Por Roberto Rachewsky
Não se preocupem tanto com o avanço do contágio. É assim que a natureza funciona. Vamos vencer a guerra do jeito que a natureza deseja, através da imunização gradativa. Haverá vítimas e isso é inevitável.
Sei que todos estão querendo conter a transmissão viral com vontade indômita, mas pessoal, não podemos aceitar a violação de todos os nossos direitos individuais inalienáveis.
Tenho testemunhado seus esforços para mostrarem serviço, e venho aqui para dizer com muito respeito, parem!
O mal que estão causando à sociedade é maior do que qualquer pandemia poderia causar sem todos esses esforços de vocês.
É preciso revisar suas premissas.
Não vou tratar aqui de ciência porque a ciência ainda não respondeu com certeza todas as dúvidas levantadas pelos próprios cientistas.
Pelo contrário, falsificar pretensas verdades absolutas tem sido a única coisa constante que tem se mantido ao longo desses quase seis meses de especulações sobre o coronavírus, a Covid-19 e a maneira correta de lidar com o problema em todos os seus aspectos.
O desejo de não parecerem políticos desidiosos tem feito vocês pensarem e agirem como tiranos.
A tirania normalmente advém do desejo de controlar os outros na busca de um estado geral de bem estar utópico, o da satisfação de ambições sórdidas.
Ocorre que há circunstâncias, que por mais que nos esforcemos, precisamos aceitar nossa impotência perante forças que não conseguimos controlar como gostaríamos.
O medo de que o povo confunda impotência com desídia é um dos motivos, talvez o principal, que levam líderes, políticos ou não, à hiperatividade.
No caso da imensa maioria, essa hiperatividade está traduzida nos decretos draconianos e abusivos, arbitrários e autoritários que tem sido impostos a homens e mulheres, adultos, livres e independentes.
Gente que inclusive paga seus salários expressivos e que, por vontade própria, até elegeram vocês.
É um contrassenso imaginar que seus eleitores não têm consciência do que fazem.
Será que isso é fato recente ou já era assim quando vocês foram eleitos por eles?
Aquele que passa a pensar como um tirano, acabará agindo como um tirano.
Tiranos não estão preocupados se seus súditos estão fazendo a coisa certa. Sua preocupação é saber se os cidadãos estão obedecendo as ordens.
Uma das técnicas para avaliar o grau de obediência da população é mudar as regras a todo momento, criando, inclusive, éditos contraditórios entre si para que a sociedade perca a noção de verdadeiro e falso e de certo e errado.
Para ser lembrado o tempo todo, o tirano não pode aceitar a conformidade do seu povo, deve gerar aqui e ali um estado tal de desconforto que crie em cada indivíduo sentimento de culpa, cultivado pela dúvida entre se é o tirano que impõe leis inexequíveis ou se é ele, o pobre coitado, culpado por desobedecê-las por incapacidade própria.
É assim que o governante quer se mostrar potente mesmo que suas ações não façam sentido ou não venham a apresentar os resultados esperados.
Quando um governante transfere a responsabilidade aos súditos para o atendimento de objetivos inalcançáveis, ao final da jornada, ficará mais fácil para ele responsabilizá-los pelo eventual fracasso.
Governantes, a natureza que mata, e os médicos e cientistas que defendem a vida, são os protagonistas nessa batalha.
A única coisa que um governante deve fazer no caso de uma pandemia para não ser acusado de desídia, coisa que por sinal reúne racionalidade, moralidade e eficácia comprovadas cientificamente, é a proteção daqueles que ainda não foram contaminados.
Isso se faz através da adoção de testagem, rastreamento e quarentena seletiva e compulsória de infectados que devem ser segregados pelo tempo necessário de catorze dias, seja porque apresentam sintomas ou porque foram testados.
Não faz sentido misturar todo mundo em casa onde o contágio é muito mais provável, como já foi também demonstrado empiricamente.
Políticos, reflitam.
Deixem descansar suas canetas. Ou melhor, usem-as apenas para devolver aos indivíduos o que lhes foi tirado, aquilo que é tão caro quanto a vida: o direito à liberdade, à propriedade e à busca da felicidade, sem os quais nenhuma vida vale a pena ser vivida.
Para encerrar, apresento um trecho de um artigo do filósofo Objetivista Harry Binswanger sobre o que leva alguém a agir como um déspota.
É para ler em voz alta e ficar cinco minutos refletindo perante um espelho:
“A preocupação do ditador é o poder. Ter poder sobre alguém é ser capaz de fazê-lo fazer o que se deseja [...] O ávido por poder busca prova de que você está agindo com base em ordens, não apenas de acordo com as ordens.
Para obter essa prova, ele deve mudar constante e arbitrariamente suas ordens: não há como agradá-lo; quando você obedece, ele reverterá suas ordens; ele busca obediência por causa da obediência e destruição por causa da destruição.”
Prefeitos e governadores espalhados pelo Brasil, provem que esse não é o seu caso.
Por Paulo Rabello de Castro - Publicado originalmente no jornal Estado de Minas, em 11/03/2023.
Matérias técnicas e, por natureza, complexas exigem exame aprofundado e testes sucessivos antes de uma aprovação. Vacinas são um bom exemplo recente. Todo cuidado foi pouco – e muitos ensaios prévios foram necessários – antes de se aprovar a vacina da COVID para uso geral da população. E os estudos ainda continuam. Mas, tragicamente, estamos para votar no Congresso um texto que muda os atuais tributos sobre o consumo (ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins) – matéria complicada e cheia de meandros – sem os mínimos cuidados de verificação antecipada das consequências dessa mudança para um imposto geral chamado IBS (Bens e Serviços) e mais um imposto “seletivo”. Se você quiser saber quais testes foram feitos para estudar os impactos que essa troca acarretará, a resposta espantosa é: Não há testes!
A proposta em discussão no Congresso está nas chamadas PECs 45 e 110, dois textos que reformam a tributação de tudo que você paga em qualquer transação comercial, seja uma compra em supermercado ou loja de construção, ou pelos serviços médicos, pela escola, na passagem de ônibus, na conta de luz, no posto de combustíveis etc. Em tese, a ideia é boa porque os tributos atuais são demasiados e com, pelo menos, 5600 leis diferentes. Vivemos num manicômio tributário. Daí o Congresso ter criado, anos atrás, um SIMPLES, que é a mesma tributação do manicômio, só que menos complicada e se pagando tudo num único boleto. Simplificar a vida do contribuinte, tornando a arrecadação mais eficiente, são objetivos corretos de uma “boa reforma tributária”. Isso é urgente.
O diabo mora nos detalhes: como chegar a uma fórmula simples, que não deixe prefeitos e governadores sem as receitas esperadas e que não signifique, na troca de tributos, que haverá grupos de pessoas, ou atividades econômicas, pagando muito mais do que antes. A boa reforma tem que partir de uma neutralidade e equidistância social em relação às situações vigentes, pois, caso contrário, os eventuais perdedores iriam se insurgir contra a mudança. Esse é um ponto-chave do sucesso de uma boa reforma, que as tais PECs 45 e 110 fazem questão de não observar. De fato, as propostas do governo fazem o contrário: propõem aumentar o custo tributário da cesta básica em mais de 60%, como também, em proporções parecidas, os tributos sobre remédios, médicos e hospitais, cursos e escolas, corte de cabelo, manicure, advogados, e até em transações de carros e motos usados, terrenos e casas. O diabo está escondido por trás de uma narrativa fake de que todos ganharão com a mudança quando todos pagarem a mesma e única alíquota de 25% ou mais (não se sabe ainda qual…) independente de a compra ser a de um carrinho de supermercado ou uma bolsa Louis Vuitton no shopping mais chique de São Paulo.
Os inventores dessa atrocidade tentam tratar, de modo igual, coisas e situações essencialmente desiguais, atropelando princípios, até constitucionais, como a chamada “essencialidade”. Mas o diabo é sincero. Reconhecendo que a população mais pobre vai levar a pior com o aumento brutal de tudo que entra no seu orçamento, a proposta do governo, que se diz popular e sensível com as dificuldades do povo, é fazer um cheque “devolvendo” o tributo de quem não poderia arcar com uma sobrecarga de até 30% nas suas compras. O governo em Brasília dirá quem pode receber a devolução. Mas por que esse passeio de tributos para dentro e para fora dos cofres do governo? Serão milhões de brasileiros correndo atrás de mais uma “bondade” oficial, mais uma devolução, mais uma assistência, como se o País só tivesse desvalidos. O lugar de fazer os ricos e abastados pagarem mais não é no supermercado ou no salão de beleza, mas no imposto de renda, cuja reforma, por sinal, o governo deixou pra lá…
Os problemas das PECs das arábias não param de ser desvendados. O período de “transição” da tal reforma, previsto para durar dez anos, é uma dessas bombas: os tributos antigos ainda existirão, enquanto os tributos novos estarão também em vigor por até dez anos! O inferno vai se instalar nos escritórios de contabilidade, hoje já assoberbados por milhares de leis e decretos diferentes. As infrações fiscais vão se avolumar com dois sistemas tributários distintos funcionando lado a lado (a maluquice programada). Multas e ações contra o contribuinte vão se empilhar na porta das empresas. É previsível que, à vista do pandemônio fiscal, o Congresso faça o que fez com a CPMF, votando, no futuro, para extinguir a invenção malfadada.
Está mais do que na hora de a sociedade, especialmente o empresariado, os líderes políticos de estados e municípios, pararem um minuto para pensar no que estão deixando seus representantes aprovar nos próximos dias. Uma vez instalado e morando de favor, o diabo não costuma gostar de ser expulso da casa.
Texto do jornalista (J.R. Guzzo, publicado no jornal O Estado de S. Paulo
O presidente Lula está armando o que pode vir a ser o maior escândalo em toda a história do Poder Judiciário do Brasil — a nomeação do seu advogado pessoal, Cristiano Zanin, para um dos lugares a serem abertos no Supremo Tribunal Federal. Ele ficaria lá até 2051, quando fará 75 anos e seria obrigado a se aposentar. Serão quase 30 anos como ministro do Supremo; Zanin, hoje, tem 47. Jamais, em qualquer ponto da existência do país, um presidente da República chegou a esse ponto de degeneração ao tomar uma decisão de governo. Na verdade, não há nenhum país sério em todo o mundo em que o chefe da Nação se rebaixe a fazer o que Lula, segundo o noticiário, está querendo — colocar na principal Corte de Justiça do Brasil um empregado que cuida dos seus interesses materiais e cuja independência em relação ao governo será igual a três vezes zero.
Por sua conduta prática, pelo que diz em público e pelas decisões que tem tomado, Lula mostrou nos últimos dois meses que tem tudo para fazer um governo de calamidades, o pior que o país já teve — sim, pior até do que o de Dilma Rousseff. Com essa história de Zanin, porém, ele vai além. Prova, aí, que está perdendo o controle sobre si mesmo e sobre as obrigações do seu cargo; mergulhou naquela zona mental sinistra onde os controles morais desaparecem e o indivíduo começa a ter certeza de que nada do que ele queira, absolutamente nada, pode lhe ser negado. O mundo exterior deixa de existir. Não há mais qualquer respeito pela opinião, pelos argumentos ou pela inteligência de ninguém. Não há, para Lula, nada que esteja fora dele e mereça a mínima consideração. Não entende que seu cargo envolva deveres — só tem desejos. Ele cismou, agora, que o seu advogado tem de ir para o STF; lá, naturalmente, deve continuar lhe prestando obediência. É a confusão definitiva entre questão pública e capricho pessoal. Ninguém faz uma insensatez dessas, salvo, talvez, em alguma republiqueta bananeira de terceira categoria.
http://https://revistaoeste.com/politica/o-maior-escandalo-do-judiciario-esta-em-andamento/