público.
EM MAIOR NÚMERO
A sociedade civil, embora forme um número extremamente superior de pessoas, jamais conseguiu se organizar suficientemente para enfrentar o estúpido desejo e as imposições das corporações públicas. Mesmo que a proporção seja de dez para um, ainda assim os cidadãos comuns nunca conseguiram sair da incompreensível condição de refém das corporações.
PAGAR CONTAS
Considerando que esta ingrata situação não muda desde o período colonial, o único papel que a sociedade civil exerceu até agora foi de pagadora das contas. Que por sinal só aumentam, porque a turma de baixo também precisa ganhar esmolas.
MELHORAR OS PRIVILÉGIOS
Todas as formas experimentadas para o enfrentamento dos já impagáveis favorecimentos aos servidores públicos se mostraram sempre muito pífias. Na realidade, nunca passaram de manifestações tímidas e pouco participativas. E quando, em alguns momentos, deram a impressão de ter terem sido vitoriosas, não passaram de situações em que os bobos foram usados como massas de manobra para melhorar mais ainda a condição dos privilegiados.
RECADO
Fica, portanto, o recado final de Magliano: enquanto a sociedade civil, com todas as entidades, não se der conta da força, do tamanho, das nossas vontades e da sinérgica necessidade de organização e atuação, o nosso destino, para os próprios quinhentos anos, está traçado: continuar pagando a conta da gula crescente e incorrigível do setor público. Com mais e mais impostos. A decisão, portanto, é nossa. Ou deles?