ALÉM DA CORRUPÇÃO E DA MÁ GESTÃO
Por tudo que consigo acompanhar através das fantásticas REDES SOCIAIS percebo, com clara nitidez, que boa parte daqueles que ajudaram a eleger Jair Bolsonaro não decidiu seu voto apenas porque se dizia farto de tanta CORRUPÇÃO e explícita MÁ GESTÃO do setor público como um todo (Executivo, Legislativo e Judiciário).
PROGRAMA DE GOVERNO
As manifestações de RUA e nas REDES SOCIAIS evidenciam que muitos ficaram encantados com o PROGRAMA ECONÔMICO DO GOVERNO. Imaginavam, certamente, que as propostas ali colocadas dependiam apenas da vontade e da pressa do presidente. Assim sendo, não demoraria muito para que os bons resultados viessem a aparecer para ser bem desfrutados.
OFICIAL DO EXÉRCITO
O fato é que a intolerância demonstrada por muitos brasileiros se deve a um equivocado convencimento de que o chefe de governo (PODER EXECUTIVO) PODE TUDO, a QUALQUER TEMPO. Dão a entender, portanto, que ao eleger um oficial (reformado) do Exército Brasileiro, o mesmo teria CARTA BRANCA para operar, imediatamente, o seu programa de governo. Ou seja, o LEGISLATIVO e o JUDICIÁRIO deveriam apenas obedecer a vontade do presidente.
GOVERNO DE 1964
Tudo leva a crer que esta equivocada sensação decorre do período iniciado no ano de 1964, quando o povo, em massa, foi às ruas do Brasil todo para pedir a INTERVENÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS para impedir, a qualquer custo, o nítido avanço do comunismo no nosso empobrecido país.
SEM PRESSA
Assim, o povo em geral, muito por influência de boa parte da mídia que não esconde o quanto odeia o presidente, simplesmente não entende que Bolsonaro, diferentemente daqueles que governaram o Brasil a partir de 1964, não decide nada sozinho. Precisa que as decisões tomadas e/ou propostas sejam aprovadas pelo LEGISLATIVO, e pelo JUDICIÁRIO, que, decididamente, não tem muita pressa. Daí a demora na aprovação das REFORMAS e da vasta agenda de PRIVATIZAÇÕES.
DOIS TIPOS DE GASTOS
Mais: muito poucos sabem, por exemplo, como bem esclarece o texto do pensador Paulo Rabello de Castro, publicado no Estadão de hoje, 9/9, que no ORÇAMENTO DA UNIÃO há dois tipos de gastos: os ditos “OBRIGATÓRIOS” e os chamados de “DISCRICIONÁRIOS” – nome complicado, que significa serem estes os “passíveis de cortes”. Começa aí o drama de todos os últimos ministros da área econômica.
ABERRAÇÃO CONSTITUCIONAL
O Brasil gastador passou em lei a obrigatoriedade de todos os gastos que afetam as corporações e os Poderes. Puseram na Constituição uma aberração que só existe aqui, o “reajuste anual global” de todos os salários e subsídios no governo federal (artigo 37, inciso X da Constituição federal). Com essas três palavrinhas, o governo está rigorosamente proibido de governar.
95% DAS DESPESAS CONGELADAS
Em recente decisão – pendente de apenas um voto – na Suprema Corte brasileira, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmam o absurdo kafkiano da má governança pública no País. Os senhores magistrados estão para bater o martelo, proibindo que o governo use a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para ajustar o horário de trabalho e, portanto, as verbas remuneratórias da legião de funcionários públicos indemissíveis.
O STF, na prática, mandou o ministro da Economia retomar suas caminhadas no Leblon, já que em Brasília pouco lhe restou a fazer.
ATENÇÃO: O governo é gestor de um Orçamento 95% congelado por OBRIGATORIEDADES. Ou seja, o ministro Paulo Guedes só está autorizado a cortar os restantes 5%, que são, justamente, os gastos mais prementes, os dispêndios mais “produtivos”, pois representam investimentos em infraestrutura, a conta de luz na universidade, a gaze no hospital, o lápis na escola.