EXCEDEU A TOLERÂNCIA
Ontem, quando o presidente do STF encerrou, com o seu voto, o primeiro capítulo do julgamento do Mensalão, fiquei com a impressão de que, desta vez, o grau dos crimes praticados pelos réus por ora condenados foi de tal ordem, que conseguiu exceder o nível de tolerância da maioria dos ministros do STF.
OS DOIS QUE DESTOARAM
Os únicos que destoaram, como se viu, foram os ministros Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, que optaram pela absolvição dos réus petistas. Se a decisão de ambos não surpreende, ao menos enoja. Muito. Mostraram que ao invés de julgar, preferiram se solidarizar com seus colegas e amigos petistas. Entretanto, ao absolvê-los deixaram claro que os roubos e desvios do dinheiro público devem continuar impunes e com valores cada vez mais altos.
NO BANCO DOS RÉUS
Aliás, a decisão tomada por ambos, diante de roubos absolutamente incontestáveis, sugere que, ao invés de ficarem sentados à mesa, junto com os demais ministros julgadores, o lugar que deveriam ocupar seria, junto com os amigos, no banco dos réus. Ficaria mais adequado, não?
DECLARAÇÃO DO PRESIDENTE DO STF
Como o povo não consegue acompanhar a maioria das manobras do governo, o presidente do STF, Carlos Ayres Britto, ao proferir o voto final desta primeira fase do processo de julgamento, fez a seguinte declaração, que deixou muita gente perplexa: - Um projeto de lei foi alterado propositalmente com o propósito de influenciar o julgamento do mensalão e beneficiar alguns dos réus.
TEXTO SINISTRO
O texto do projeto, como revela o jornal Folha de São Paulo de hoje, trata da contratação de publicidade por órgãos públicos. Só que, durante a sua tramitação na Câmara, o projeto foi alterado de forma safada e sinistra por deputados do PT e do PR, partidos que têm membros entre os réus. Pode?
REDAÇÃO MAQUINADA
Ayres Britto, com uma calma incrível porém severa, disse, alto e bom som, que a redação da lei foi INTENCIONALMENTE MAQUINADA para legitimar ação pela qual os réus eram acusados. O episódio citado, para quem não sabe, começou em 2008, quando o atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que naquela época ocupava o cargo de deputado federal pelo PT (obviamente), apresentou o projeto sinistro.
ATENTADO À CONSTITUIÇÃO
Para o presidente o STF, assim como para todos nós, que até agora não tínhamos esta clara informação trágica, a manobra é um ATENTADO VEEMENTE, DESCABIDO E ESCANCARADO à Constituição. A declaração, insisto, refere-se à lei 12.232, SANCIONADA pelo então presidente Lula, em 2010. Aquele mesmo, gente, que vive repetindo duas pérolas: 1- que o Mensalão não existiu; e, 2- que não saiba de nada. Este é o Cara que o povo brasileiro admira. Pode? Vamos, pois, ao SEGUNDO ATO.