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10 out 2005

QUATRO ANOS SEM ROBERTO CAMPOS


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O IMORTAL
Ontem, 09 de outubro, completou quatro anos do falecimento de Roberto Campos. Amanhã, 11 de outubro, como já foi amplamente divulgado, o
CAPITALISMO DEMOCRÁTICO
?O casamento entre a democracia política e a economia de mercado teve surto promissor no início do século passado. Foi a belle époque, período de expansão das democracias ocidentais e do livre comércio. Houve intensa migração de pessoas e livre fluxo de capitais, sob a disciplina do padrão ouro. A partir da revolução comunista de 1917, tudo mudou. Começara um novo século, que Paul Johnson denominou de -século coletivista- e que, felizmente, terminou antes do tempo, com a implosão do império comunista, em 1991.
DESAFIOS
Durante o ?século curto?, de 1917 a 1991, o capitalismo democrático sofreu dois desafios malignos e um benigno. E quase pereceu na grade depressão dos anos 30. Os gêmeos malignos foram o comunismo e o nazi-fascismo. O comunismo visava destruir o mercado pela abolição da propriedade privada; o nazi-fascismo, pela eliminação da soberania do consumidor, em benefício do poder do Estado. Ambos se insurgiram contra a democracia, um em nome da ditadura do proletariado, outro em nome do Führerprinzip. Num caso, a classe eleita era o proletariado, do qual o partido se autonomeou representante insubstituível; o outro era a raça ariana, cuja supremacia teria de ser garantida, mesmo à custa da eliminação física das ?raças inferiores?.
SÉCULO NOBRE E SÉCULO PORCO
O desafio benigno foi o keynesianismo, que apenas sancionava intervenções governamentais equilibradoras de mercado. Nasceu como resposta à crise de capitalismo durante a grade depressão de 29, mas acabou fortalecendo demais o dirigismo, o que ainda fascina os brasileiros, infelizmente. Mas, em resumo, o período anterior foi, ao mesmo tempo, um século nobre e um século porco. Nobre, porque a humanidade desvendou dois fundamentais segredos: da energia do átomo e da dupla hélice da vida ? e liberou-nos da prisão planetária pela conquista do espaço. Nobre também porque a pobreza deixou de ser encarada como uma fatalidade trágica, passando a ser uma doença curável. Foi também um século porco, com as maiores carnificinas da História. Os dois gêmeos malignos massificaram a violência, estimando-se que o primeiro seja responsável por 25 milhões de vítimas. O segundo de ideologia mais universalizante teria matado mais de 100 milhões. Posando de adversários, o nazi-fascismo e o comunismo são gêmeos, na fatal arrogância de refabricar o homem para ajustá-lo a ideologias episódicas.
SONHOS ADIADOS
Para os brasileiros, o panorama de fim de século foi melancólico. Foram adiados os sonhos de grandeza e riqueza que a minha geração sonhava para o ano 2000. Vivemos condenados a um reformismo intenso para recuperar o tempo perdido. Nunca completamos as reformas de segunda geração e ainda precisamos encetar as de terceira geração: desregulamentação trabalhista, para aumentar a empregabilidade; a política para melhorar a governabilidade; a do Judiciário, para dar-lhe agilidade e substituí-lo no possível pelo sistema de mediação. Corrigir, urgentemente, o déficit de poupança, pela reconversão total do sistema previdenciário para servir de alavanca do desenvolvimento. E um enorme esforço educacional, voltado não para o elitismo universitário, mas para a educação fundamental e média. A agenda é intimidante. Mas não há opção, se quisermos escapar da mediocridade através da modernidade?.
E-MAIL
Como se observa, muito pouco ou nada ainda conquistamos. Sem querer aborrecer o mestre, mesmo assim envio esta homenagem, para o e-mail: robertocampos@ceu.liberal.com , esperando que seja este o endereço eletrônico de Roberto Campos. Gostaria que ele lesse com atenção e saiba que ainda há quem continue lutando pelas mesmas coisas. Os nossos governantes, caro liberal, teimam e não querem resolver coisa alguma. Mesmo assim não esmoreço, embora saiba que tenho muitas limitações e muito pouco talento. Receba, como consolo, ao menos o meu grande abraço. E de muitos leitores também, com certeza.