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22 dez 2023

MENAGE À TROIS


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MEGAGE À TROIS

Anteontem, 20, destinei o meu editorial ao flagrante TRIÂNGULO AMOROSO formado pelo PODER EXECUTIVO, com Lula à frente; pela maioria dos ministros da SUPREMA CORTE; e pelo alto comando das FORÇAS ARMADAS. Diante de tamanha e escancarada HARMONIA, CUMPLICIDADE E TOLERÂNCIA, esta relação IDEOLÓGICA / AFETUOSA bem que merece ser chamada pela expressão francesa -MENAGE À TROIS-.   


ESCÂNDALOS CONSENTIDOS

Pois, para demonstrar que tudo é possível, permitido e muito saudado nos ambientes das três instituições, o ministro Dias Tóffoli simplesmente exagerou, sem ser minimamente incomodado, na arte de PRODUZIR ESCÂNDALOS, ao suspender a multa de mais de R$ 10 bilhões referente ao acordo de leniência da J&F. Mais: Tóffoli também deu acesso à companhia aos arquivos de mensagens vazadas entre autoridades e integrantes da Lava Jato, apreendidas na operação Spoofing. O episódio ficou conhecido como “Vaza Jato”.


CEREJA DO BOLO

Pois, a verdadeira CEREJA DO BOLO que abarca a decisão tomada pelo ministro Dias Tóffoli, embora nada tenha de surpreendente por conta da TOLERÂNCIA SEM FIM,  é o fato de que sua mulher, a advogada Roberta Rangel, presta assessoria jurídica para a J&F no litígio contra a empresa estrangeira Paper Excellence no processo de compra da Eldorado Brasil Celulose. Que tal? 


CUMPRIMENTOS

Se você, caro leitor, recebeu esta notícia com muita indignação e revolta, é muito provável que dentro do ambiente vivido pela turma do MENAGE À TROIS a decisão de Tóffoli nada tenha de ESCANDALOSA. Mais: é bem provável, inclusive, que o ministro esteja sendo efusivamente cumprimentado pela sua bárbara atitude.

A propósito, eis aí o que diz e pensa a respeito o jornalista J. R. Guzzo, no seu artigo -Tóffoli tem bons concorrentes no STF, mas há coisas nas quais é insuperável- , publicado ontem, 21, na Gazeta do Povo - 


ARTIGO DO J. R. GUZZO

O Supremo Tribunal Federal é hoje uma usina dedicada à produção de escândalos em série. É estranho. Em regimes de exceção, como o que o Brasil vive agora, o responsável-raiz pelo trabalho de demolir a ideia de justiça é, em geral, o ditador que está em serviço – o poder executivo. Aqui estamos introduzindo uma novidade na ciência política mundial. Quem tira proveito da violação sistemática das leis em vigor e dos direitos dos cidadãos é de fato o grupo de pessoas que ocupa o governo, mas seu braço armado é o STF. É assim na política. Os ministros cassam mandatos de parlamentares de oposição. Condenam a até 17 anos de cadeia acusados de terem participado de um quebra-quebra em Brasília. Anulam as leis que o governo não gosta. Mantém aberto um inquérito policial alucinante que investiga todo e qualquer crime, inclusive crimes que não existem em lei nenhuma, para perseguir inimigos políticos. É assim também na proteção aos corruptos e à corrupção – a asa negra universal das forças que mandam hoje no país.

Ninguém tem se destacado tanto nesta missão quanto o ministro Dias Toffoli – cuja realização máxima, em sua carreira jurídica, foi ter sido reprovado duas vezes no concurso público para juiz de direito. Há outros ministros tomando decisões em favor da roubalheira nacional, claro, mas ninguém parece ter atingido os níveis de produtividade de mais este nomeado de Lula. O homem é um fenômeno. Acaba de soltar um despacho livrando a empresa J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, de pagar 10 bilhões de reais de multa - derivada do “acordo de leniência” que fez com a Justiça para evitar punição, ainda maior, por prática de corrupção. Com o acordo, e em troca desses 10 bi, a Justiça concordou em encerrar cinco investigações criminais contra a empresa. Pior: a advogada que defende a J&F na causa é a mulher do próprio ministro Toffoli, Renata Rangel, e seu parceiro na defesa é o ex-ministro Ricardo Lewandowski, que acaba de se aposentar do STF. Para completar, o mesmo Toffoli tinha votado para eliminar a regra que proibia os ministros de julgarem casos defendidos por escritórios de advocacia de parentes. O resultado é que os processos de corrupção são cancelados e a J&F não paga nada.

É difícil encontrar tanta coisa obviamente torta num processo só, e com um juiz só, mas Toffoli é um homem de “superação”, como se diz nos cursos de autoajuda. Há pouco, em outra decisão do mesmo tipo, decidiu anular e declarar “imprestáveis” todas as provas de corrupção contra a construtora Odebrecht reunidas na Operação Lava Jato – confissões escritas dos corruptos, delações homologadas e devolução material de bilhões em dinheiro roubado. Na época, alegou que o Ministério da Justiça, a quem cabia a guarda da documentação proveniente do exterior sobre o caso, não estava encontrando os documentos necessários. Logo depois, com o barulho levantado, o ministro Flávio Dino disse que o papelório “apareceu” – mas aí Toffoli já tinha jogado tudo no lixo e livrado a Odebrecht. Resumo da opera: confissão do réu, quando se trata de ladroagem, não é prova, mas quando se trata do “Oito de Janeiro” não é preciso prova nenhuma para condenar os envolvidos. Basta, para o STF, a sua presença na “multidão”.


FELIZ NATAL

DESEJAMOS A TODOS UM FELIZ E ABENÇOADO NATAL.

 

Gilberto - Lúcia - Cristina