Por Alex Pipkin
A estupidez faz parte da natureza humana; lógica da realidade.
No entanto, parece-me inegável que o tribalismo ideológico ignorante e o afloramento do sentimentalismo grosseiro, que substitui a razão, atuaram como uma poderosa vitamina para engordar grande parte das pessoas com enormes doses de estupidez.
Ninguém é dono da verdade. Porém, evidente que existem conhecimentos, razão e ciência.
Nesta direção, o abissal relativismo hoje presente, é o que faz corromper a verdade, trazendo a imoralidade e a correspondente escassez entre aquilo que é certo e o que é errado.
O contraditório e a divergência são os adubos adequados para a formação de um pensamento crítico razoável. Objetivamente, aquilo que se pensa e se diz, deveria estar embasado em evidências concretas, e em argumentos válidos. Não é o que se vê; de maneira abundante, são externalizados puros sentimentos e meras vontades, além, claro, de uma miríade de comprovadas mentiras.
Verdadeiramente, óticas divergentes, com bases sólidas, impulsionam-nos a pensar sob outros e diversos ângulos, por vezes despercebidos, aumentando nossas possibilidades de “ver as coisas”, de aprender e de evoluir.
Entretanto, essa “lógica da descoberta” desapareceu.
A estupidez tem se apossado das pessoas em função de sua enorme propagação nos grupos tribais, em que massas de pessoas, com ideias sectárias e preconcebidas, agem de forma idiotizada, ignorando a lógica e os fatos objetivos.
Fatos são desimportantes. Para os tribalistas, a pureza das ideias e de suas vontades, sobrepõem-se as nefastas e genuínas consequências de seus desejos inconsequentes.
As redes sociais emergiram com a promessa de serem um ambiente propício para a maior geração de informações e, assim, potencializar possibilidades para a construção de pensamento crítico. Atualmente, o que se vê, mormente, é um bando de sectários ideológicos que não pensam, e o que é pior, passam a arrotar clichês e insultos as pessoas que produzem e que colocam suas genuínas ideias para reflexão.
Esses sentimentalistas estúpidos seguem a risca um “script” ideológico ignorante e agressivo - embora risível -, que silencia a divergência e as correspondentes oportunidades de crescimento cognitivo e psicológico.
O tribalismo ideológico aparenta ser invencível. Os cérebros vazios desses tribalistas, estão presos na caverna dos vieses ideológicos aprendidos pelo “telefone sem fio”, a partir dos grupos de pertencimento. Para esses, a corrupção da lógica e da verdade não se traduz em uma falha moral, pelo contrário, é o “modus operandi” que os dignifica perante aos seus colegas tribais. O culto a falsidade é o esporte favorito dessas equipes tribais. Em tais equipes, construi-se um amor umbilical com a farsa.
A razão e os fatos foram substituídos pelas emoções, ou melhor, pelos sentimentos grosseiros, ávidos pelos holofotes. Quanto mais, melhor.
Eles querem chocar. Arrotam asneiras, agridem, afrontam, provocam, rejeitando conscientemente a verdade. O fazem, não para tentar persuadir, mas com o único e claro objetivo de desconstruir. Escárnio.
A espiral da estupidez tem sido cada vez mais intensa e desmurada.
É muito difícil combate-lá. Gente que escuta, mas não pensa, agarra-se à juízos e castelos de areia, objetivas crenças e fantasias, que quando desafiadas se tornam ainda mais fortes.
Natural, mas triste. As pessoas desejam ter uma sensação de segurança, e é justamente nesses grupos de pertencimento que essas se socializam com outras pessoas que pensam da mesma forma - enviesada.
A estupidez continuará imperando. Infrutífero trazer a “mesa de discussão“ conhecimento, razão e fatos. Além de desnecessário, é temerário. Os modernos tribalistas agirão, claro, com agressões, insultos, sarcasmos, maldades, e farta retribuição de sentimentalismos grosseiros, de mentiras e de falácias.
A razão se escafedeu. E sem ela, reinam a estupidez, a escassez das excelsas virtudes morais, e a grotesca desordem social.
O que fazer? Esse é o mundo moderno, o mundo da pós-verdade.