Por Alex Pipkin
De forma singela, produtividade significa fazer mais com menos.
No essencial quesito “produtividade”, faz muito tempo, o país continua “lindo”, a nação da vanguarda do atraso.
Por aqui aparenta que a preocupação e o foco recaíam, populisticamente, sobre nacionalismos baratos e variáveis quantitativas, ao invés do importante crescimento do “conteúdo”, ou seja, da qualidade.
A retórica demagógica que reina, é sobre o aumento das compras de produtos e de serviços nacionais, do aumento do nível de empregos, da maior inserção de pessoas no nível universitário, dentre outros bom-mocismos, muito embora pouco se discuta, e se realize, efetivamente, no que diz respeito a um aumento da produtividade verde-amarela.
É bem verdade que crises econômicas mundiais e locais atrapalham o aumento da produtividade, no entanto, não se vê políticas públicas de qualidade, aquelas endereçadas para incrementa-la, especialmente do lado da oferta. Quanto ao lado da demanda, é justamente o intervencionismo estatal que atravanca o crescimento da produtividade.
O discurso do atual governo é sobre aumentar empregos - eu diria proteger empregos ineficientes que maculam a entrada de jovens promissores nos mercados de trabalho -, encarando como acessória a necessidade de que os trabalhadores tenham melhor qualificação e acesso a melhores recursos no ambiente produtivo, tais como máquinas de produção mais eficientes, e melhores softwares para projetar, produzir, vender e entregar, entre outros aspectos fundamentais. A ordem do dia é proteger a economia e os empregos nacionais. Simplificação da legislação e dos requisitos de mão de obra, nem pensar. Escárnio.
Por nossas bandas, por uma questão de sobrevivência, muitas vezes o empresário centra seus esforços - legítimos - na redução de custos, porém, esses pouco fazem em relação ao aumento da eficiência operacional, da automação de seus processos e, em especial, da remodelação estratégica de seus modelos de negócio.
Tanto em nível macro, de país, como micro, de empresa, notadamente, não há uma relação direta entre a utilização de novas tecnologias e o aumento de produtividade. É sempre indispensável analisar, comprovar e aperfeiçoar em direção ao alcance do incremento de produtividade.
Por aqui, o que se constata em abundância, são políticas públicas que se constituem, genuinamente, em inimigas do crucial aumento de produtividade.
O bom-mocismo de políticas nacional-desenvolvimentistas já conduziu o país à bancarrota, engordando “empresários“ amigos do rei, fechando, de forma nefasta, a economia, e protegendo-a de concorrentes estrangeiros, prejudicando assim a importação de tecnologias inovadoras, de insumos e de bens de capital fundamentais para o crescimento da produtividade nacional. Isenta de pressão competitiva, nenhuma organização é impulsionada a melhorar seu desempenho.
O crescimento de produtividade também é dependente do aumento dos investimentos no setor produtivo, entretanto, os incentivos para tanto têm crescido tal qual rabo de cavalo, isto é, para baixo.
Aqui convive-se com uma selva tributária hostil a eficiência e aos custos, fazendo com que os empresários tenham que contratar mais gente, gente esta que não agrega nenhum valor, somente custos, a fim de fazer frente a uma legítima “burrocracia”, essa que somente beneficia os relacionamentos nada republicanos.
Há uma terrível insegurança jurídica no ar, promovida pela suprema pequena corte, que legisla segundo seus corações bondosos, e que altera a legislação tal qual se troca de roupas íntimas.
Não resta a menor dúvida de que a desaceleração do crescimento do capital investido por hora trabalhada contribui intensamente para o declínio da produtividade em terras de Macunaíma.
O ambiente de negócios verde-amarelo trata o empresário como inimigo do povo, impedindo um incremento da atividade econômica, da eficiência empresarial, e reduzindo drasticamente as oportunidades no mercado de trabalho.
As carcomidas instituições nacionais servem de escudo para políticas públicas sadias, direcionadas para a inovação, para o avanço tecnológico e para uma educação de qualidade efetiva.
Na importante questão da educação, demagogicamente, o objetivo central é “botar mais gente para dentro das universidades”. Decerto, o essencial seria repensar o papel e o resultado efetivo da formação universitária, no quesito qualitativo, para a crescimento da produtividade nacional, o que reverberaria em aumento dos benefícios para toda a sociedade.
Uma vez que por aqui a mentalidade é do retrocesso, não se quer transformar quase nada, destruindo-se a fundamental destruição criativa, aquela que por meio das inovações, traz no seu bojo o aumento de produtividade. Pior, amputa-se a possibilidade de se desenvolver verdadeiros talentos humanos no país.
Enfim, no país da eterna vanguarda do atraso, a oferta estatal não se cansa de prejudicar o lado da demanda, não deixando passar nenhuma oportunidade de repetir erros grosseiros do passado, impedindo o crescimento econômico e social brasileiro.
Ainda que se utilize do sentimentalismo e do bom-mocismo, o princípio é claro: proteger os interesses particulares do vetusto estande verde-amarelo.
Produtividade que nada, o que importa mesmo são os discursos e as narrativas populistas e bondosas de incapazes, capacitados para a manutenção do atraso e do retrocesso.
Por Percival Puggina
Mas é infâmia de mais!... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares.
Castro Alves, Navio Negreiro
As perguntas que farei perturbam meu sono e são comuns ao cotidiano de milhões de cidadãos brasileiros. Como não ser assim, se a nação se dilacera e degenera, o sectarismo se empodera, a burrice impera, o crime prospera, a política se adultera, a Têmis se torna megera e os omissos somem ou dormem? Só eu acordo nas madrugadas pensando nesses motivos pelos quais 41% dos brasileiros (1), entre os quais 55% dos nossos jovens (2), só não desistem do Brasil por não terem condições financeiras de arrancar as folhas de um passado sem esperança e redigir seu futuro noutro lugar?
Os responsáveis por isso conseguem dormir? A nação se inquieta pela apatia de representantes omissos que tanto lhe custam. Como é insignificante, aliás, a relação custo/benefício, somados o mal que fazem e o bem que deixam de fazer! Como conciliam o sono e a culpa? A que destroços, a cupidez e a conveniência pessoal em condomínio com a injustiça reduziram tais almas? Elas simplesmente somem dos plenários quando, da tribuna, algum de seus pares lhes cobra pela apatia e a destruição das instituições!
No entanto, a realidade que vemos é sinistra. O Estado se agiganta perante a sociedade a que deveria servir. A juventude recebe uma educação de qualidade vexatória, últimos lugares nos rankings internacionais do PISA e da OCDE; a cultura nacional está degradada e o próprio QI dos brasileiros, por falta de estímulos, pode estar em regressão. Há décadas, os discípulos de Paulo Freire controlam e tornam cada vez mais sectária a educação nacional, transformando-a numa fábrica de ignorantes miseráveis, com as bênçãos do Estado. Quem escapa dessa máquina de moer cérebros prospera e vira réu no tribunal da desigualdade!
Resultado: chegamos a setenta e cinco milhões de seres humanos dependendo da assistência social do Estado. Do Estado? Sim, sim, o ente causador de todo esse mal aceita sem qualquer constrangimento posar de benfeitor. A pergunta que poucos fazem é: “Se o culpado não for o Estado, quem haveria de ser?”. Certamente a culpa não pode ser imputada a quem decide investir, correr riscos, gerar empregos, pagar salários e ser extorquido com impostos, taxas, contribuições. Essa pergunta derruba século e meio de mentiras sobre os sucessos do socialismo.
Eu quero o meu país de volta! Eu o vi antes, imperfeito, mas humano. Não era uma Suíça, mas era um país amável. O Brasil tinha boa reputação. Hoje é um país de má fama. Eu o quero moderno, mas com aqueles bens do espírito e naquele ânimo nacional que se comoveu e se moveu solidário quando as águas cobriram o abismo no Rio Grande do Sul. Eu quero de volta a energia inusitada que, durante oito anos, saudoso do “meu Brasil brasileiro, mulato inzoneiro”, me levou para cima dos carros de som a verberar corruptos, defender a liberdade e resistir à perdição de uma nação.
Impossível não evocar os versos finais de Navio Negreiro, esbravejados por Castro Alves, se vejo avançar o poder da Casa Grande, a se refestelar em folguedos e extravagâncias, enquanto garroteia direitos de cidadãos outrora livres.
(1)
https://www.cnnbrasil.com.br/politica/polarizacao-politica-41-dos-brasileiros-mudariam-de-pais-se-pudessem-diz-quaest/
(2)
https://g1.globo.com/economia/midia-e-marketing/noticia/2022/08/17/55percent-dos-jovens-brasileiros-deixariam-o-pais-se-pudessem-diz-pesquisa.ghtml