NOVO REGIME FISCAL
O choque fiscal, tardiamente pretendido pelo governo, ou um novo regime fiscal para que as taxas de juros possam ceder de forma responsável e consistente, é possível no Brasil, embora totalmente improvável. Basta, como pretendem alguns heróis, na reunião que deve acontecer hoje à noite sob a batuta de Delfim Neto, buscar um consenso para aprovar o chamado déficit zero.
DECISÃO DIFÍCIL
Com esta difícil decisão, a qual deveria ter sido tomada há muitos anos, o governo poderia finalmente deixar de tomar todos os recursos existentes no mercado. O que levaria, sem dúvida alguma, para uma queda das taxas de juros a percentuais ínfimos e plenamente suportáveis. E junto com elas o risco país.
RECEITA MENOS DESPESA
Todas a vezes que o tal de superávit primário é mencionado na mídia fico cheio de arrepios pelo sentimento que o mesmo provoca na nossa pobre sociedade. Primeiro, porque é uma sociedade sem discernimento e extremamente ignorante em economia. Segundo, que os gastadores de plantão querem acabar com a economia feita e queimar tudo em ditos programas sociais que nada tem de social, mas de pura corrupção. E, terceiro, que ao lembrar o superávit primário e imaginar que estamos curados dos males que nos afligem, esquecem que persistimos no déficit nominal, que é o resultado real das nossas receitas menos despesas.
CORTAR DESPESAS
Não sei porque as despesas financeiras do país, com a necessária rolagem da dívida interna, deixam de ser consideradas sempre na exposição do déficit. O superávit primário, por maior que tenha sido, não satisfaz a nossas despesas com juros e financiamento do governo. E é exatamente isto que deverá ser discutido para tentar o déficit zero. Ou seja, cortar as despesas a ponto de caber tudo no orçamento. As receitas devem e precisam cobrir as despesas todas. E não só uma parte delas, a ponto de aumentarmos sempre o nosso poderoso endividamento.
TIRANDO O MONSTRO
Se houver vergonha na cara e o déficit zero realmente venha a acontecer, a situação poderia mudar de forma espetacular. Sem o Estado para ficar com toda a poupança disponível, sobrarão recursos para investimentos. O setor público deixando de ficar com todo o dinheiro existente no mercado irá promover um salto de desenvolvimento. E os juros, pela retirada deste monstro tomador, cairão pela continuidade da oferta maior dos aplicadores. Só falta uma coisa: me belisquem, para ter certeza de que estou acordado.
ACABAR COM O SENADO
Para contribuir com esta necessária redução drástica de despesas e tornar viável o déficit zero, Roberto Jefferson deu uma boa pista. E aproveito para dar outra. Diminuir o número de três deputados por Estado, como defendeu Jefferson no seu depoimento, já seria fantástico, além de absolutamente necessário. Pois vou além. É preciso acabar também com o próprio Senado. Se alguém me apontar uma razão para a existência deste monstro público, que atire a primeira pedra.