REFORMAS
A história mostra, de forma muito clara, na maioria dos países do mundo todo, que só as crises fortes têm o poder de produzir o convencimento de que a saída se dá através de reformas econômicas e sociais. Mais: quanto mais bem feitas, maior será o sucesso da empreitada.
PRIVILÉGIOS
Arrisco a dizer que, no íntimo, esse "convencimento", mesmo que não seja admitido abertamente pelos afetados, passa, certamente, pela suas cabeças. O que é muito natural, pois não há quem goste de entregar de mão-beijada certos -privilégios- que foram obtidos ao longo do tempo (que nada tem a ver com -direitos-, mas sim aos -erros- cometidos pelos maus administradores).
ATRASOS E/OU PARCELAMENTOS
Pois, diante da crise financeira do Estado do RS, que está apenas começando, tenho observado, por exemplo, que vários sindicatos vêm se manifestando contrários a atrasos e/ou parcelamentos quanto ao pagamento da folha dos servidores públicos. Fazem uso, inclusive, do próprio Judiciário para exigir que o Executivo do RS pague suas contas em dia, sem dizer de onde devem sair os recursos.
FONTES
Ora, o problema financeiro do setor público gaúcho é mais do que velho e surrado. É sabido que ao longo dos últimos quatro ou cinco mandatos, os governantes que estiveram à frente do Executivo, ao invés de proporem reformas para solução dos problemas, só se preocuparam em descobrir -fontes- com recursos suficientes para poder pagar a folha dos servidores.
CALOTE
O que acontece agora, como era absolutamente previsível, é que as -fontes- secaram. Mais: além de não haver novas -fontes-, a conta das anteriores, que os governos lançaram mão de forma irresponsável (vide os casos dos depósitos judiciais, por exemplo) virou promessa de um sonoro calote em forma de precatórios.
PREOCUPAÇÃO ÚNICA
Como a preocupação dos governantes do RS tem sido, exclusivamente, a busca incessante de recursos para pagar a folha, e não administrar o Estado e muito menos esse problema, que leva ao descalabro financeiro, a situação chegou a um ponto que só pode ser definido como -tenebrosa-.
RECADO
Com os atrasos anunciados na semana passada espera-se que os gaúchos entendam, definitivamente, que, por enquanto, não há recursos disponíveis para pagar a folha em dia. Mais adiante saberão que os atrasos, inevitavelmente, serão por prazos maiores.
Quem sabe, a partir da consciência do tamanho da crise, se darão conta de que mais da metade da folha dos servidores é destinada a aposentados. Os quais, por força da -integralidade- e das leis absurdas, ganham mais do que se estivessem na ativa.
O recado quem dá é a dramática situação, gente: ou o RS passa por reformas (em várias áreas) ou a quebradeira será geral e devastadora.