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DISPARIDADE DE ARMAS! 22.08.23


Por Percival Puggina

 

Quando postulam em juízo contra a desigualdade de condições a que consideram expostos seus clientes, os advogados usam a expressão “disparidade de armas”. Usarei então esse bordão para apontar o que vejo acontecer no Brasil com a liberdade de expressão no exclusivo e patrulhado território da opinião política.

 

O problema já começa por aí. Você pode opinar livremente sobre economia, psicologia, filosofia, temperatura dos mares, arquitetura esquimó, inteligência artificial ou boçal, mas se for falar sobre política nacional, quanto mais seus pés forem mantidos firmes no chão dos fatos, maior será o zelo de sua mente em relação ao que vai dizer. Na minha opinião, isso é muito ruim para a democracia.

 

O leitor deve lembrar que durante a campanha eleitoral, a censura funcionou a pleno. Verdadeira multidão de influenciadores digitais foi penalizada. Empresas de comunicação digital, não alinhadas com as ideias da esquerda, foram submetidas a várias formas de censura (inclusive prévia), ameaças, multas, desmonetizações e cancelamento de seus espaços, sob a alegação de estarem influenciando de modo indevido a opinião pública em detrimento de um dos candidatos.

 

Por quê? Porque há na lei eleitoral um impedimento ao custeio de campanhas por empresas privadas. Então, produções que gerassem benefícios de opinião a um candidato (sempre o mesmo) eram equiparadas a um aporte financeiro. As empresas que não quisessem um governo de esquerda, então, que não tratassem mais de política, enquanto as demais seguiram com sua campanha.

 

Desde o período eleitoral de 2018 e nos anos subsequentes, as mais poderosas empresas de comunicação do país agiram em aberta campanha contra um dos lados que se antagonizaram politicamente. Eu nunca vira algo tão intenso e escancarado. Foi assim durante a totalidade do mandato de Bolsonaro e assim seguiu durante a inteira campanha eleitoral. A memória nacional não registra, durante quatro anos, qualquer fiapo de matéria produzida pelo grupo conhecido como o “Consórcio” que contivesse meio adjetivo favorável ao então presidente da República. Nem se fale em “paridade de armas”.

 

A patrulha era realmente zarolha. As lunetas dos snipers da censura patrulhavam o espaço digital em busca de palavras porque estavam ali seus alvos: as malditas redes sociais que haviam levado Bolsonaro ao poder.

 

Sempre deixei claro que considerava isso muito ruim para a democracia, porque ela não prescinde da liberdade de opinião.

 

Houve quem, ingenuamente, imaginasse que findo o pleito, consolidada a situação conforme desejada pelos donos do poder, a liberdade de expressão poderia retornar à normalidade própria das democracias. No entanto, para isso, seria imprescindível haver uma democracia.

 

As duas melhores provas de que ela morreu à míngua são:

1ª - as propostas já formalizadas para acabar com o que ainda resta de relevância nas redes sociais, únicos veículos utilizáveis pelos eleitores oposicionistas;

2ª – o fato de que agora, em tempo comum, os líderes da oposição, que falam por 59 milhões de eleitores, são ignorados pela velha imprensa  e só são entrevistados pelos mesmos canais que foram politicamente silenciados durante o processo eleitoral.

 

De modo bem visível por quem tem olhos de ver, a liberdade e a democracia se aviltam com a disparidade de armas e aos golpes dos que se proclamam seus defensores.

 


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O TANGO - 16.08.23


Por alex Pipkin

 

Há uma popular frase na Argentina sobre o característico tango: “é um pensamento triste que se pode dançar”. Oh, tango, simbolizando a melancolia e a tristeza, decerto uma paixão.
Uma genuína melancolia imortal para os argentinos.
Talvez, também por isso, eles estejam “bem” acostumamos com o sempre presente, e assolador, peronismo.
Peronismo é sinônimo de coletivismo e, portanto, de populismo, uma política do fracasso para seduzir as massas.
Traz no seu bojo, o engodo do Estado do bem-estar social, com forte sindicalismo e, assim, a ampliação do Estado, com estatização de empresas, e um ambiente repleto de “benefícios” para a classe trabalhadora. 
Por meio deste tipo de projeto de poder, nacionalista ao extremo, e anti-mercado, redistribui-se a renda dos reais criadores de riqueza, aumentando - artificialmente - a capacidade de consumo das pessoas, mas e objetivamente, tendo como corolário a inflação nas alturas.
Tango e peronismo estão incrustados nos ares que os hermanos respiram, o peronismo presente em quase todas as correntes doutrinárias argentinas.
Não é por mero acaso que o processo inflacionário por lá seja a única coisa constante.
No presente, com a turma de Alberto Fernández e Kirchner, a taxa de inflação alcançou patamares estelares. O bondoso Estado gasta muito mais do que arrecada, sendo assim financiado por empréstimos e por emissão de moeda.
A receita do desastre é singela: Estado inchado, com forte intervencionismo na economia, farra e gastança governamental, populística, impactando pesada e negativamente na taxa de inflação.
A credibilidade e o peso argentino, faz tempo, não valem um vintém.
Javier Milei foi o mais votado nas eleições primárias de ontem.
Algumas manchetes traziam as palavras “surpreendente vitória“. 
Evidente que eu não acho, mas claro que é previsível que na melancolia argentina muitos possam avaliar como tal.
Milei é um conservador que se autodenomina como sendo um anarcocapitalista. 
Não sendo um esquerdista-populista, qualquer um faria o que Milei está propondo para estancar a sangria em azul e branco. Quer cortar os gastos governamentais e reduzir impostos, entre outras medidas saneadoras.
Vejo que muitos por aqui festejam sua vitória nas primárias.
Sem dúvida, seria um alento para as liberdades individuais e econômicas, desviando-se da rota do fracasso do Estado do bem-estar social e do câncer do excessivo intervencionismo estatal.
Confesso que a melancolia hermana, nesta questão, apossou-se de mim.
Macri, aparentava, tinha a mesma intenção, porém, não teve força política, procrastinou e foi engolido pelo eterno peronismo. As garras e a gigantesca boca do Estado grande o abraçaram e o deglutiram.
Sou comedido. Os argentinos adoram o tango, e o peronismo, embora muitos queiram deixá-lo, esse não sai deles. Parece que os hermanos têm vasta vocação para o canto populista e a servidão.
Gostaria muito de estar enganado. A costumeira garra e coração argentinos parece estar reservada somente para os gramados de futebol.
Não tem havido demonstrações de que, de fato, a garra e o coração deles atuem no sentido de abandonar a ilusão peronista e, definitivamente, compreenderem que o caminho para o crescimento econômico e social sustentável, passa pela rota do Estado necessário, das liberdades individuais e econômicas, pela tributação justa e, na economia, pela liderança do setor privado, criando emprego, renda e riqueza, e gerando às soluções inovadoras para os consumidores e para toda a sociedade argentina.
Não sou tão otimista - ou realista?
Por lá, há muitos “justiceiros sociais”, que hablan español!
De mais a mais, eles veneram o melancólico… o tango.


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NÃO ABRA MÃO DE SI MESMO PARA O ESTADO! - 11.08.23


Por Percival Puggina 


Leio em Cubadebate


      A crise no sistema público de saúde em Cuba se aprofunda à medida que são revelados os números alarmantes da falta de pessoal médico no país.

 

De acordo com o Anuário Estatístico 2022 do Instituto Nacional de Estatística e Informação (ONEI), em 2022 registou-se um decréscimo drástico de 12.065 médicos face ao ano anterior.
O pessoal médico de saúde passou de 312.406 em 2021 para 281.098 em 2022, e os médicos especializados diminuíram de 106.131 em 2021 para 94.066 em 2022.

A Pesquisa Integral de Saúde realizada pelo projeto Cubadata revelou que 57,6% dos entrevistados enfrentam "muitas dificuldades" ou consideram "impossível" o acesso aos serviços médicos na ilha.
A partida dos médicos cubanos também contribuiu para a crise econômica interminável de Cuba, que dura várias décadas.

Comento
          Quando uma sociedade tem medo do Estado, coisas muito ruins acontecem. A história grita isso em cada esquina das ditaduras. É o caso cubano, por exemplo, e – desgraçadamente – vem sendo o caso brasileiro desde o dia em que, com um sorriso de satisfação, o ministro Alexandre de Moraes afirmou ainda ter muita gente para prender e multar no Brasil. Desde então não parou mais.

Sob o medo do Estado, a nação se torna burro de carga em todas as possibilidades de arreio, carga e trote. Trota e não bufa!


Cuba, como se sabe, tem longa experiência nisso. Os cubanos sabem que é o servilismo a causa da crise do sistema de saúde. Assim como vendia sangue de seus jovens para revoluções ordenadas pelo Pacto de Varsóvia em países periféricos da África e da América Ibérica, Cuba, vem alugando seus médicos, paramédicos e enfermeiros por lote, contabilizando-os como ítens de exportação. Aí, faltam médicos na ilha e, todos os que podem fugir, "vazam" daquele grande presídio insular.

Você nunca ouviu nem ouvirá do petismo que nos governa algo que não seja apoio, financiamento e afagos à tirania cubana ou a qualquer governo comunista.
 

Saiba, porém: dar espaço à tirania, por ação ou omissão, conveniência ou ignorância, fetiche ideológico ou consumo de fantasmagorias, é abrir mão de si mesmo como ser humano e cidadão.

 


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O SILÊNCIO DE UMA NAÇÃO - 10.08.23


Por Percival Puggina
 
         Prestem atenção, ouçam o silêncio. O Brasil emudeceu. Durante quatro anos, o povo foi sendo alertado sobre a própria irrelevância. Erguendo bandeiras que expressavam seu amor à pátria, ele ia às ruas e às praças de onde clamava inutilmente contra excessos de uns e omissões de outros. Aos tribunais superiores, os excessos; ao Congresso Nacional, as omissões. Quem como eu subiu em tantos carros de som ao longo de dez anos sabe do que fala ao afirmar que quanto mais se avantajava o “contramajoritário” poder das altas Cortes e se expandia o baixio dos interesses parlamentares, mais as instituições mostravam seu desdém à nação.

Por fim, o silêncio, a quietude de uma democracia deserta, sem povo. Muitas vezes penso que os senhores do poder se veem como representação política num deserto onde, aqui e ali, esqueletos cívicos testemunham a ação destruidora que os vitimou.

Só que não. A nova tirania, tirania é. Quem tem olhos de ver sabe o que vê. Tornozeleiras não inibem opiniões nem a percepção de injustiças e abusos. Consciências bem formadas doem e se condoem na dor alheia. Um sismógrafo que captasse emoções perceberia o ruído nesse subterrâneo dos sentimentos. A democracia relativa, contramajoritária, bem ao gosto das cortes e dos plenários, talvez não consiga captá-lo como tampouco o percebe um jornalista que me escreveu outro dia,

Ele é militante da tirania real combatendo os fantasmas das narrativas petistas.  Ele crê no que lhe dizem em detrimento do que os olhos capturam da realidade e por isso, após ler meu artigo “8 de janeiro, a narrativa e os fatos” (aqui), escreveu-me perguntando se não me envergonhava de afirmar o que afirmei. A seu modo, perante fantasmas ensinado a combater com lança-chamas retóricos, comentou cada parágrafo questionando os limites dessa minha falta de vergonha.

Constrangimento em forma explícita, que preferi não responder porque preferi tratar do assunto aos olhos e discernimento dos meus leitores.  Caríssimos, vergonha eu teria se calasse, se me sujeitasse, se conferisse meu silencioso consentimento àquilo que vejo. Aí sim, eu teria vergonha de mim! Jogo a democracia pela regra do jogo, não pelas regras dos tiranos e seus aprendizes. Nada há na Constituição de 1988 que iniba meu direito de opinar sobre os acontecimentos nacionais, os protagonistas de nossa política e as impropriedades de nosso modelo institucional.

 

Quando toda divergência for silenciada só se ouvirá o coro da tirania no velório da liberdade.


Como me disse certa feita em Havana um médico com quem conversei e me falou das dificuldades que a ditadura lhe impunha: “Solo el Señor es mi  señor”.


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NÃO É SEPARATISMO - ZEMA FAZ O QUE TODO GOVERNADOR DEVIA FAZER - 09.08.23


Por J.R.Guzzo (publicado ontem na Gazeta do Povo)

 

O ministro da Justiça, logo ele, faz um esforço cada vez maior para fabricar ódios entre os brasileiros, espalhar notícias falsas e comportar-se de maneira irresponsável em sua militância ideológica. Não é, e nunca foi, um ministro da Justiça – alguém que é pago para facilitar o acesso dos cidadãos ao sistema judicial, tratar as questões da cidadania e garantir a segurança interna. É um militante político, que usa seu cargo público para promover interesses da facção minoritária e extremista que comanda dentro do governo. O ministro está positivamente hiperativo neste momento. Acaba de acusar o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, de “traidor da pátria” – nada menos que isso, “traidor da pátria”. Na bula de excomunhão que emitiu pelo Twitter, o ministro colocou Zema na “extrema direita” e afirmou que ele está “fomentando divisões regionais”. Como um ministro de Estado, com obrigações junto a todos os cidadãos deste país, pode descer a níveis tão rasteiros de leviandade mal-intencionada?

 

É absolutamente falso que o governador Zema tenha incentivado qualquer tipo de “divisão regional”, como quer o ministro da Justiça. Não há a menor dificuldade para comprovar essa mentira: é só verificar, letra por letra, a entrevista que ele deu ao jornal O Estado de S. Paulo, e que despertou a ira histérica da extrema esquerda nacional. Podem ficar lendo a entrevista até o fim da vida, e não vão encontrar nenhuma proclamação ao separatismo, ou qualquer delírio do mesmo tipo. Tudo o que Zema diz, e não há possibilidade de entender mal o que ele disse, é que Minas Gerais e os Estados do Sul devem se unir para defender melhor os interesses de suas populações – que são sistematicamente prejudicados pela divisão do poder e dos recursos públicos do Brasil. O que pode haver de errado numa coisa dessas? Como um governador de Estado, eleito pela segunda vez consecutiva para o cargo, pode ser acusado de “traição à pátria”, quando apenas defendeu em público os brasileiros que são responsáveis por 70% de tudo o que o Brasil produz, somam mais de 110 milhões de habitantes e são tratados como cidadãos de segunda categoria? Muitos desses milhões, por sinal, são brasileiros do Nordeste – que se veem privados de uma participação justa na distribuição da riqueza nacional pelo simples fato de terem se mudado para o sul. É a obrigação do governador, na verdade, fazer exatamente o que fez.

 

A extrema esquerda e a militância jornalística, naturalmente, correram para apoiar o agressor. O que se pode esperar de diferente? Zema foi chamado de “abjeto”, “bolsonarista”, “fascista” e o resto do xingatório que a esquerda dirige automaticamente a todos os que têm uma opinião diferente da sua; seus devotos, aliás, ficam especialmente excitados quando esta opinião é racional. O fato é que o ministro da Justiça, que tem por obrigação garantir a ordem para os brasileiros, é hoje, junto com os extremistas que o apoiam, um dos mais ativos provocadores da desordem no Brasil.


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BURLESCO E DESTRUIDOR - 08.08.23


   Por Alex Pipkin

 

    Nessa Republiqueta vermelha, verdade-amarela, como quase todos nós sabemos, não existe correlação alguma entre as narrativas e os discursos bravateiros, e os fatos e dados.

    Inexiste qualquer tipo de compromisso e coerência com a genuína verdade objetiva.

   

    Por aqui, determinam-se objetivos, metas e indicadores - quando pressionados para tal intento -, exclusivamente por meio de populísticos sentimentos grosseiros e puramente instintivos.

    Não há uma análise racional e verdadeira com a intenção de se analisar a relação custo-benefício e o real objetivo de se cumprir com os objetos e metas “fixadas”.

   

    Nos governos do “amor”, além de se desrespeitarem metas, verbaliza-se que se irá “dobrar a meta”. É Kafkiano.

    Apesar do nobre sentimentalismo social-democrata grosseiro, de fato, a situação sempre está tal qual um pneu de carro de um reles mortal, ou seja, estourada.

    No (des)governo da completa irresponsabilidade fiscal, tudo é prometido, mesmo que tudo isso sempre se encontre estourado.

   

    A meta fiscal em Macunaíma já está deficitária agora, em 2023.

    Portanto, evidente que a enganação do arcabouço fiscal, ou melhor, calabouço, e suas respectivas metas, que ainda nem passaram pelo Congresso, são para inglês - e brasileiros ludibriados - ver.

    Estouro é aquilo que mais se escuta e se vê - e não se vê - por bandas tupiniquins.

    Metas, democracia, preocupação social, responsabilidade, união… tudo faz parte da nova velha novilíngua rubra.

     

     A narrativa bom-mocista e responsável, é pura onda e o lado negro do sentimentalismo.

    Agora, não será nenhum caso de originalidade petista: vai lá e “dobra a meta”!

    Além do “amor”, o (des)governo vermelho é, inquestionavelmente, da desunião e da desconstrução.

   

   Burlesco e destruidor, como aos costumes.


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