MERCADO FINANCEIRO
Nas últimas cinco décadas, mais do que sabido, o PIB brasileiro, na média, apresentou um crescimento sempre muito baixo. Este comportamento recorrentemente pífio fez com que o MERCADO FINANCEIRO mandasse no pedaço. Vejam, por exemplo, que as sobras dos recursos empresariais e pessoais eram imediatamente destinadas para a aquisição de títulos de crédito, cuja remuneração, para garantir ganho REAL, precisava ser apenas superior à TAXA DE INFLAÇÃO. Como se percebe, os brasileiros em geral usavam o mercado financeiro como instrumento de DEFESA, ou PROTEÇÃO, contra a INFLAÇÃO.
MERCADO DE CAPITAIS
Pois, a partir de 2019, quando o atual governo foi eleito, o MERCADO FINANCEIRO, face a uma substituição do modelo estabelecido no Programa de Governo, foi colocado em prática a queda sistemática das taxas de juros. Tal providência abriu um grande espaço para o crescimento e desenvolvimento do MERCADO DE CAPITAIS, onde boa parte da poupança foi desviada para INVESTIMENTOS. Isto se deu tanto pela compra de ações de empresas negociadas em bolsas quanto por aplicações em investimentos em novos negócios ou expansão dos já existentes.
CRESCIMENTO FANTÁSTICO
A evolução do MERCADO DE CAPITAIS, que começou pra valer em 2019, registra um avanço por demais relevante nestes primeiros meses de 2021. Vejam, por exemplo, o que diz a Exame-IN de hoje: em maio, as captações somaram R$ 55 bilhões – crescimento de 31,9% ante abril –, o que elevou o resultado do ano a R$ 198 bilhões, ou seja, 54,1% superior a igual período de 2020. A cifra com nove dígitos não deixa dúvidas de que o mercado ocupa hoje boa parte do espaço que, até o passado recente, era exclusivo do BNDES.
AINDA É PEQUENA
Mais: segundo José Eduardo Laloni, atual vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), a criação e diversificação de gestoras contribuiu para uma mudança também do perfil dos investidores. “Quando as operações eram dominadas basicamente por grandes bancos, não havia tanta diversificação de oferta de instrumentos para investir. E tampouco existia um leque ampliado de investidores. As plataformas digitais democratizaram os investimentos e agregaram mais investidores. O mercado cresceu, mas deve crescer ainda mais porque, apesar de o número de CPFs na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) ter se MULTIPLICADO POR CINCO, a Bolsa ainda não é condizente com o PIB brasileiro. AINDA É PEQUENA, pondera o executivo".
AGENDA DE PRIVATIZAÇÕES
Laloni chama atenção para o fato de a economia brasileira estar em recuperação no pós-pandemia, mas ainda não estar em recuperação plena. Para o investidor, isso faz diferença. “Temos mercado a ser desenvolvido com a agenda de privatizações e concessões. Novos emissores chegarão ao mercado e também novos investidores e essa perspectiva nos deixa otimistas. Hoje, o aplicador, sobretudo o jovem, sabe distinguir IPCA e margem de ganho e esse aprendizado veio para ficar.” Na prática, o investidor deixou de ser refém do antigo ‘overnight’ – uma versão bem antiga da taxa Selic.
IPOs E FUNDOS
Laloni vai mais adiante: - A diversificação de fundos, como imobiliário e de crédito para além da própria Bolsa, também contribui para maior equilíbrio dos mercados não apenas como fonte de remuneração para o investidor, mas também como fonte de financiamento de atividades setoriais. “O mês de maio é um bom exemplo. Depois de um abril sem ofertas primárias de ações (IPOs), maio registrou captação significativa. Se diminuiu a oferta de crédito, aumentou a de debêntures. Isso também significa menor concentração em empresas emissoras, o que é positivo. De novo, hoje o mercado é mais democrático”, acrescenta Laloni.
No mercado acionário, após abril sem registro de IPO, em maio as operações alcançaram R$ 10,3 bilhões, sendo que metade desse volume foi obtido com ofertas públicas iniciais. Com a divulgação de indícios de retomada da economia e o avanço da vacinação é possível que a tendência de que as emissões primárias se mantenham. Há cerca de R$ 8,4 bilhões de ofertas em andamento.
No caso das subscrições das ofertas de ações, mais da metade são fundos de investimentos, seguidos pelos investidores estrangeiros, com pouco mais de 35% de participação.
ESPAÇO PENSAR +
No ESPAÇO PENSAR + de hoje: A CABEÇA DO DRAGÃO, por Gustavo Miotti. Para ler acesse: https://www.pontocritico.com/espaco-pensar