Por Alex Pipkin
O ponto de vista objetivo e pragmático, o que os brasileiros necessitam para ter uma “vida boa”?
Exercendo, minimamente, meu poder de síntese, penso que precisam de liberdades: individual e econômica.
O verdadeiro problema número um neste país, é a falta de crescimento econômico, que possa assim reverberar para o social.
Atentar que é da arrecadação de impostos, proporcional à atividade econômica, que são gerados os recursos para a provisão de serviços públicos (de qualidade) e para os planos sociais do governo.
No entanto, estamos submetidos a uma escandalosa situação, que se equivale a uma guerra civil, com a nação completamente dividida.
A título de “salvar à democracia”, criou-se um Estado ditatorial no país, ceifando as liberdades individuais dos brasileiros, e retornando com a infame censura.
A cada dia que passa são noticiadas mais e mais surpresas negativas relacionadas com a perda dos direitos individuais dos cidadãos tupiniquins.
Não bastasse isso, os indicadores econômicos referentes a crescimento, taxa de juros, inflação, emprego, investimentos, derretem-se como se fossem cubos de gelo, e mais empresas fecham os portões e fazem as malas, a fim de zarpar de águas verde-amarelas.
Enquanto a “democracia vermelha” se preocupa em prender, cassar, censurar, investigar, monitorar, em nome da defesa da “democracia”, o país inteiro - ou quase todo - assiste perplexo a falta e/ou a escassez de políticas e de ações concretas e efetivas que encaminhem para o alcance de um real crescimento econômico.
Muito antes pelo contrário, o foco declarado tem sido em ações relacionadas aos grupos identitários, supostamente a cultura e as artes - não há como reprimir a explosão de amor que jorra de um grande coração vermelho. Tudo isso em prol das propaladas “democracia” e justiça social.
É surreal o número de vezes que a palavra democracia, nos seus mais infinitos sentidos, tem sido mencionada em todo o tecido social nacional.
Infelizmente, tenho o desprazer de afirmar que o que vêm sendo realizado até o momento, tem de fato destruído a democracia genuína, e minado, quase que irreversivelmente, qualquer possibilidade de atingimento de crescimento econômico no país.
Tal fato não só irá penalizar pesadamente os mais pobres, como também irá inviabilizar quaisquer projetos de planos sociais formatados de maneira inteligente, e que se implementados, sejam sustentáveis.
De forma patente, verifica-se o aniquilamento tanto da democracia, como também das bases sólidas para pavimentar o caminho do crescimento econômico de verdade.
Sem crescimento econômico, o investimento no social desaparece, só com o populismo e o iminente caos.
De maneira objetiva e pragmática, eu já vi esse filme nas artes, na “ficção” cinematográfica, e na realidade de alguns países aqui por perto.
Será que os brasileiros pensam que necessitam daquilo que considero como sendo o “ar que se respira”?
O ar puro das liberdades individuais, e da possibilidade de ser livre para empreender de acordo com seus próprios objetivos, estimulados por incentivos institucionais adequados para tanto.
Nesse tóxico (risos) ambiente de manipulação, já nem sei mais o que é vida, o que dirá “vida boa”.
A confusão da realidade é gigantesca mesma, mas será que os brasileiros desejam e anuem os pressupostos de uma “vida boa” mencionados por mim: liberdades individual e econômica?
Por Percival Puggina
Estava imaginando o que passou pela cabeça de um cidadão cubano quando tomou conhecimento da lista de convênios que Lula e sua comitiva assinaram com o governo de seu país na recente visita a Havana, espécie de Jerusalém do comunismo decrépito.
Há alguns anos, época em que muito debati com representantes dos partidos de esquerda, em especial membros de um muito ativo movimento de solidariedade a Cuba, ouvi deles que no Brasil existem miseráveis ainda mais miseráveis do que em Cuba. Eu os contestava dizendo que ninguém desconhecia a pobreza existente aqui, mas era preciso observar uma diferença essencial entre a situação nos dois países. Aqui, os pobres convivem com carências alimentares por falta de meios para adquirir alimentos; em Cuba, mesmo que o povo dispusesse dos meios, não teria o que adquirir porque a economia comunista, como se sabe, é improdutiva.
Esse é um dos motivos, dentre muitos outros, para que ninguém caia na balela de que o comunismo é bom para “acabar com a pobreza”. O que aconteceu com o setor açucareiro dá excelente exemplo. No final dos anos 1960, a URSS se dispôs a comprar 13 milhões de toneladas anuais de açúcar cubano, a partir da safra 1969/1970. O país produzia entre três e quatro milhões de toneladas, com tendência decrescente. Muitas atividades da ilha foram suspensas e comunistas do mundo todo foram trabalhar naqueles canaviais. Conseguiram sete milhões de toneladas.
Trinta anos mais tarde, quando fui a Cuba pela segunda vez, a safra 2002/2003 fora tão escassa que Cuba importava açúcar! Depois, a produção andou pela casa dos dois milhões de toneladas e no ano passado bateu em meio milhão. A história do açúcar é a história da balança comercial e do consequente déficit cambial cubano. Daí o pagamento não em dólares, mas em charutos ou “outras moedas” ... Daí também o motivo pelo qual, se você excluir estrangeiros residentes, turistas, membros da elite partidária e militar, a carência é generalizada.
Imagine então um cidadão cubano sendo informado pelos órgãos de divulgação do estado de que seu país firmara acordo com o Brasil sobre trocas de tecnologia e de cooperação técnica em agricultura, pecuária, agroindústria, soberania e segurança alimentar e nutricional, mudas, bioinsumos e fertilizantes, agricultura de conservação, agricultura urbana e periurbana; produtos alimentares prioritários para consumo humano e animal, reprodução de espécies agroalimentares prioritárias; uso eficiente da água, cadastro e gestão da terra e abastecimento agroalimentar. E mais biotecnologia, bioeconomia, biorrefinarias, biofabricação, energias renováveis, ciências agrárias, clima, sustentabilidade, redes de ensino e pesquisa (*).
Não sei se está previsto, mas se em tudo isso e em outros convênios também firmados, não ligados à produção de alimentos, o Brasil enviar cheque, pode escrever aí: vem charuto.
*Condensado de matéria da Agência Brasil – EBC, íntegra em https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2023-09/brasil-assina-acordos-de-cooperacao-em-varios-setores-com-cuba.