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PRODUTIVIDADE??? - 23.02.23


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Por Alex Pipkin

 

De forma singela, produtividade significa fazer mais com menos.
No essencial quesito “produtividade”, faz muito tempo, o país continua “lindo”, a nação da vanguarda do atraso.
Por aqui aparenta que a preocupação e o foco recaíam, populisticamente, sobre nacionalismos baratos e variáveis quantitativas, ao invés do importante crescimento do “conteúdo”, ou seja, da qualidade.
A retórica demagógica que reina, é sobre o aumento das compras de produtos e de serviços nacionais, do aumento do nível de empregos, da maior inserção de pessoas no nível universitário, dentre outros bom-mocismos, muito embora pouco se discuta, e se realize, efetivamente, no que diz respeito a um aumento da produtividade verde-amarela.
É bem verdade que crises econômicas mundiais e locais atrapalham o aumento da produtividade, no entanto, não se vê políticas públicas de qualidade, aquelas endereçadas para incrementa-la, especialmente do lado da oferta. Quanto ao lado da demanda, é justamente o intervencionismo estatal que atravanca o crescimento da produtividade.
O discurso do atual governo é sobre aumentar empregos - eu diria proteger empregos ineficientes que maculam a entrada de jovens promissores nos mercados de trabalho -, encarando como acessória a necessidade de que os trabalhadores tenham melhor qualificação e acesso a melhores recursos no ambiente produtivo, tais como máquinas de produção mais eficientes, e melhores softwares para projetar, produzir, vender e entregar, entre outros aspectos fundamentais. A ordem do dia é proteger a economia e os empregos nacionais. Simplificação da legislação e dos requisitos de mão de obra, nem pensar. Escárnio.
Por nossas bandas, por uma questão de sobrevivência, muitas vezes o empresário centra seus esforços - legítimos - na redução de custos, porém, esses pouco fazem em relação ao aumento da eficiência operacional, da automação de seus processos e, em especial, da remodelação estratégica de seus modelos de negócio.
Tanto em nível macro, de país, como micro, de empresa, notadamente, não há uma relação direta entre a utilização de novas tecnologias e o aumento de produtividade. É sempre indispensável analisar, comprovar e aperfeiçoar em direção ao alcance do incremento de produtividade.
Por aqui, o que se constata em abundância, são políticas públicas que se constituem, genuinamente, em inimigas do crucial aumento de produtividade.
O bom-mocismo de políticas nacional-desenvolvimentistas já conduziu o país à bancarrota, engordando “empresários“ amigos do rei, fechando, de forma nefasta, a economia, e protegendo-a de concorrentes estrangeiros, prejudicando assim a importação de tecnologias inovadoras, de insumos e de bens de capital fundamentais para o crescimento da produtividade nacional. Isenta de pressão competitiva, nenhuma organização é impulsionada a melhorar seu desempenho.
O crescimento de produtividade também é dependente do aumento dos investimentos no setor produtivo, entretanto, os incentivos para tanto têm crescido tal qual rabo de cavalo, isto é, para baixo.
Aqui convive-se com uma selva tributária hostil a eficiência e aos custos, fazendo com que os empresários tenham que contratar mais gente, gente esta que não agrega nenhum valor, somente custos, a fim de fazer frente a uma legítima “burrocracia”, essa que somente beneficia os relacionamentos nada republicanos.
Há uma terrível insegurança jurídica no ar, promovida pela suprema pequena corte, que legisla segundo seus corações bondosos, e que altera a legislação tal qual se troca de roupas íntimas.
Não resta a menor dúvida de que a desaceleração do crescimento do capital investido por hora trabalhada contribui intensamente para o declínio da produtividade em terras de Macunaíma.
O ambiente de negócios verde-amarelo trata o empresário como inimigo do povo, impedindo um incremento da atividade econômica, da eficiência empresarial, e reduzindo drasticamente as oportunidades no mercado de trabalho.
As carcomidas instituições nacionais servem de escudo para políticas públicas sadias, direcionadas para a inovação, para o avanço tecnológico e para uma educação de qualidade efetiva.
Na importante questão da educação, demagogicamente, o objetivo central é “botar mais gente para dentro das universidades”. Decerto, o essencial seria repensar o papel e o resultado efetivo da formação universitária, no quesito qualitativo, para a crescimento da produtividade nacional, o que reverberaria em aumento dos benefícios para toda a sociedade.
Uma vez que por aqui a mentalidade é do retrocesso, não se quer transformar quase nada, destruindo-se a fundamental destruição criativa, aquela que por meio das inovações, traz no seu bojo o aumento de produtividade. Pior, amputa-se a possibilidade de se desenvolver verdadeiros talentos humanos no país.
Enfim, no país da eterna vanguarda do atraso, a oferta estatal não se cansa de prejudicar o lado da demanda, não deixando passar nenhuma oportunidade de repetir erros grosseiros do passado, impedindo o crescimento econômico e social brasileiro.
Ainda que se utilize do sentimentalismo e do bom-mocismo, o princípio é claro: proteger os interesses particulares do vetusto estande verde-amarelo.
Produtividade que nada, o que importa mesmo são os discursos e as narrativas populistas e bondosas de incapazes, capacitados para a manutenção do atraso e do retrocesso.