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16 set 2004

A SOCIEDADE DIVIDIDA


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OS SATISFEITOS E OS FRUSTRADOS - 1
A sociedade brasileira está claramente divida entre satisfeitos e frustrados. Ambos estão perplexos, pois sem mudar o numero dos divididos, houve uma inversão de posição. Os satisfeitos, que representavam o grupo dos frustrados antes das eleições, não estão tão confiantes. Já os felizes de ontem passaram a ficar frustrados depois das eleições. Alguns disfarçam mas não escondem tal decepção. Eu estou entre aqueles que, incrédulo com o que estou assistindo, pela lógica da condução da política macro-econômica, continuo cheio de desconfiança. Tento ser mais confiante, mas, sinceramente, não consigo. O que me leva a ser desconfiado é a falta de felicidade de parte dos que compõem o governo Lula.
OS SATISFEITOS E OS FRUSTRADOS - 2
O governo vem tomando medidas corretas sob o ponto de vista do capitalismo, muito embora estejamos longe de sermos uma nação capitalista. Mas decididamente não mostra convicção e satisfação com o que vem fazendo. Mostra, antes de tudo, que os petistas estão sofrendo. Quem votou neste governo está frustrado. Quem não votou, embora esteja surpreso e satisfeito, está sempre desconfiado de que uma guinada pode ser dada a qualquer momento. É uma questão de índole, gente. E neste particular alguma coisa sempre pode acontecer para mudar o jogo, transformando os satisfeitos em convencidos de que esperavam isto mesmo do governo. E os frustrados em mais convencidos ainda de que votaram certo. E que tudo era só uma questão de tempo.
TENSÃO PÓS COPOM - 1
A TPC - Tensão Pré Copom ? , assim batizada pelo presidente Lula, acabou se transformando numa outra TPC. A - Tensão Pós Copom -. As declarações dos empresários e economistas de plantão (sempre os mesmos que já ficam à disposição dos jornais e emissoras de rádio e televisão), foram mais uma vez ridículas. Penso que estão se mostrando muito mais contrariados do que convencidos do que dizem sobre o comportamento da economia, que pode sair prejudicada com a elevação mínima dos 0,25 pontos percentuais.
TENSÃO PÓS COPOM- 2
O novo presidente da Fiesp, precisando aparecer como tal, chegou a ponto de dizer que só existe autoridade monetária no país. Falta, segundo ele, uma autoridade produtiva. Fantástico, não? Pois é exatamente por isto que subiu a taxa Selic. Porque temos uma autoridade monetária. A produtiva deveria existir a partir da Fiesp, ou seja, exclusivamente da iniciativa privada. Antes de fazer declarações bobas, o empresário deveria ter observado que o risco-país recuou ontem por entender que finalmente há uma autoridade monetária que não brinca com inflação.
TRANSGENIA POLÍTICA
O Senado já tem uma boa razão para votar a Lei de Biossegurança: evitar que a ilegalidade vença no Brasil. Os produtores, pelo que se sabe, já se decidiram que, com ou sem lei, os transgênicos serão plantados mesmo. Portanto, é votar ou votar pela aprovação e pronto. O que deveria acontecer, tão logo a Lei seja sancionada, é uma grande modificação genética na cabeça dos nossos parlamentares. Precisamos urgentemente de uma boa espécie de políticos mais resistente à enorme vadiagem e dos que cuidam só de seus interesses. Uma espécie que resulte em maior produção e produtividade de coisas boas e notórias para o nosso desenvolvimento. Que seja lento e desinteressado para analisar o que não presta e rápido para decidir o que é preciso. Que os laboratórios criem esta semente.
PRODUTORES JURÁSSICOS
A coletiva de imprensa promovida pela Sonae, na ExpoAbras 2004, com os produtores de vinho que lá estava como convidados da rede, mostrou que alguns empresários do setor vinícola têm uma cabeça mercantilista. Melhor dizendo: jurássica. Na tentativa de quererem vender mais, acabaram usando a coletiva para se declararem contra a concorrência dos vinhos vindos do exterior. Lamentável. Chegaram a insinuar que o governo deveria impedir a entrada de vinhos de baixa qualidade e que, para tanto, precisariam ter mais tributação. Ora, ora, quanta besteira. Qualidade é uma questão de decisão do consumidor pelo efeito comparativo. O governo não tem nada a ver com isto. Chamar o interventor é impedir a concorrência e favorecer o mercantilismo, o nacionalismo. Que façam produtos que agradem o consumidor e pronto. Deixem que estes avaliem e comprem o que quiserem. Educar é que deve ser feito, Impor, nunca. Os produtores precisam tomar muitas aulas de capitalismo. O Sonae não deve ter gostado do comportamento destes produtores. Com razão.
MERCADO DE CAPITAIS
Nenhum país entrou (ou entra) em desenvolvimento econômico sem um mercado de capitais forte. A afirmação foi feita pelo auditor da Bovespa durante o curso - O Mercado de Capitais para Jornalistas -, que está sendo realizado pela Ajoergs (Associação dos Jornalistas de Economia do Rio Grande do Sul) e Bovespa, em Porto Alegre. Conforme o auditor , o mercado de capitais é importante forma de captação de recursos para novos investimentos gerando aumento da produção e novos empregos sem a participação de governos. Amém. Espero que os jornalistas tenham entendido a lição. E repassem a informãção e o conhecimento. Tomara.
ALEGRIA EM VELÓRIO
O aniversário do Grêmio (101 anos), ontem, foi uma festa fúnebre para a sua torcida. Já é sabido e aconselhável que em data de aniversário, o máximo permitido é um jantar de comemoração. Tudo que possa representar uma boa confraternização. Jogo festivo já é considerado de grande risco para estragar a festa, principalmente quando a equipe anda de mal a pior. Jogo de competição oficial, então, nem pensar. Um resultado adverso vai, incontestavelmente, para os anais do clube. Pois não é que, por ironia do destino, a data de aniversário acabou coincidindo com a realização de um jogo valendo pela Copa Sul Americana, onde o adversário classificado para tanto foi, nada mais nada menos do que o tradicional adversário do Grêmio, o S.C. Internacional? Ambos estão vivendo um período triste pela falta de futebol, mas o Grêmio consegue estar pior. Está liquidado. E aí só podia mesmo acontecer uma tragédia: a derrota. Por dois a zero. Conclusão: num jogo entre duas equipes muito ruins, aquele que perde fica ainda mais arruinado. Foi o que se viu de fato.De tão ruim que está o Grêmio, passou a impressão falsa de que o Inter até joga alguma coisa. A data, enfim, só serviu para, além de promover uma enorme infelicidade para os torcedores do Grêmio, que a torcida do Inter pudesse se divertir, coisa que não vinha conseguindo há muitos jogos. Parabéns ao Grêmio, que apesar de aniversariante infeliz, conseguiu uma proeza, ou seja, dar alguma alegria ao velório do Inter.