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O MUNDO SE TRANSFORMOU, INEXORAVELMENTE - 01.03.24


Por Alex Pipkin


Como em tudo na vida, creio que é possível classificar “coisas boas” desta mudança, como também, nítidos retrocessos. A moralidade, por exemplo, anda abaixo daquele orifício do cachorro.

 

As novas tecnologias, em especial, da informação, as inovações úteis em geral, alteraram radicalmente a maneira como indivíduos se relacionam com outros indivíduos, o trabalho no seio empresarial, inclusive o informal, a maneira como as pessoas vivem, até mesmo em aspectos prosaicos, tais quais como essas se alimentam e se locomovem.

 

Os recursos e as capacidades das organizações, e as necessidades e os desejos de pessoas distintas são, sem dúvidas, outros.
Entretanto, há uma coisa “imexível”, que não se altera nem com um terremoto de escala muito elevada.
A mentalidade estatista, do homem do sistema controlador, de raizes progressistas, do Grande Estado, é inabalável.

 

No Brasil, o atual desgoverno, como de costume, enverga na doença a cura para os problemas das pessoas em suas rotineiras vidas.
O intervencionismo estatal é, indubitavelmente, o grande câncer das republiquetas, andando fantasiado de salvador da pátria e, infelizmente, ansiado por muitos plebeus.
Esse desgoverno que aí está, não se baseia na comprovada lógica de políticas públicas que dão certo, o norte é sempre a desgraçada ideologia coletivista. Eles voltaram, e o pesado fardo do Grande Estado retornou vigorosamente.
Apesar do mundo ser outro, a incompetente turma vermelha, mantinha o firme propósito de “inventar a roda”, enquadrando os motoristas de aplicativos em uma categoria de trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
A cabeça dessa gente ainda se encontra no passado, no século XVI. Escárnio.
O mesmo pode ser dito em relação ao pensamento fixo ligado à arrecadação de impostos: tributar, tributar e tributar, tendo como corolário menos empregos, menor atividade econômica, menor geração de renda e de riqueza e, portanto, ao cabo, um menor volume total de arrecadação.

 

A lógica ilógica é sempre a mesma; mais Estado, redistribuidor de migalhas, incentivos a (ir)responsabilidade individual, e menos indivíduo!
Aparenta que o desgoverno poderá desistir desse projeto de lei, seja lá quais forem as razões.

 

A trivial pergunta que deveria ser formulada, é se os motoristas de aplicativos estariam satisfeitos com esta “mãozinha” estatal? Mesmo com eventuais “benefícios” vinculados ao INSS, a resposta é um rotundo não! Mas as “autoridades rubras” não estão nem um pouco preocupadas com os factualmente envolvidos no setor.

 

Esse setor não funciona como pensa a mente retrograda de marxistas de carteirinha. Supostas garantias da mãe Estado, de fato, operam para desestimular o setor, além de outras possíveis inovações em outros tipos de negócios.

 

Mais Estado, mais intervencionismo, mais regulamentações, e muito mais garrotes para asfixiar a vida de todos os cidadãos, que desejam trabalhar, produzir e prosperar.
A sociedade, nós, os comuns, vamos morrendo lentamente, tal qual “sapos fervidos”.

 

Fazer o que? Se sabe, porém, não será feito.

 

Como disse o grande Roberto Campos, “a burrice, no Brasil, tem um passado glorioso e um futuro promissor”. Bingo!
Mas, evidente, é o sectarismo ideológico, estúpido!


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A terra é boa e generosa, mas a gente que manda é nada bondosa. - 29.02.24


Por Percival Puggina
 
         O jornalista Sérgio Tavares veio ao Brasil cobrir para seus canais nas redes sociais a manifestação do dia 25 deste mês na Avenida Paulista. Se o relato das observações que fez em nosso país buscasse inspiração na carta de seu antecessor Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel, ele provavelmente diria: “A terra continua boa e generosa, mas a gente que manda é nada bondosa”.
 
O Brasil está cada dia mais parecido com Cuba. Se os membros dos poderes de Estado assistissem um pouco menos a Globo, a CNN e afins, isso talvez não afetasse seus modos de agir, mas daria tempo aos seus ouvidos para a voz das ruas, onde dezenas de milhões de brasileiros têm a percepção de que a liberdade se extingue em nosso país. Não é a concordância, não são os puxa-sacos, nem os negocistas, nem os medrosos, nem os omissos que legitimam uma democracia, mas os que dissentem, divergem, discordam, refutam.
 
O conterrâneo e colega do escriba lusitano de 1500 foi submetido ao constrangimento de um escrutínio político. Isso não é aceitável; não é parâmetro de qualquer democracia.
 
Quando fui ao inferno caribenho pela segunda vez, em 2003, com o intuito de escrever “Cuba: a tragédia da utopia”, fiz contato com dissidentes e acabei sendo seguido, filmado, tive minhas ligações monitoradas de modo tão ostensivo que, buscando segurança, fui à embaixada do Brasil, já então sob comando de Tilden Santiago, ex-deputado federal do PT. Essa visita e a conversa que tive com o “companheiro” secretário da embaixada, estão minuciosamente relatados no livro. Minha preocupação maior era com as condições de saída pelo aeroporto preservando imagens e anotações que levava sobre minhas conversas com os dissidentes. O funcionário foi nada receptivo. “O senhor veio a Roma e não agiu como os romanos. Eles não gostam que pessoas entrem como turistas e saiam falando mal do país. Aqui tem muita coisa boa; as coisas não são como o senhor parece crer que sejam”, etc. etc.
 
Vejam que meu constrangimento em Cuba, ainda que tenha se prolongado por uma semana, foi muito menor do que o de Sérgio Tavares aqui. Mau sinal. Enquanto o totalitarismo cubano me controlou à distância, a suposta democracia brasileira submeteu o jornalista português a um interrogatório político. Nessa ideologia e em seu ruinoso trajeto pela história, democracia e liberdade são vocábulos de marketing, mas têm conceitos de confraria, de aplicação restrita, intimistas e excludentes.


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A ESTORIA DO GOLPE COMO OUVI - 27.02.24


Por Stephen Kanitz, no seu blog:

Todo administrador sabe que 3 poderes autônomos poderão entrar em sérios conflitos, ou querer usurpar os poderes do outro. 

E aí alguém acima teria que resolver, que não o Presidente.

Isso está acontecendo há 50 anos, o legislativo quer cargos do executivo, o executivo é que elabora a maioria das leis, e agora o judiciário está assumindo um protagonismo jamais visto.

Para essas horas a Constituição criou o artigo 142, onde as 3 forças armadas assopram um apito e mandam todo mundo que está extrapolando seus poderes de volta para casa.

Se você não concorda com essa interpretação do 142 então sugira como uma situação anti republicana como essa deveria ser resolvida, rapidamente.

Bolsonaro de fato procurou seus amigos no Exército para implorar que interviessem segundo as 4 linhas, que corrigissem e botassem ordem na casa. 

Em nenhum momento o artigo 142 afirma as forças armadas devem assumir o poder executivo, como foi no regime militar. 

Não existia o 142 na época, e se existisse jamais teriam ficado 20 anos no poder.

A primeira cutucada de Bolsonaro aos militares foi quando o STF apontou falhas na condenação de Lula em primeira instância.

Anulando ao arrepio da lógica, mas não da lei, que essas exatas falhas foram mais do que redimidas na segunda e terceira instância que o condenaram.

A segunda, quando em vez de ser imediatamente julgado como reza a constituição, agora em Brasília, foi se postergando e até hoje ele não foi julgado segundo a raciocínio original.

A terceira foi depois das constantes brigas com Alexandre de Moraes, provavelmente um dos que iriam para casa.

Desta vez os militares aceitaram, não um golpe mas um 142, com uma importante ressalva. 

Bolsonaro iria junto para casa. 

Certamente porque os militares queriam mostrar imparcialidade, e Bolsonaro estava piorando de fato a situação, e seu vice seria ideal para colocar a casa em ordem novamente.

Aí Bolsonaro nunca mais tratou do assunto.

8 de janeiro não foi nem de perto uma tentativa de tomar o poder.

Muito menos incitado por Bolsonaro que foi para a Flórida por que temia ser preso.

Foi mais um recado às forças armadas de que agora com Bolsonaro fora, eles deveriam fazer o que não fizeram, provavelmente preservando Lula mas não o STF.

Essa é a estória mais coerente que ouvi dessa situação preocupante em que estamos, que só piorará se Bolsonaro e Trump forem presos.


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A fórmula da servidão eterna - 20.02.24


Por Percival Puggina
 
 A Educação pode ser a salvação ou a perdição de um povo. Uma Educação que crie condições para o desenvolvimento de aptidões, talentos, competências, virtudes, bem como a superação de dificuldades, promove o bem pessoal e social. Uma “educação” que negligencie estes aspectos e veja a si mesma como instrumento político para aliciamento e formação de militantes resulta em miséria e discriminação. Todas as suas experiências são miseráveis, sendo o êxito e a prosperidade pessoal privilégios dos controladores e de quem lhes escape ao controle. Tal “educação” se oporá, sempre, a movimentos como “Escola sem partido”, escolas cívico-militares e “home schooling”, como fez Lula ao falar durante a Conae. É lógico, esse projeto de poder não aceita abrir mão de uma única vítima! Consulte o Google sobre “escola e cidadania” e você entenderá melhor o que estou afirmando.
 
O caso cubano serve como exemplo. No início deste século, Cuba envelhecia e esclerosava, parada nos anos 50 do século passado. População empobrecida; três em cada quatro cubanos trabalhavam para o Estado; o salário mensal máximo equivalia a uns US$ 30. O Estado comunista se apropriava da totalidade do PIB gerado para proveito da elite política proporcionando uma infraestrutura miserável ao povo e oferecendo seu alardeado mérito: saúde e educação para a população.
 
Por três vezes fui lá. Escrevi dois livros e incontáveis artigos a respeito. O equipamento de saúde disponível para a população era indigente, mas, honestamente, não diria o mesmo da rede de ensino. O regime cuidava e cuida dela obedecendo a uma lógica interna. Ele sabe o quanto o ensino serve para formar os herdeiros dos “frutos de la revolución”. Tá bem. Todos os regimes comunistas têm consciência disso e comandam as salas de aula. É por elas que passam tanto os caminhos da liberdade quanto os da servidão futura. Aqui no Brasil, o governo fez sua escolha! A Conae fornece a evidência.
 
A estas alturas já vi e ouvi o suficiente dessa gestão para saber que veio completar o que ficou faltando às anteriores, tucanas e petistas. Especialmente, combate policialesco à liberdade de expressão nas redes sociais; mais dinheiro aos companheiros “artistas pela democracia”; muita verba publicitária ao jornalismo que engorda no pasto estatal e a joia das coroas totalitárias: controle centralizado, unificado, federal do que se ensina em sala de aula.
 
Os mecanismos de infiltração já produziram o inteiro suporte ao que está por vir. O futuro apareceu nítido no visual companheiro da Conae e compreensível no que ela propõe. Todas as pautas petistas estão bem servidas! É estarrecedor perceber quanto a máquina produtora do fracasso educacional festeja com risos e aplausos sua cristalização normativa.
 
Mexa-se, grite, reclame, vá para a rua, escreva, envie mensagens, cobre de seu congressista. Salvo surpresa, talvez não haja pauta mais importante nestes dias. Dependendo do que prevaleça, um futuro mais promissor pode mudar de 2026 para a geração subsequente, lá por 2056.


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SEGUIR EM FRENTE - 14.02.24


Por Fernanda Estivallet Ritter, presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)

 

Passado o Carnaval, o ano de 2024 finalmente começa no Brasil. Com o fim do recesso do Legislativo, pautas importantes para nosso país irão tomar as manchetes dos veículos de comunicação.

 

No último dia 5, na sessão conjunta de abertura da Câmara e do Senado, tivemos um tira-gosto do que está por vir. Começando pela nada agradável pauta da reoneração da folha de pagamento, da regulamentação da reforma tributária no que tange ao consumo e à renda e da regulamentação do uso da inteligência artificial.

 

Dentre essas, a reforma do Imposto de Renda, que prevê a taxação da distribuição dos lucros das empresas para os sócios, começa com o “banho de desânimo” naquele que se arrisca a empreender no país. Além da alta carga tributária já existente, agora o governo quer faturar em cima da razão de existir de uma empresa: gerar lucros aos seus acionistas.

 

A palavra lucro, vista com antipatia pelos mesmos desgostosos com o capitalismo, nada mais é do que o incentivo para o empreendedorismo

 

A palavra lucro, vista com antipatia pelos mesmos desgostosos com o capitalismo, nada mais é do que o incentivo para o empreendedorismo, a eficiência econômica, a competitividade e a inovação. A partir da busca dos melhores resultados para sua empresa, o empreendedor move a sociedade, gera riqueza e empregos.

 

Fica a esperança de que o Congresso ouça os setores produtivos e freie a busca incessante e insana do governo por mais arrecadação. Os congressistas sabem: quando o empresário não tem confiança, ele opta por não investir, não gera empregos e a economia não se move. Empresas que não geram lucros também não geram impostos, fazendo com que a arrecadação do governo caia. E esse ciclo de retrocesso vai impactando todos.

 

Um novo ano deve nos permitir olhar para a frente e trabalhar para construir soluções. Precisamos trazer para a pauta temas como a redução da intervenção estatal – diminuição da burocracia e de regulamentações – e simplificação de impostos.

 

Enquanto esse caminho para o progresso estiver obstruído, mais uma vez a resiliência do empresário brasileiro será essencial. Acostumado a enfrentar grandes desafios, ele seguirá produzindo. Passar por dificuldades e se reerguer fazem parte da vida do empreendedor brasileiro, que também tem o dom muito importante de, apesar dos percalços, seguir sempre em frente.


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DIREITOS HUMANOS, SÓ PARA OS "COMPANHEIROS". - 07.02.24


Por Percival Puggina

 

Estávamos num programa de debates sobre direitos humanos. Lá pelas tantas, um dos meus interlocutores falou em “dignidade da pessoa humana”. Eu os sabia marxistas e, portanto, materialistas. Perguntei-lhes, então, como um desafio: qual o fundamento da dignidade da pessoa humana?
 
Sabia que essa questão coloca o materialismo e seus adeptos num beco sem saída. Para respondê-la, o microfone correu a mesa. Falaram, falaram e nem de longe trataram do tema. Quando retornou a mim, chamei a atenção para o fato de que não haviam me dado qualquer resposta. Mencionada por materialistas, a dignidade da pessoa humana é mera retórica.
 
Ante a provocação que fiz, um deles saiu-se com esta: "O fundamento da dignidade da pessoa humana é a reciprocidade nas relações". Ora, salta aos olhos que a reciprocidade, vale dizer, a equidade nas relações e trocas interpessoais e sociais, pode ser, em alguns casos, fundamento da justiça, mas nem de longe serve como alicerce para a dignidade do ser humano. Em determinadas situações talvez seja apenas consequência.
 
Entendamos isso porque é importante. Quem vive em situação de carência mental, material ou física tem, como pessoa, dignidade igual à da mais eminente celebridade e à da mais justa e generosa das criaturas. E em quase nada pode o desvalido contribuir para a tal reciprocidade. Exigi-la em certos casos pode ser puro e duro egoísmo. Há ocasiões em que a reciprocidade, como critério de justiça, se fundamenta na dignidade da pessoa humana, mas o que nela se sustenta não lhe pode servir, também, como suporte.
 
Enfim, a questão que propus é irrespondível pelo materialismo. Se tudo é matéria, instinto e razão, o ser humano é apenas o mais complexo dos animais. E somente isso. Resulta, assim, meramente retórica toda menção que marxistas façam à dignidade humana. A prova provada me veio logo após, quando, tendo eu comentado a animalização conceitual da pessoa, se vista apenas como ser material, meu interlocutor da ocasião afirmou que "os animais também têm dignidade". Foi ou não uma rendição? Homem e bicho é tudo a mesma coisa? Animais merecem respeito, mas a eminente dignidade, fundamento das melhores constituições, quem a tem é o ser humano.
 
Há muito proponho essa questão em debates e ainda não encontrei um materialista que fizesse a respeito dela qualquer afirmação consistente. Falam sobre direitos humanos como parte de uma agenda muito mais ideológica do que efetivamente humana. O humanismo sem Deus é um humanismo desumano, reafirmou recentemente Bento XVI na encíclica Caritas in Veritate. Com efeito, somente o revelado à tradição judaico-cristã satisfaz como resposta à questão contida no primeiro parágrafo deste artigo. É por isso que nela se fundamenta toda uma civilização e o que há de melhor em sua cultura: o homem é imagem e semelhança de Deus, e objeto de Seu amor.
 
Alguém poderá dizer: “Eu sou ateu e trato com respeito os meus semelhantes”. Sei disso, no entanto, é preciso perceber: a conduta civilizada que independe de identitarismos tem base cultural. É a cultura de uma civilização que herdou princípios da preciosa fonte judaico-cristã. Reinstituir os identitarismos é, por assim dizer, um retorno ao paganismo.


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