Artigos

03 jan 2005

ANO NOVO, ATITUDES ANTIGAS


Compartilhe!           

SAÚDE E DINHEIRO
Desde o início da nossa civilização, a cada ano novo que entra é natural e automático o desejo, entre amigos e familiares, de que o novo período seja feliz e cheio de realizações. E todos pedem e desejam, em primeiro lugar, que sejam brindados com muita saúde. Dinheiro vem imediatamente após, e para tanto a cor amarela nas roupas já identifica esta vontade e expectativa.
VIRADA FESTIVA
Nesta virada de ano, a impressão que tive, no litoral norte do RS, é de que os festejos foram mais acentuados, sugerindo que os resultados alcançados em 2004 foram muito bons, e que a repetição, com mais alguma coisa em cima, aconteça novamente. Concordo em gênero, número e grau. E desejo que todos recebam o seu quinhão de suas pretensões.
PT PRÓ-MERCADO
Aliás, tomando por base a entrevista concedida pelo ministro Palocci no final de 2004, creio que poderemos ter, em 2005, um ano ainda bom ou cheio de esperanças. Para começar, e por incrível que pareça, o Brasil está completamente de cabeça para baixo. Estamos presenciando, com muita surpresa, uma grande inversão de posições na condução da nossa economia. O PT passou a ser pró-mercado enquanto que os demais partidos se mostram cada vez mais pró-estado, ou estatizantes. Incrível. Isto ninguém esperava e muito menos tão rapidamente. Observem:
O PT E OS DEMAIS PARTIDOS
1- As PPP já poderiam ter acontecido em outros governos, mas só o foram no governo Lula; 2- A Lei de Falências, depois de ficar um século dentro do Congresso, idem; 3- O risco-país, depois que o próprio PT colocou nas alturas, pelas mãos do próprio PT caiu ao menor nível da história; 4- O PT também foi mais sensível e reduziu o IR sobre aplicações financeiras e investimentos, cujas taxas menores já estão em vigor; 5- Com o PT, o BC está cada vez mais independente; 6- Para confirmar tal independência, o cambio está só flutuando, a inflação está monitorada como nunca e os juros atendem às vontades técnicas do COPOM e suas necessidades macroeconômicas. Chega, não?
A ENTREVISTA DE PALOCCI
Quando ouvi e li a entrevista concedida pelo ministro Palocci, no final de 2004, percebi que os outros políticos (de todos os partidos) preferiram o atraso, e o PT de Lula o avanço. Entre tantas coisas inteligentes, não me esqueço de duas coisas absolutamente lógicas ditas por Palocci: impostos devem significar benefícios à sociedade, nunca prejuízos. Entendeu, Sr. Rigotto? E outra: o tempo de repasse da Lei Kandir já passou. Os governadores não fazem o que devem e não querem uma solução definitiva. Têm medo de promover mudanças no ICMS, que deve ser cobrado no destino.
COMPENSAÇÕES
Assim como alguns governadores mais afobados e grandemente equivocados querem e exigem compensação pelas exonerações das exportações, os empresários e entidades gaúchas, bastante contrariados e onerados com o aumento do ICMS promovido pelo governador Rigotto, deveriam usar o mesmo expediente da compensação para corrigir o aumento do tributo. Explico: os eleitos para o Executivo e ao Legislativo nunca descuidam de pedir contribuições para suas campanhas eleitorais. Agora, depois de eleitos resolveram cuspir no prato que comeram, quando decidiram pelo aumento do ICMS. Creio e sugiro que, na próxima eleição, o recurso sempre fornecido aos candidatos seja usado para pagar o tributo. Não é esta é escola do governador e de seus seguidores? É, pois, hora de aprender a fazer compensações. Que tal?
VONTADE DE SOFRER
Pensando bem, a cada dia fica mais evidente que a sociedade gaúcha adora pagar mais imposto. Primeiro, porque nunca se convence daquilo que o Estado deve fazer. Segundo, que está plenamente convencida de que o Estado deve ser empresário. Gente, já foram apresentados todos os tipos de cálculos e projeções que provam o quanto custam as empresas públicas e a máquina estatal. Está mais do que claro e límpido, e ninguém mais contesta, de que o custo dos monstrengos públicos é infinitamente maior do que o lucro que os mesmo apresentam ou que até poderiam apresentar.
ADORAÇÃO POR IMPOSTOS
Pois, ainda assim, preferem pagar pelo prejuízo ao invés de se desfazer dos demônios. Pode? É incrível, mas qualquer pesquisa identifica que a maioria dos gaúchos adora estatais. As respostas mostram que vivem se lamentando e até se mostram revoltados por algumas empresas terem sido vendidas, o que demonstra que gostam de pepinos. Você acha isto incrível? Pois é, mas é a mais pura verdade. Uma cultura inexplicável de querer sofrer sem parar. Gente, privatizar ou se desfazer de fábricas de rombos é palavra proibida por aqui. Vão gostar de impostos assim lá no inferno.