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21 set 2005

MAIS VELHA DO QUE A TOSSE


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IMPREVIDÊNCIA
O ministro Roberto Rodrigues fez uma forte declaração ao dizer que a crise do setor agrícola no Brasil é maior do que a crise mostrada pela falta de ética na política e em outras atividades. Tem razão o ministro, embora deveria dizer também que adoramos demais conviver com o risco. Um país que prefere vender commodities, e teima em agregar pouco valor aos produtos vai, com muita certeza, viver sempre muito perto das crises. A imprevidência é uma grave doença que os brasileiros do setor agropecuário não querem curar, infelizmente. Esta evidência já é mais velha do que a tosse.
O PREÇO E O VALOR
O exemplo da Alemanha, só para ficar com este, é fantástico e esclarecedor. Mesmo que não produza um pé de café sequer, se transformou na maior exportadora de café embalado e pronto para o consumo. É a melhor forma para definir o quanto é importante agregar valor. As commodities, gente, são o que de mais barato existe. Por isto elas têm preço no mercado. Já a elaboração do produto, a partir da commodity, da matéria prima, é o que transforma o tal preço em valor.
ESPÍRITO COLONIALISTA
Ao elegermos um produto para o nosso consumo, nós estamos pagamos por uma série de coisas e serviços agregados a ele. A matéria prima empregada, mesmo pesando relativamente mais na composição do produto final, é aquilo que pesa menos no custo da mercadoria vendida. Isto, infelizmente, nós não aprendemos ainda. Aqui, basta o preço das commodities despencarem e já estamos fritos. É o velho espírito colonialista impregnado nas mentes dos produtores, apesar de não aceitarem o termo. Mas é a pura verdade.
O FURO É MAIS EMBAIXO
A coleção de fracassos que o governo Lula anda colhendo com a péssima política externa empregada é de lascar. Muita gente até atribui tantos insucessos às questões morais e éticas, aonde o governo vem mostrando grande capacidade e maestria para fazer falcatruas. Não creio nisto, embora estas coisas acabem sempre pesando bastante e até ajudem para nortear as decisões tomadas nas reuniões de cúpulas internacionais.
QUESTÃO DE PRINCÍPIOS
Como os países que nos observam e competem, cada um com seus interesses, não são bobos, as razões para votarem habitualmente contra o Brasil estão ligadas a outras coisas. O que mais pesou até agora foi a aproximação complicada e perigosa de Lula, Dirceu, Marco Aurélio Garcia e outros tantos petistas, a Fidel Castro e Hugo Chávez. A ALCA, meus caros, nunca esteve nas pretensões do PT. Já ficou claro que não se trata de dificuldade de negociação ou transposição de barreiras. É uma questão de princípio petista misturado com ódio e raiva. Não tem ALCA e pronto.
SENTIMENTO CLARO
Os gaúchos entendem perfeitamente este sentimento que me refiro. A Ford para o PT do Rio Grande do Sul foi assim. Em hipótese alguma a empresa poderia ficar no Estado. Pronto. Esta percepção petista chegou aos ouvidos e aos olhos do mundo, da mesma forma como a percepção de que o Brasil sempre apoiou, junto com seus amigos, a formação do Eixo Latino-americano do Mal. Espertos e bem avisados a tempo, os países vizinhos foram caindo fora deste desastre. E nós ficamos mal. Muito mal.