MANCHETE ÚNICA
Em todos os jornais a manchete de hoje trata, basicamente, do mesmo assunto: o crescimento de 9% do PIB brasileiro no primeiro trimestre de 2010. Um avanço e tanto, mesmo considerando que a base anterior, sobre a qual é comparada, tenha sido muito baixa.
PREOCUPAÇÃO
Entretanto, mesmo entre manifestações de surpresa e de ufanismo, principalmente porque se trata de um padrão tipicamente chinês, um alarme de preocupação com o elevado índice apresentado foi disparado imediatamente pelos mais sensatos.
DESPROPORCIONAL
Sensatez significa entender com toda a clareza que a economia brasileira se apresentou ontem, no momento da divulgação do PIB, com um corpo cujo tronco cresceu desproporcionalmente em relação aos membros. A figura identifica uma clara atrofia nos braços e pernas, que representam a infra-estrutura do país. Ou seja, o país está aleijado.
POUPANÇA
O maior problema que vem dificultando cada vez mais a mobilidade do corpo brasileiro, mas não o único, está na baixa taxa de poupança. Sem recursos próprios, de longo prazo, não há como investir para poder movimentar adequadamente tudo que pretendemos produzir.
ALEIJUME
Esta baixa taxa de poupança é resultante da nossa alta carga tributária. O governo, ao arrecadar boa parte do que poderia ser investido, também não investe. Ao contrário: joga os recursos arrecadados em despesas correntes. Um crime de tal ordem que acaba de transparecer o lamentável aleijume.
SURPREENDIDO
Porém, enquanto a vibração pela alta do PIB é grande, e chega a provocar um sentimento de arrogância de quem se acha poderoso, o presidente do Senado, José Sarney, revelou ter ficado ?surpreendido- com a notícia de que o Senado decidiu recontratar uma empresa que foi multada pela Casa em R$ 4 milhões por deixar de pagar salários aos funcionários. Pode?
VIVA O BRASIL!
A tal empresa, que atua na área de limpeza e conservação, fechou um novo contrato por um ano ao custo de mais de R$ 1,2 milhão por mês. E Sarney, presidente da Casa, diz que não sabia. Os salários variam de R$ 852 a R$ 5,7 mil e o novo contrato ainda aumentou o número de terceirizados, de 740 para 1.272. Viva o Senado! Viva o Brasil, que só cria despesas, gente.