Por Alex Pipkin
Nenhum indivíduo, nenhuma empresa, nenhuma nação pode ser tudo para todos. Há explícitas limitações e desvantagens em nível de acesso, de qualidade, de custos, de inovação e de outras ordens em relação aos recursos e as capacidades nestas esferas.
Faz mais de 35 anos que me deparei, pela primeira vez, com a Teoria Clássica das Vantagens Absolutas do grande Adam Smith, esse é o principal fundamento do comércio livre, lógico.
Interessante que Smith buscava identificar que instituições públicas poderiam satisfazer às aspirações morais e econômicas das pessoas.
Se um produtor possui maior competência e produtividade para produzir um determinado bem, ele terá uma vantagem absoluta, comparativa e/ou competitiva sobre os demais. Em sua época, basicamente preconizava o custo hora/homem para produzir, hoje sabemos que o que conta são as tecnologias.
Poucos se dão conta - especialmente os burocratas estatais - que os mercados são redes de empresas, são cadeias de suprimentos que de uma forma ou outra estão interconectadas globalmente.
Com o surgimento da pandemia da Covid-19, ergueram-se vozes mais altas contra o capitalismo e, em especial, em oposição a globalização e as respectivas cadeias globais de valor.
Nessa história de Agatha Christie o que não falta são vilões: a globalização dos mercados, a China, às companhias de navegação, os malvados empresários capitalistas, enfim, todos possuem uma parcela de culpa pela presente escassez de produtos e pelo aumento de preços.
A solução, portanto, na visão - míope - de grandes e renomados especialistas deveria vir do onipresente - e abstrato - Estado.
Sim, para esses experts os agentes estatais precisariam se agigantar ainda mais a fim de corrigir tais distorções, talvez com mais protecionismo, maiores intervenções e incentivos domésticos, e/ou impondo restrições às cadeias globais de valor.
Parece-me evidente que as empresas em busca de maior produtividade e eficiência devam acessar recursos, produzir, montar e distribuir em mercados em que existam condições macroeconômicas sistêmicas mais vantajosas para tanto.
Vejamos o Brasil, nossas indústrias compulsoriamente necessitam importar insumos, componentes e/ou produtos acabados que não são ofertamos no mercado doméstico, e mesmo quando o são, não dispõem de qualidade e de custos/preços competitivos.
Na verdade, no Brasil, as políticas estatais são exatamente a causa de empresas nacionais não participarem das cadeias globais de valor, do fechamento econômico e das políticas de compadrio que tornam o país o celeiro do rent seeking, da baixa produtividade, onerando os indivíduos e as famílias mais pobres, obrigando-os a comprar produtos de pior qualidade a preços mais altos, ou seja, drenando a renda destes cidadãos.
Os mais “experientes” devem lembrar da malfadada "política de Substituição de Importações" no Brasil, tão cantada em prosa por muitos, que concebeu uma indústria voltada para o mercado interno e ineficiente para competir globalmente.
Evidente que em mercados mais desenvolvidos, tais como os EUA e os países europeus, existe o argumento de que algumas indústrias locais poderiam ser incentivadas para que se evitasse o risco de desabastecimento, mas importa saber às expensas e prejuízos de quais outras indústrias e empresas.
Não, o problema não é a globalização, tampouco as cadeias globais de valor. A internacionalização dos mercados, verdadeiramente, é a razão pela qual milhões e milhões de pessoas no mundo podem acessar melhores produtos a preços mais baixos, aumentando assim seu padrão de vida.
O grande vilão, de fato, são os governos, que durante a pandemia tomaram decisões equivocadas e desproporcionais, tais como a concessão de auxílios que tornaram atrativo para trabalhadores portuários, por exemplo, ficarem em casa, ou invés de estarem em seus postos de trabalho, resultando em interrupções na cadeia logística global.
É lógico que as estratégias corporativas se movam em direção àqueles países que possuem e incentivam a manufatura, a logística e a distribuição de maneira mais competitiva, vantajosa e pragmática, enquanto que outros países ficam atolados no patrimonialismo e na “moderna” e progressista retórica das políticas identitárias.
Concorrência é uma palavra tão singela, embora muitos não compreendam seu significado e sua ação salvadora na vida real.
Em especial, no caso brasileiro, não resta qualquer sombra de dúvida que as empresas nacionais deveriam ser incentivadas a terem uma maior participação nas cadeias globais de valor, a fim de alcançarem maior eficiência e proporcionarem mais inovações e melhores preços para as indústrias e para as pessoas, sobretudo para as mais pobres.
Por fim, sem dúvida que a maior interrupção crônica da produtividade e do crescimento econômico e social no país, está justamente nas políticas públicas de Estado.
Por Percival Puggina
Ontem, enquanto pagava a conta no caixa do supermercado, aproximou-se de mim um jovem alto, cumprimentou-me efusivamente e disse: “Muito obrigado!”. Quando perguntei a razão desse agradecimento, voltando a cumprimentar-me disse: “Porque eu sei o preço que se paga por defender nossos princípios e nossos valores”.
Por coincidência, eu acabara de ler matéria na Gazeta do Povo sobre “Como os artistas conservadores sobrevivem numa Hollywood dominada por progressismo”. Na capital mundial do cinema, isso afeta de modo especial os conservadores cristãos. O conteúdo da reportagem, que pode ser lida aqui, trata da ascensão e queda de astros como Jim Cavaziel, cujas oportunidades despencaram após haver interpretado Jesus em “A paixão de Cristo”. Relata, também, os casos de Mel Gibson e Mark Wahlberg, igualmente deletados em virtude de suas posições religiosas e políticas. Ambos tiveram que financiar com recursos próprios o recém-lançado filme sobre a vida do padre Stu. Nenhum estúdio se interessou pelo tema.
Em Hollywood, funciona um macarthismo de esquerda que fecha as portas para conservadores, cristãos ou eleitores declarados do Partido Republicano, em tudo semelhante ao que se vê no setor cultural brasileiro, vestido da cabeça aos pés no brechó das ideologias desastradas.
Tenho observado que filmes baseados em fatos reais são destacados pelo público nas produções que rodam em plataformas tipo Netflix e Amazon Prime. As pessoas se interessam por relatos que sejam produto da realidade humana. Eis por que, tendo lido muito sobre história da Igreja, nunca entendi o desinteresse dos produtores em relação às vidas de grandes cristãos e santos da Igreja. Fazem mal intencionado muxoxo para um reservatório quase inesgotável de existências exemplares, recheadas de drama e paixão, coragem e sacrifício, êxitos e fracassos cujo fio condutor é a fé assumida por seus personagens.
O padre Stu, retratado no filme de Wahlberg, foi um boxeador violento, agnóstico e mulherengo que, após um acidente grave, converteu-se, mudou de vida e virou padre. Há muitíssimo a contar sobre grandes cristãos além de São Francisco de Assis. Quantos filmes seriam proporcionados pela história de pessoas como Santo Agostinho e São Tomas de Aquino, dois dos homens mais sábios e geniais da história humana! Ou São Bernardo de Claraval – meu santo de devoção – que tanto influenciou o Ocidente no século XII. Ou o cientista Santo Alberto, que escreveu com precisão sobre todo o conhecimento de seu tempo. E as mulheres? Há bem mais do que Joana D’Arc! Lembro Santa Helena, a mãe de Constantino; mártires como Santa Luzia; mulheres, como Santa Catarina de Siena e Santa Catarina da Suécia, que ajudaram a superar o exílio de Avignon; e mais Santa Tereza de Jesus, Santa Madre Tereza de Calcutá e tantas outras. Tantas, aliás, que as omissões comprometem esta lista.
O moço que me surpreendeu com seu agradecimento no supermercado, exagerou meus méritos. Mas tinha uma visão bem clara do que se paga, perante setores de grande influência, por andar para frente e para o alto, na contramão do progressismo rasteiro, orgulhoso de seus fracassos econômicos, sociais, políticos, estéticos e morais.