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VOLTANDO ÀS CONTAS DO RS - 10.04.24


Por Ricardo Hingel - Economista

 

Em 2022, apenas aqui na Zero Hora, assinei dois artigos criticando os termos aceitos pelo Estado ao renegociar a dívida junto à União, pelos termos então assumidos, quando não contestou o valor cobrado pela União, gestando uma dívida cara e impagável. Priorizando o desafogo nos pagamentos dos primeiros anos, postergou e ampliou a dívida ao longo dos dez primeiros anos, nunca tendo informado quanto efetivamente custaria aos gaúchos tal renegociação, assumindo passivamente uma dívida de R$ 74 bilhões.

 

Nos dois artigos referidos, expressei literalmente que “futuras negociações não serão surpresas” ou que “em não muito tempo voltaremos a renegociar”.

Em ano eleitoral, a renegociação com a União foi mostrada como “façanha” assim como um propalado “equilíbrio” das contas estaduais, que sem a existência de recursos de privatizações e transferências federais maciças por conta da pandemia, não teria ocorrido.

 

Como o tempo é senhor da verdade, rapidamente essas realidades se impuseram.

No que tange à dívida, vê-se um movimento de governadores tentando uma negociação com a União e, grave, o governador gaúcho justifica conforme seu comentário ao presidente Lula que “ao longo do tempo a dívida acabou tendo soluções paliativas(...)”, o que certamente inclui a negociação assinada por ele em 2022 e que foi levada à sociedade e às classes políticas e empresariais como solução definitiva e não paliativa(...). Confirmou meus artigos.

 

Conectado a isso está o também propagandeado “equilíbrio fiscal”: nesse sentido vale atentar para as explicações da secretária da Fazenda estadual quando, ao relatar o desempenho das contas de 2023, exibiu um superávit de R$ 3,6 bilhões. Porém, ao analisar os dados, explicou que para isso ocorreram R$ 6 bilhões de receitas extras, da privatização da Corsan (R$ 4 bilhões), receitas de compensação do ICMS, repassadas pela União (1,4 bilhão) e mais R$ 627 milhões de rendimentos do Caixa Único. Sem isso, segundo a secretária, teríamos tido um déficit de R$ 7,2 bilhões, mesmo com um crescimento nominal da arrecadação de R$ 1,5 bilhão.

 

Na realidade imposta, a dívida e o equilíbrio fiscal inconsistente, levaram à obsessão do governo estadual em aumentar impostos, com aumento do ICMS ou então retirando incentivos, o que a sociedade não agradece.


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Qual o problema dessas pessoas? - 04.04.24


Por Percival Puggina
 

           Quantas horas no sofá assistindo à Globo são necessárias para levar um ser humano a esse estado de atrofia emocional?

         Minha esperança no Brasil perdeu alguns palmos de amplitude quando li no site do Senado que o placar da pesquisa on line sobre o projeto de anistia do senador Mourão contava 540 mil votos a favor e 532 mil contra. Meu Deus! O que tantos filhos teus têm na mente ou no coração que são capazes de achar de boa justiça sentenças de 14 a 17 anos de prisão para os capturados nos arrastões dos dias 8 e 9 de janeiro de 2023? Passou-lhes pela cabeça que aquelas pessoas – cuja imensa maioria estava pacificamente na praça manifestando opinião num ato de presença – têm família e têm direitos? Que efeitos daninhos produzem nas mentes essa política desajuizada e essa justiça politizada, que tomam para si tanto dinheiro e proteção? E note-se: são os mesmos cidadãos que, de repente, surgem cheios de amor para defender o desencarceramento de bandidos condenados por juízes com a cabeça no lugar!
 
Esses mesmos que aplaudem com as mãos as condenações em massa, prisões preventivas sem fim, sigilos e espalhafatos do STF afirmam, com a lógica dos cotovelos, que “no Brasil se prende demais”, exceto se os presos forem adversários, bolsonaristas “da direita” ... Como consequência, o Brasil, hoje, tem mais presos políticos do que Cuba. Do que Cuba! Devem achar que os companheiros do regime cubano amoleceram; contudo, “hay que endurecerse”, como receitou seu bem amado Che Guevara.


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EXISTO, LOGO PENSO - 03.04.24


Por Dagoberto Lima Godoy

 

René Descartes revolucionou o pensamento ocidental com a frase “Penso, logo existo”. Não sei se o genial pensador (nas meditações que costumava fazer deitado em sua cama) terá se perguntado: “E existo, para quê?” .
Inúmeros pensadores -- religiosos, místicos ou laicos -- identificam o sentido da vida humana com a busca do bem (seja este circunscrito à vida terrena, seja projetado numa dimensão transcendental), mediante o aperfeiçoamento intelectual ou espiritual. Para a maioria das pessoas, entretanto, o objetivo de suas vidas é ser feliz, embora seja enorme a dispersão de opiniões quanto ao conceito de felicidade. Em geral, só nas situações de total desespero ou acentuado cinismo é que se vê uma pessoa negar sentido à sua existência (ou à do universo).
De qualquer forma, o que parece inerente à natureza humana é a ambição de alcançar algo que faça valer a pena viver. Então, sou levado a refletir sobre a ambição como impulso natural do homem e como ela pode determinar a qualidade de nossas vidas. O vocábulo “ambição” pode ter um sentido amplo e positivo, em linha com uma das definições registradas pelo Aurélio: “desejo ardente de alcançar um objetivo de ordem superior”. Mas, também pode ter o outro significado sugerido pelo mesmo dicionário: “desejo veemente de alcançar aquilo que valoriza os bens materiais ou o amor-próprio (poder, glória, riqueza, posição social, etc.)”. 
Os dois significados indicam como a ambição pode direcionar o sujeito aos mais altos píncaros da realização intelectual (Einstein, como exemplo) ou espiritual (Jesus Cristo ou Buda, como emblemas), ou, no sentido oposto, conduzir a pessoa a uma existência medíocre (no mínimo) ou ao fracasso (na pior hipótese).
Analiso o grau a que pode ser levada a ambição pessoal e concluo que tanto a moderação quanto o excesso levam a resultados opostos, em função da escolha dentre os focos referidos. Cobiça é a ambição desvirtuada em desejo por alvos ilícitos (a mulher do próximo, da Bíblia) ou valores fátuos (fama, glória, luxo); e ganância é a cobiça desmesurada. Não aceito limites para a ambição que é direcionada para o bem, assim como vejo a proximidade contagiosa da cobiça e da ganância com outros sentimentos vis, como inveja e avareza.
Assim, é o mesmo grau máximo de ambição que tanto pode levar à realização plena aqueles que miram o saber ou a virtude, quanto frustrar e até desgraçar os gananciosos de riqueza e poder. Para estes, não faltam advertências e condenações: religiões as mais diversas proscrevem os vícios que decorrem de tais opções equivocadas; e o mesmo fazem até materialistas (como Karl Marx, que abominou a ganância e a cobiça, embora entendendo que não constituíssem uma característica da natureza humana e sim decorrências do sistema capitalista). Do lado oposto, o exagero na moderação dos desejos pode mascarar a indolência e a falta de apetite pela vida.
Para mim está bem clara a razão de existir do ser humano, o que quer dizer, o sentido que cada um deve perceber e perseguir na própria vida. Viver sem noção de um sentido é desperdiçar a própria vida, como disse o filósofo Kierkegaard:

“A única vida desperdiçada é a de quem viveu de tal modo iludido pelos prazeres e contratempos da vida que nunca se tornou decisivamente, eternamente, consciente de si mesmo como espírito ou indivíduo.”


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O EMBARGO QUE DESTRUIU CUBA - 02.04.24


Por Stephen Kanitz

 

“Cuba não conseguiu a prosperidade socialista devido a um embargo comercial imposto pelos Estados Unidos”

O que não é ensinado é que Fidel Castro expropria em 1960 , 384 grandes empresas, hotéis, bancos,  cassinos, exportadoras, fazendas de cigarros, a maioria americanas.

E mais 4.000 pequenas e médias empresas a maioria pousadas e restaurantes que atendiam o pungente turismo americano.

Criar uma encrenca dessas com seu maior parceiro comercial, com um mercado de 300 milhões de habitantes logo ao lado, foi um erro administrativo e econômico monstruoso.

Tudo por uma ideologia anti capitalista. O turismo cessou no dia seguinte.

As exportadoras não tinham mais para quem exportar nos Estados Unidos. Todos os vínculos comercias são literalmente destruídos, os diretores de vendas e compras americanos fogem de Cuba.

Só que Cuba não poderia mais vender aos  Estados Unidos por que os dólares seriam confiscadas para saldar a dívida Cubana com as expropriações de ativos americanos.

Americanos não podiam mais exportar para o governo cubano pelas mesmas razões.

A Lei de Reforma Agrária foi assinada em 17 de maio de 1959 nacionalizou quase 50% das terras, deixando 41% da superfície agricultável nas mãos do Estado e 31,6% nas mãos de pequenos agricultores.

E para piorar ainda a situação Fidel Castro aumenta todas as tarifas de importação vinda dos Estados Unidos, ou seja quem criou um embargo foi justamente Fidel Castro.

Algo que Taiwan numa situação parecida não fez.

Os Estados Unidos simplesmente retaliaram a expropriação de 80 bilhões de dólares pelos Cubanos.

A recusa dos Cubanos de pelo menos pagarem os 80 bilhões de dólares das empresas nacionalizadas, mesmo a prazo, foi o que travou as relações entre os dois países.

Cuba poderia ter se tornado uma Flórida 2, onde os próprios cubanos gerentes e administradores dessas empresas expropriadas que fugiram e tornaram Flórida o que ela é hoje.

O que não é divulgado, é que Cuba iria perder nos anos seguintes, todo o segundo escalão administrativo e qualificado dessas 4384 empresas estatizadas, que fogem para Flórida, e a fazem prosperar.

Muitos desses administradores, gerentes e proprietários de empresas se reassentaram em lugares como Miami, contribuindo para a forte comunidade cubano-americana que existe lá hoje.

Afirmar que Cuba é pobre devido ao “bloqueio”, é uma mentira fabricada.

Cuba sempre pode  comprar e exportar para a Rússia, França, Brasil, pagando 10% mais caro de frete.

Cubanos poderiam ganhar fortunas sendo CRM de empresas americanas.

Pelos  80 bilhões que Cuba recusou devolver preferiram ficar estagnados por 70 anos.


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O suposto roubo dos móveis e a régua moral de Lula - 26.03.24


Por Percival Puggina
  
         Tive oportunidade de acompanhar de perto, a partir de 1986, o surgimento da primeira representação política parlamentar do PT na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Desde os primeiros contatos, pude perceber que o novo partido apresentava três características marcantes: a) postura de agressiva desconfiança em relação a quem não fosse companheiro ou parceiro, b) desejo de ser visto como régua de supremacia moral que permitia aos seus tratar como eticamente inferiores todos os demais, c) desrespeito aos adversários, conduta grosseira e gratuita, entendida como inerente à “luta política”.
 
O que vi com meus próprios olhos e pude perceber em dezenas, se não centenas de debates em rádio e TV, levou-me muitas vezes a expor os interlocutores, desnudando as características antiéticas de seu comportamento. O que então era intelectualmente estimulante e divertido, o tempo cuidou de tornar assustador, fixando aquelas percepções iniciais numa moldura que diz muito sobre a política brasileira nos últimos 40 anos.
 
O querido e saudoso amigo Carlos Alberto Allgayer, com sabedoria vaticinava: “Ainda teremos que parar na Estação PT”. Era inevitável, de fato, a chegada ao poder das vestais do templo da estrela. Elas devolviam os jetons das convocações extraordinárias, entregavam ao partido boa parte de seus subsídios ou salários e sua carência material seria franciscana se não fosse arrogante.
 
A ascensão do petismo ao poder, nos municípios, nos Estados e no governo da União se fez mediante o rotineiro e persistente assassinato de reputações, expressão que deu título a um livro de Romeu Tuma Júnior. Antes da primeira eleição de Lula, por oito anos, o petismo se dedicou a destruir mediante sistemática pancadaria a imagem de quem o derrotou nas duas oportunidades anteriores. E nunca parou de fazer o mesmo com quem se pusesse no caminho.
 
A vida, porém, contou história diferente. O mensalão estourou aos dois anos do governo Lula I e a Lava Jato abriu suas válvulas dez anos mais tarde, durante o governo Dilma II, revelando a lama encoberta pelo longo e já surrado manto do poder.
 
Há, portanto, traços de comédia na denúncia do casal presidencial sobre o suposto roubo do mobiliário palaciano por seu antecessor (a velha “luta política” sem limites) e substituição de algumas dessas peças por produtos tão caros quanto luxuosos (a velha “régua moral” irrecuperavelmente destruída, como dá testemunho altissonante o coro das ruas).
 
No Brasil, periodicamente, voltamos ao passado, não para buscar as virtudes perdidas, mas em vã tentativa de reciclar o que caiu do caminhão. Isso até poderia ser virtuoso, se a reciclagem funcionasse.


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Mais uma mentira de Lula: o -sumiço- dos móveis do Palácio do Planalto - 22.03.24


Por J.R.Guzzo

 

O presidente Lula pode entrar na história conjunta da ciência política e psiquiátrica como um personagem que soube, melhor que qualquer outro, construir uma carreira sustentada só pela mentira. O princípio ativo, aí, é basicamente o seguinte: sempre que aparecer uma verdade, seja lá qual for, diga o contrário. Lula faz isso há 40 anos, sem falhar nunca, e está pela terceira vez na Presidência da República.

 

É verdade que, antes de chegar lá, ele perdeu três eleições para presidente já no primeiro turno, ficou quase dois anos na cadeia por corrupção passiva e deu ao Brasil uma Dilma Rousseff completa. As rosas, como se sabe, sempre vêm com espinhos – mas, feitas todas as contas, Lula está no lucro, e isso veio direto de sua capacidade sobrenatural de se dar bem dizendo automaticamente a mentira para todos, o tempo todo, e a respeito de todos os assuntos.

 

Lula levou o seu sofá e o PT incluiu mais um crime no currículo de Bolsonaro, junto com o “golpe de Estado” e a importunação de baleias.

 

Sua última grande realização, nessa história de superação permanente, é a lenda dos “móveis do palácio”. Lula e Janja, como consta no registro dos fatos, acusaram o ex-presidente Jair Bolsonaro de furtar a mobília do Alvorada; além de genocida, fascista e monstro-geral da República, também era ladrão de móveis. “Levaram tudo”, acusou ele – logo ele, que alugou um armazém inteiro em São Paulo para guardar os containers que carregou consigo ao terminar o seu segundo mandato.

 

Foi feita até uma conta pretensamente exata: 261 objetos teriam sumido do Palácio do Planalto. Que horror, não? Janja levou uma de suas propagandistas na imprensa para “constatar” e mostrar na televisão mais esse crime. Por conta da “falta de condições” mínimas de moradia, o primeiro casal, então, passou as primeiras semanas de governo torrando milhões num hotel de luxo de Brasília – e 200 mil reais nos inesquecíveis sofás, camas “king size” etc. que logo compraram para o palácio.

 

Como sempre, era tudo mentira em estado bruto. Em setembro de 2023, após dez meses de buscas, o governo foi obrigado a reconhecer que os seus investigadores tinham encontrado, lá mesmo no Alvorada, todos os 261 itens falsamente furtados – não estava faltando nem um coador de café. A invenção veio a público agora, mas e daí? A mentira já está contada, Lula levou o seu sofá e o PT incluiu mais um crime no currículo de Bolsonaro, junto com o “golpe de Estado” e a importunação de baleias no litoral de São Paulo.

 

E a acusação pública que ele fez: “Levaram tudo?” É melhor não falar nisso. O inquérito perpétuo do ministro Alexandre de Moraes e da Polícia Federal para a repressão de “atos antidemocráticos” pode achar que é “desinformação”; aí o sujeito vai acabar com uma batida policial às 6 horas da manhã em sua casa, a apreensão do celular e um processo que o seu advogado não poderá ver.


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