ANALISTAS FAKE
No dia 2 de junho, tão logo o IBGE divulgou que o PIB brasileiro havia crescido 1,2% no primeiro trimestre de 2021, escrevi o editorial - ANALISTAS DE ARAQUE-. Lá atrás, já se foram 5 meses, apontei o quanto os boletins emitidos por quase todas as instituições financeiras do país estavam equivocadas, pois quase todos, como que de forma -combinada-, projetavam um crescimento de 0,8%. Ou seja, a taxa informada pelo IBGE ficou 50% maior do que mostrava a trincada BOLA DE CRISTAL DO MERCADO.
AGENTES DO PÂNICO
Pois, passados exatos 5 meses, devo reconhecer que os AGENTES DO PÂNICO não cometeram qualquer equívoco. Tudo que fizeram foi INTENCIONAL, com o nítido propósito de desestabilizar o governo e com isso fazer com que poupadores e investidores sigam acreditando, piamente, que a complicada situação -fiscal- das contas públicas, assim como da alta dos índices de inflação, tem como único responsável o Poder Executivo.
PROVADO E COMPROVADO
Em nenhum momento, mais do que provado e comprovado, o SETOR FINANCEIRO se posicionou e/ou pressionou o Poder Legislativo com o propósito de incentivar e exigir a aprovação de inúmeros outros projetos que certamente levariam a um extraordinário crescimento do nosso PIB. Isto indica, claramente, o quanto algumas instituições financeiras não apoiam as soluções que colocam o nosso empobrecido Brasil na rota do crescimento e do desenvolvimento.
PALAVRA DO GESTOR
Pois, ontem, para minha grata surpresa, recebi um ótimo texto mostrando que nem tudo está perdido. Existem, sim, ANALISTAS SÉRIOS, do tipo que produzem conteúdos que mostram a clara situação econômica, financeira e fiscal do nosso Brasil. É o caso da coluna -PALAVRA DO GESTOR-, que é publicada mensalmente pela Agência CMA e
escrita por Raphael Juan, sócio fundador da BBT Asset Management, responsável pela gestão de portfólios e corresponsável pela área de gestão de risco e
trading. Leiam a última coluna, com o título -SERÁ QUE BRASÍLIA SABE DISSO?- e tirem suas conclusões:
DÉFICIT PRIMÁRIO
Os recentes dados da situação fiscal brasileira mostraram novamente uma surpresa positiva, e o Brasil é o país, entre os relevantes, que mais reduziu seu déficit primário no último ano. E por que será que foi o mercado financeiro que mais sofreu com a desvalorização de seus ativos domésticos? A resposta está no ruído político que tivemos ao longo deste ano. O mercado não tolera um cenário desconhecido, com risco de elevação da dívida pública e a gota d'agua foi a proposta do novo Auxílio Brasil em R$ 400,
furando assim o teto de gastos.
A consequência foi uma precificação da taxa Selic acima dos 12% para os próximos 10 anos - ou seja, o mercado precificou uma crise financeira, em que a dívida pública ficará desgovernada, gerando inflação contínua com necessidade de manter a Selic nas alturas.
O MERCADO É SOBERANO
Discordamos deste cenário, pois parece que esquecemos das conquistas relevantes, como é o caso do próprio teto de gastos, mostrando que um desgoverno das contas públicas gera impeachment do presidente, ou mesmo a reforma da Previdência, banco central independente e gostando ou não um Congresso que é pressionado junto à população a fazer uma gestão pública consciente e que os efeitos destrutivos da inflação geram uma opinião pública negativa. O Brasil nunca pulou no precipício e não será agora que nos tornaremos uma Venezuela ou Argentina, e já passamos por isto algumas vezes.
Tudo o que precisamos neste momento é uma demonstração concreta de que não teremos aumento permanente da despesa pública e que existe uma âncora fiscal para que os preços dos ativos domésticos voltem à normalidade e a seus fundamentos econômicos.
Quase 50% de nossa carteira está em títulos de renda fixa marcados a uma rentabilidade de 12,5% ao ano. Porém com a alta contínua da curva de juros futura, estes títulos sofrem com a marcação à mercado, até que tenhamos um novo patamar de juros, prejudicando a rentabilidade no curto prazo, mas garantindo uma rentabilidade futura que não existe em outro mercado de renda fixa mundial.
Continuamos alocados com uma parcela em empresas estrangeiras e moeda forte como o dólar, totalizando quase 20% do portfólio.
Mesmo que o momento seja de aversão a Bolsa brasileira, continuamos posicionados com uma parcela importante, uma vez que os números continuam mostrando resiliência das empresas investidas e sem danos causados pelo aumento da inflação. As empresas vêm repassando preços aos clientes finais, as margens continuam saudáveis, com crescimento de receita e lucro, fazendo com que os múltiplos das ações fiquem ainda mais baratos.
Temos "cases" no portfólio, onde o caixa da empresa representa 70% do valor de mercado. Muitos investidores não estão fazendo conta e estão seguindo os movimentos de manada. O mercado apresenta um modo irracional, saindo a qualquer preço, pressionando todos os ativos. A descrença no governo é total, independente dos dados divulgados.
As incertezas das ações do governo para o próximo ano e o compromisso como ajuste fiscal são os principais motivos pelo atual nível de preço dos ativos domésticos. O governo tem se comunicado muito mal em relação ao orçamento de 2022, e conseguiu transformar um cenário de recuperação fiscal surpreendente, em um cenário de risco.
Com a volta do CDI devido à alta inflação, o investidor que vem sofrendo com a marcação a mercado corre para a renda fixa. O problema é que desta vez a inflação é temporária até que haja uma reestruturação das cadeias produtivas. Em conversa com diversas empresas dos setores afetados pela falta de insumos e problemas logísticos, estes demonstram uma melhora nos estoques e os problemas deverão estar equacionados até meados do primeiro trimestre de 2022.
Não haverá necessidade em manter um juro tão alto por tanto tempo. O mercado, como sempre, se moverá na frente e irá precificar uma queda da Selic, beneficiando ativos de risco. O investidor não pode "correr atrás do rabo". Como sempre dissemos, investimento é de longo prazo e como diz o megainvestidor Warren Buffet: "Se você não consegue controlar suas emoções, você não pode controlar seu dinheiro".
Continuamos com um plano claro, apesar dos péssimos resultados de curto prazo. Existe muito dinheiro na mesa e oportunidades que aparecem poucas vezes
na vida.
AMBIENTE MACROECONÔMICO
O setor público brasileiro apresentou superávit de R$ 12,9 bilhões em setembro, surpreendendo o mercado. A surpresa veio dos governos regionais, refletindo uma melhora na arrecadação. A dívida bruta avançou para 83% do PIB e a dívida líquida cedeu para 58,5% do PIB. Números mostram forte retomada da arrecadação pública, beneficiando o resultado das contas públicas no curto prazo.