AGÊNCIAS
Recentemente, o governador José Serra acusou as agências que classificam o risco de crédito de governos dizendo que essas empresas trabalham para grandes especuladores. E completou dizendo que, por errarem tanto, não sabe como ainda continuam abertas.
COERÊNCIA
Ora, se o governador Serra é coerente, e está plenamente convencido daquilo que diz e pensa, se as agências de classificação de risco merecem tal fim, da mesma forma nenhuma instituição pública brasileira poderia estar funcionando.
E O SENADO?
Inclusive o seu próprio governo deveria fechar as portas, a considerar os erros que, porventura, comete. Porque Serra não reage da mesma forma e com o mesmo ímpeto com relação aos graves e continuados erros cometidos na Câmara e, principalmente, no Senado?
RELATÓRIOS
As agências de classificação de risco não são cartórios, governador. Elas têm plena liberdade para avaliar países, governos e empresas. E sempre fundamentam suas análises. Agora, quem lê os relatórios por elas emitidos não tem a mínima obrigação de concordar ou aceitar o que revelam.
INVESTMENT GRADE
Se o Brasil conseguiu o importante Investment Grade, que está promovendo forte atração de investimento, com custo bem mais baixo, é porque as agências revelaram os nossos acertos macro-econômicos. Avaliaram a situação e ratificaram a avaliação.
SÓ PARA ELOGIAR
Dependendo da vontade de José Serra as agências não deveriam existir. Ou melhor: só deveriam existir caso tivessem como propósito elogiar o seu governo. Aí é duro, não?
RISCO-BRASIL
Pois é graças ao conjunto da ópera toda, onde as agências atuam constantemente, que o risco-Brasil está hoje abaixo de 300 pontos-base. Pode haver um equívoco aqui ou ali, ou uma desconsideração, mas as agências cumprem um papel importante na contribuição da decisão dos investidores.