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09 set 2005

GRAÇAS AO AJUSTE MACROECONÔMICO


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SENSATEZ INESPERADA
Mesmo com um crescimento abaixo da média dos países latino-americanos, ainda assim precisamos festejar os pequenos avanços apresentados pela nossa economia. Gente, com toda a clareza: só não estamos pior no todo, graças ao ajuste macroeconômico feito nos últimos anos. Felizmente, o governo atual, apesar das críticas dos detratores de seu próprio partido, mantém a correta política econômica, que vem sendo firme, persistente e, o mais importante, continuada. Os sensatos jamais imaginaram que isto fosse possível no governo Lula. E os insensatos deploram o que ainda nos sustenta. A alegria, portanto, não é pelo crescimento que precisamos, mas pela credibilidade conquistada que deixou o setor privado bem mais confiante.
PLANOS FRACASSADOS
Não fosse a política econômica adotada pelo governo, qual seria a situação do Brasil, atualmente? Esta pergunta o mercado procura responder todos os dias. E, para tanto, leva sempre em consideração as pressões enormes e constantes que os mais diversos setores da economia fazem para que a tal política seja mais branda. Note-se que são as mesmas pressões, constantes, que desde sempre acontecem por aqui, e que explicam a inexistência de um plano econômico vencedor, entre tantos tentados, testados e fracassados.
O MAIOR PECADO
Os erros cometidos ao longo dos tempos, cá entre nós foram incontáveis, assim como a maioria dos planos também foram pífios. Mas, o maior pecado, sempre cometido em todas as tentativas, foi permitir que as causas dos nossos problemas permanecessem intactas. Mal preparados, e mal explicados, tanto os governos quanto os programas, sempre deram a entender que poderiam se resolver por si. Por isso os fracassos acabaram por ser debitados só aos planos, o que é um erro imperdoável. Como se isto não bastasse, a nossa paciência se esgotou sempre antes que algum resultado, por menor que fosse, pudesse aparecer.
PREMISSAS BÁSICAS
Hoje, felizmente, já não há espaço para planos econômicos. Vivemos uma fase mais voltada para políticas econômicas, as quais têm o compromisso sempre temporário de promover um controle efetivo da inflação e das contas públicas, e que possa nos levar a algum crescimento e desenvolvimento. Mas, de novo, não há política que, sozinha, seja capaz de dar solução aos problemas do país. Nós dependemos das premissas básicas para dar sustentação a qualquer programa de governo. Como negamos, dia após dia, o ataque às causas do nosso subdesenvolvimento, e da cura dos nossos problemas, sempre empurramos com a barriga o cumprimento destas premissas. Sem elas, é preciso que se entenda isto com urgência, os planos e políticas econômicas estarão sempre condenados ao fracasso. E mais: a cada dia que passa esta falta de solução aumenta mais ainda o custo-país, o que dificulta muito a equação da solução.
NÃO HÁ PLANO SEM CAUSA
Premissas são as reformas estruturais corretas para liquidar com as causas que nos mantém sempre no atraso e na pré-história. Causas estas que sempre nos levaram a fazer tantos planos econômicos idiotas e medíocres. Gente, anotem aí: não há plano sem causa. E no nosso caso isto está no plural: causas. Elas precisam ser atacadas para que não precisemos fazer novos planos, sempre destinados ao fracasso. E enquanto não houver este comprometimento de liquidar com a doença, deveria ser proibido o anúncio de novas medidas econômicas. A política atual, com Palocci ou qualquer outro à frente, depende das indispensáveis reformas. Enquanto elas não vêm, a política econômica precisa ser, no mínimo, duradoura, firme e austera. Mas uma coisa é certa: sem as tais reformas, e bem feitas, não há plano ou política que possa dar algum resultado positivo. Nunca.
PRESSÕES
O governo atual, como estamos carecas de saber, anda botando, exageradamente, os pés pelas mãos nas questões políticas. Deprimente também nas questões sociais, onde é assistencialista e mau gestor do dinheiro público. Na economia, com as suas limitações, ainda acerta mais do que erra. Graças ao ajuste macroeconômico, à política econômica e por não se submeter às pressões diárias dos segmentos da sociedade mais organizada. Estas pressões, que nunca se dirigem às causas, é que sempre impediram algum sucesso dos planos anteriores. Felizmente, desta vez, a pressão não atingiu a política cambial, onde o fantástico câmbio flutuante, ao sabor do mercado, continua prosperando. Idem quanto às taxas de juros, por estarem combatendo a inflação, coisa que sempre assolou este país. Resumo: pela primeira vez, depois de muitos anos, conseguimos ter uma política econômica mais firme, austera e prolongada. Que, é óbvio, não cura os nossos graves problemas. Precisamos, mais uma vez, é atingir, com precisão, as causas terríveis que nos impõem este sacrifício crônico.