CRENÇA POPULAR
No Brasil, não sei se também acontece em outros países, muita gente crê que o mês de agosto é o mês do desgosto. Pois é. Quando o convencimento se dá por crença popular, o discernimento inexiste e pouco resolve ficar argumentando que o mês nada tem a ver com mazelas.
EQUÍVOCO
Como POLITICAMENTE INCORRETO confesso, só me resta o uso da ciência e do discernimento para tentar provar que as crenças estão equivocadas. Tudo que acontece neste mundo, salvo as tragédias da natureza, tem como responsável os seres humanos.
DUAS COISAS TÍPICAS
Como se sabe, o Brasil é único país do mundo que possui, no mínimo, duas coisas: a jabuticaba e a capacidade de fazer besteiras. Se a jabuticaba não é tão abundante, já as besteiras proliferam de forma impressionante. Inclusive, com requintes de muita maldade.
A PSIQUIATRIA NÃO ENTENDE
E, neste particular, todos os meses do ano são brindados com casos de arrepiar. Pior: todos contam com a passividade do povo. Aliás, um comportamento que sequer consegue ser explicado pelas escolas de psiquiatria mais avançadas do mundo.
PARA MANTER A CRENÇA
Pois, neste mês de agosto repleto de casos de corrupção e desvios de dinheiro público, os quais não param de bater recordes em termos de valores e de quantidade, até o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, entrou na competição dos casos de horror. Para tanto resolveu suspender a decisão em primeiro grau, que impedia que funcionários do Senado recebessem mais do que o teto constitucional, de R$ 26,7 mil. Pode?Creio que o Tribunal agiu assim mais para manter a crença de que o mês de agosto deve ser o mês do desgosto. Só pode.
CRIMES HEDIONDOS
Comparando este crime com o da morte da juíza, Patrícia Lourival Acioli, no RJ, nem as crenças populares explicam porque a sociedade brasileira só ficou alarmada e comovida com o primeiro.Pergunto: qual dos crimes é mais hediondo? Sem dúvida alguma é o do Tribunal, que autoriza o pagamento de salários acima do teto aos funcionários do Senado.
TODOS ATINGIDOS
Explico: enquanto o assassinato da juíza machuca diretamente a vida dos seus familiares, a decisão do Tribunal estupra a sociedade brasileira como uma todo. O povo brasileiro foi assaltado. Sem piedade. Se a existência do Senado, do jeito que funciona, já é pra lá de discutível, imaginem cometendo tantas barbaridades como esta. Aí é o fim.