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19 out 2023

FATORES CRUCIAIS


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FATORES CRUCIAIS

De forma resumida, o último relatório -Cyclical Outlook- produzido pela PIMCO, uma das maiores gestoras de investimentos em renda fixa do mundo, aponta como CRUCIAIS os seguintes CINCO FATORES que interferem no desempenho da ECONOMIA MUNDIAL nos próximos meses:

 

1- REDUÇÃO DA RESILIÊNCIA E DO ESTÍMULO FISCAL;

2- DESACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO E DA INFLAÇÃO;

3- POUSO SUAVE COMO -ANOMALIA-;

4- RISCO DE RECESSÃO MAIOR DO QUE OS MERCADOS PRECIFICAM; e,

5- POLÍTICAS MONETÁRIAS DIVERGENTES 


1- REDUÇÃO DA RESILIÊNCIA E DO ESTÍMULO FISCAL

A recuperação econômica deste ano foi em grande parte sustentada pelo ESTÍMULO FISCAL, com o déficit dos EUA aumentando e as famílias acumulando poupança considerável graças aos pacotes de ajuda relacionados à pandemia. Esse impulso parece estar se dissipando. 

A política fiscal norte-americana se tornará restritiva, enquanto a inflação elevada recente deteriora o valor real da riqueza, incluindo o excesso de poupança gerado pelos auxílios governamentais às famílias durante a pandemia. À medida que o estímulo fiscal se reduz, o impacto de uma política monetária mais restritiva aumentará. Qualquer estímulo fiscal adicional também pode ser limitado, devido aos ALTOS NÍVEIS DE ENDIVIDAMENTO e ao papel do estímulo pós-pandemia no aumento da inflação.


2- DESACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO E DA INFLAÇÃO

A ECONOMIA GLOBAL, puxada pelos Estados Unidos, mostrou notável resiliência apesar de um dos ciclos de aperto mais rápidos da história moderna, levantando dúvidas sobre a eficácia da política monetária. A PIMCO acredita que o crescimento já passou do pico e com isso espera que a resiliência se transforme em fraqueza à medida que o crescimento desacelere no final deste ano e em 2024. Ventos contrários fiscais - especialmente nos EUA - logo serão sentidos.

Mais: acredita que a política monetária ainda funciona, como demonstrado pela clara redução no ritmo de expansão do crédito e pelo aperto significativo nas condições de crédito bancário. Quanto a INFLAÇÃO, a PIMCO acredita que a inflação também já passou do pico e que é provável que uma INFLAÇÃO SALARIAL PERSISTENTE mantenha a inflação núcleo elevada por mais tempo, a menos que haja algum enfraquecimento no mercado de trabalho. Assim, prevê uma INFLAÇÃO NÚCLEO na faixa de 2,5%-3% nos EUA e na Europa no final de 2024. Antecipamos que a desaceleração do crescimento e o aumento do desemprego levarão a uma maior desinflação, informa o relatório.


3- POUSO SUAVE COMO -ANOMALIA-

Vale destacar a raridade histórica de os bancos centrais conseguirem um pouso suave - ou evitar uma recessão - quando a inflação é alta no início de um ciclo. 

Analisamos 140 ciclos de aperto nos mercados desenvolvidos desde a década de 1960 até hoje. Quando os bancos centrais elevaram as taxas oficiais em 400 pontos-base (pb) ou mais - como muitos fizeram neste ciclo, incluindo o FED, o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco da Inglaterra - quase todos esses casos resultaram em RECESSÃO.

Até agora, essas políticas conseguiram evitar uma recessão. Mas a história sugere que condições financeiras restritivas representam um alto risco de colapsos nos mercados financeiros, e há áreas vulneráveis nos mercados, como no crédito privado, no setor imobiliário comercial e em empréstimos bancários.


4- RISCO DE RECESSÃO MAIOR DO QUE O PRECIFICADO PELO MERCADO

Nossa hipótese básica implica em um crescimento abaixo do esperado e uma desaceleração da inflação.  Os mercados, e particularmente os ativos de risco, parecem estar precificados para um cenário de "desinflação imaculada", no qual o crescimento se mantém sólido e a inflação básica se ajusta rapidamente aos objetivos dos bancos centrais. 

Acreditamos que esses preços refletem complacência. Vemos que o crescimento das economias dos Mercados Desenvolvidos cairá em diferentes graus nos próximos trimestres, com as mais sensíveis às taxas de juro sofrendo mais. Europa e Reino Unido também parecem vulneráveis devido às suas ligações comerciais com a China e aos efeitos persistentes da crise energética sobre as trocas comerciais e o investimento.

O crescimento dos EUA também irá desacelerar, variando entre estagnação e leve recessão. Vemos que as taxas de desemprego aumentarão mais do que tanto o consenso quanto os bancos centrais preveem: cerca de um ponto percentual nos EUA e um pouco menos na Europa.


5- DIVERGÊNCIA NAS POLÍTICAS MONETÁRIAS

A extensão desta desaceleração prevista ainda é incerta e variará de acordo com as economias.  A queda relativamente gradual da inflação significa que é improvável que os bancos centrais intervenham rapidamente para impulsionar o crescimento. 

Em nossa opinião, os principais bancos centrais - incluindo a Reserva Federal, o BCE e o Banco da Inglaterra - estão no final ou muito perto do final de seus ciclos de aperto, mas provavelmente procederão com cautela ao cortar as taxas, dada sua missão de controlar a inflação. Vemos uma grande margem para divergência na política monetária. 

Economias mais sensíveis às taxas, como Austrália, Nova Zelândia e Canadá, que em geral têm maior endividamento das famílias e uma maior proporção de hipotecas com taxa variável, podem ser mais afetadas. Aí há a possibilidade de uma normalização das taxas mais rápida do que os preços de mercado sugerem.