ÓDIO
Se alguém deveria ter ódio de alguma coisa, seria muito mais lógico que o FMI tivesse ódio de país mal administrado e cheio de incompetência. O contrário, com certeza, não dá para entender. Um país quando já não tem credito em qualquer instituição só resta um último endereço a recorrer: o FMI. Se lá não for conseguido algum empréstimo é o fim da picada. E, por incrível que possa parecer, também não é a instituição que cobra as mais altas taxas de juros. Deveria ser por ser a última chance, mas mesmo assim não é. Seus sócios, onde o Brasil é um deles, nem permitem isso, pois o objetivo é ajudar. Por outro lado, ajudar nãosignifica que seja uma casa filantrópica. Ao emprestar dinheiro, exige que seja cumprido um programa que leve o país a melhorar a sua condição de recuperado e permita, desta forma, pagar pelo financiamento obtido.
INCOMPETÊNCIA DUPLA
O desagradável, bem entendido, é precisar ir ao FMI, pois é quando a comunidade toda fica sabendo quem não está sendo bem administrado. E exatamente por isso fica mais vulnerável e tem o seu risco aumentado. Pois bem, se está bem entendido que já é um vexame precisar bater às portas do Fundo, pior ainda é fazer passeata expondo faixas e ficar gritando que não deve ser pago o empréstimo tomado. Aí a demonstração de burrice e incompetência passa a ser dupla. Uma por precisar pedir e outra por negar o pagamento. No nosso caso existe ainda uma terceira burrice: ao querer dar o calote no FMI é desconhecer que o tamanho da dívida para com o Fundo é insignificante em relação a divida total.
FORA BURROS!
Portanto, estamos bem entendidos que, aqueles que não se negam a pagar o FMI também não querem pagar a dívida mobiliária interna, que supera um trilhão de dólares. E, para quem ainda não sabe, os detentores dos títulos não são os bancos ou os tais burgueses sempre citados. São, na sua esmagadora maioria, os poupadores da sociedade, os trabalhadores, através de suas poupanças e aplicações em fundos de pensão e aposentadoria. Os bancos só administram os papéis. Fora burros!
SONAE
A empresa - Modelo Continente -, que controla o grupo Sonae, registrou no primeiro semestre de 2004, crescimento no lucro de 11 milhões de euros para 32 milhões de euros. O impacto positivo da atividade no Brasil e a redução dos custos com o endividamento foram fatores decisivos para esta evolução. As lojas no Brasil registraram um aumento das vendas brutas, sem desconto cambial, de 12%. Em relação ao parque de lojas da empresa, no conjunto do mercado português e brasileiro, a Modelo Continente ganhou no primeiro semestre nove lojas: passou de 435 no final do semestre anterior para 444 no final do primeiro semestre deste ano. O aumento foi determinado exclusivamente em Portugal (passando de 270 para 279 estabelecimentos), já que no Brasil a empresa manteve as suas 149 lojas, em virtude de quatro aberturas e quatro encerramentos.
APAGÃO INTELECTUAL
Esta na moda aplicar o termo - apagão - para tudo aquilo que compromete o nosso desenvolvimento e o nosso crescimento sustentado. Já se fala bastante na falta deinfra-estrutura suficiente caso queiramos aumentar o PIB em mais de 5% em 2005. E que com ou sem as PPPs estamos diante de graves dificuldades para atender às exigências dosinvestimentos. Concordo que os nossos problemas não são simples. Mas, é preciso atentar para algo ainda mais grave e que foi alvo de notícia na semana anterior: a falta de educação suficiente para que muitas pessoas possam ser aproveitadas no processo de desenvolvimento. A pesquisa divulgada pelo Ibope é um diagnóstico terrível. Uma verdadeira tragédia assola a nossa realidade educacional.
APAGÃO INTELECTUAL - 2
Vejam: 77% dos brasileiros jovens e adultos não são capazes de resolver problemas matemáticos que exijam mais de um passo para a sua resolução. Não sabem ler mapas, tabelas e gráficos. São analfabetos que se misturam com os 2% da população que já é completamente analfabeta em matemática. Enquanto é possível divulgar e conhecer esta realidade temos chances de resolver. Imaginem com o efetivo controle da imprensa. Aí não demorará e a nossa realidade será bem outra pela imprensa oficial, que vai evitar naturalmente que a sociedade saiba disto.
APAGÃO INTELECTUAL - 3
É por estas coisas que fico muito convencido de que as oportunidades de trabalho nunca deixaram de existir neste país. A tal - falta de emprego - deveria ser substituída pela - falta de qualificação mínima - para que haja trabalho em qualquer tipo de atividade. Você,por exemplo, está disposto a dar emprego para quem não sabe coisa alguma e sequer sabe consultar o calendário? Tem emprego para gente assim? Havendo ousadia dos governantes,procurando qualificar o povo e diminuir os entraves das leis trabalhistas,estejam certos: vai faltar gente para as vagas existentes.
DIRCEU SABE TUDO
A sociedade como um todo diz querer um BC independente. No entanto, basta que o BC anuncie que deve aumentar as taxas de juros, por motivos meramente técnicos, e pronto: todo mundo quer mandar no BC e dizer o que deve e o que não deve fazer. Todos se metem como se fosse no time de futebol do bairro. O ministro Dirceu, cujas tradições ideológicas o identificam como grande interventor, disse alto e bom som que não vê razões para a alta dos juros. Ora, se não vê é porque não conhece o assunto. Pode não gostar, mas não pode dizer o que disse. Provou, sim, que é um verdadeiro robô. Um robô ideológico e interventor.