AS RAZÕES
Entre tantas razões apontadas pela FIERGS -Federação das Industrias do RS-, para o momento preocupante que o RS está passando, estão: a estiagem, a queda do dólar, a alta dos juros nominais e a restrição do crédito do ICMS aos exportadores. Muito bem. Vamos, então, verificar quem é responsável pelas razões apontadas:
1 - ESTIAGEM
Para este fenômeno, a natureza é a responsável. E a sociedade, por não querer compreendê-la. Tanto é verdade que muito pouco se protege de alguma forma contra fenômenos naturais. Lembro bem que, em novembro de 2004, cheguei a escrever sobre as previsões meteorológicas, para o sul do Brasil, divulgadas em Washington, EUA, que mostravam uma seca forte para os meses de janeiro e fevereiro de 2005. Os nossos produtores preferiram apostar numa melhor sorte climática. Resultado: os americanos é que são os culpados, certamente, por fazerem previsões catastróficas para nós. Ou, por ?secar? o Brasil.
2 - DÓLAR
A queda do dólar frente ao real tem o mercado como responsável e a sociedade como desconhecedora das forças do mesmo mercado. Acomodadas desde o período Colonial de que o governo é quem deve fazer o hedge de tudo, deixou de compreender o sistema de flutuação da moeda como já percebia a flutuação dos preços das commodities. Por isso jamais deixou de considerar este fator no cálculo dos custos.
3 - JUROS
Embora já tenha repetido diversas vezes, volto a afirmar: os responsáveis pelos juros altos foram todos os governantes do século passado e deste. O tamanho da dívida governamental que se reflete no risco-país é hoje o motivo do patamar atingido. Se deixar de ser calibrado, a emissão de moeda e seu custo será maior do que a alta da Selic. Para o setor industrial ( investimentos) e rural (custeio) os juros são extremamente baixos a considerar os créditos para a agricultura e as taxas do BNDES.
4 - CRÉDITO DO ICMS
O grande e único responsável por este crime é o Governo do Estado do RS. Os empresários foram apunhalados de forma tão violenta neste item, que os novos investimentos já estão sendo transferidos para outros Estados. Alguns já se tem notícia, como é o caso da Doux. Outros preferem o silêncio para não serem perseguidos. O fato é que perdemos o charme de exportadores e nunca ganhamos o mesmo para vender ao mercado interno. Principalmente pela nossa má posição geográfica.
O CASO VARIG
A legislação brasileira não permite que acionistas estrangeiros detenham mais de 20% do capital votante das companhias aéreas. Esta limitação não significa, no entanto, que quem possua este percentual não seja o maior acionista de uma empresa. Basta que os demais, que somam 80% do capital votante, não tenham posição igual ou superior a 20%.
CONTRATO DE GESTÃO
Além disso, mais importante do que ser acionista controlador, é ser o gestor da empresa. E isto é possível desde que haja um acordo de acionistas. Eles podem assinar um Contrato de Gestão, definido em Assembléia, que dão os competentes poderes para os gestores. O que os interessados em investir na Varig estão querendo, e com toda a razão, é ter nas mãos o comando, o poder de administração, ou seja, o gerenciamento e a decisão sobre os destinos da empresa. Os credores também querem.