por Fernando Dal-Ri Murcia - Administrador, contador e advogado. Professor da Universidade de São Paulo e Diretor de Pesquisas da FIPECAFI
Perceba-se que, numa visão macroeconômica, o lucro é uma MEDIDA DE EFICIÊNCIA. Entre empresas "iguais" (mesmo capital, recursos, pessoas), a que obtiver maior lucro será aquela que utilizou de maneira mais eficiente os recursos escassos.
Por diversos motivos, inclusive em decorrência de questões religiosas, o lucro gerado pelas empresas é visto como algo "negativo" por grande parte da população e também por boa parte dos nossos representantes políticos. Neste breve artigo, apresento um contraponto a esta visão considerando a percepção dos mais diferentes agentes.
Inicialmente, considerando a perspectiva do empreendedor e igualmente do investidor – aquele que financia a empresa –, a perspectiva de lucro é condição necessária e fundamental. Afinal, ninguém vai abrir uma empresa, dedicar seu precioso tempo e recursos para “perder dinheiro” e iniciar ou investir em uma empresa que irá gerar sucessivos prejuízos. Note-se que quanto maior o lucro, maiores serão os novos investimentos que irão gerar novos empregos e renda para a população.
Note-se ainda que o lucro é a remuneração daquele que tem o maior risco do negócio. Isso porque ele só é recebido pelo acionista depois que todos os outros interessados são pagos: funcionários (salários), fornecedores (custos e despesas), governo (tributos), credores (juros). O acionista, portanto, é o último da fila e pode estar fadado a perder todo o capital investido.
Na ótica do governo, o lucro é sinônimo de arrecadação. Afinal, cerca de 1/3 deste montante retorna para o Fisco na forma de tributos: imposto de renda sobre o lucro líquido (IRPJ) e contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL). Quanto maior o lucro, portanto, maior a arrecadação e, consequentemente, os recursos que o governo terá para investimentos, programas sociais, etc.
Perceba-se que, numa visão macroeconômica, o lucro é uma medida de eficiência. Entre empresas “iguais” (mesmo capital, recursos, pessoas), a que obtiver maior lucro será a que utilizou de maneira mais eficiente os recursos escassos. E para o bom funcionamento do Estado é fundamental premiarmos a meritocracia e a eficiência – que irão gerar uma melhor alocação dos recursos.
O consumidor, por sua vez, deve ficar bastante feliz quando a empresa, da qual ele obtém produtos e serviços, gera lucro. Afinal, se a padaria da esquina ou aquele restaurante que você adora – e que fazem a sua vida melhor – não apresentarem lucro, eles irão fechar e você sentirá falta.
De fato, o lucro é condição necessária para a sobrevivência da empresa. É essencial para a sua sustentabilidade e para que ela continue atingindo igualmente sua função social: gerar emprego e renda para a população.
Ressalte-se que não existe conflito entre essa visão social da empresa e o lucro. Ao contrário, acionistas e empresas que se preocupam igualmente com os outros stakeholders, algo que recentemente ficou conhecido como ESG – Environmental,
Social and Governance – garantem a sustentabilidade de longo prazo do negócio e, por consequência, lucros futuros maiores num circulo virtuoso.
Assim, independente das diferentes visões políticas, seja de Direita ou de Esquerda – que pregam maior ou menor interferência do Estado na econômica – é fato que empresas e empreendedores são fundamentais para o desenvolvimento de um país. Nesse sentido, já é hora de deixarmos de lado no Brasil essa cultura da “vergonha do lucro”. Afinal estamos deixando, literalmente, “lucro e dinheiro na mesa”; dinheiro esse que poderia melhorar a qualidade de todos os brasileiros, principalmente os mais necessitados.
Por Percival Puggina
Ontem, enquanto pagava a conta no caixa do supermercado, aproximou-se de mim um jovem alto, cumprimentou-me efusivamente e disse: “Muito obrigado!”. Quando perguntei a razão desse agradecimento, voltando a cumprimentar-me disse: “Porque eu sei o preço que se paga por defender nossos princípios e nossos valores”.
Por coincidência, eu acabara de ler matéria na Gazeta do Povo sobre “Como os artistas conservadores sobrevivem numa Hollywood dominada por progressismo”. Na capital mundial do cinema, isso afeta de modo especial os conservadores cristãos. O conteúdo da reportagem, que pode ser lida aqui, trata da ascensão e queda de astros como Jim Cavaziel, cujas oportunidades despencaram após haver interpretado Jesus em “A paixão de Cristo”. Relata, também, os casos de Mel Gibson e Mark Wahlberg, igualmente deletados em virtude de suas posições religiosas e políticas. Ambos tiveram que financiar com recursos próprios o recém-lançado filme sobre a vida do padre Stu. Nenhum estúdio se interessou pelo tema.
Em Hollywood, funciona um macarthismo de esquerda que fecha as portas para conservadores, cristãos ou eleitores declarados do Partido Republicano, em tudo semelhante ao que se vê no setor cultural brasileiro, vestido da cabeça aos pés no brechó das ideologias desastradas.
Tenho observado que filmes baseados em fatos reais são destacados pelo público nas produções que rodam em plataformas tipo Netflix e Amazon Prime. As pessoas se interessam por relatos que sejam produto da realidade humana. Eis por que, tendo lido muito sobre história da Igreja, nunca entendi o desinteresse dos produtores em relação às vidas de grandes cristãos e santos da Igreja. Fazem mal intencionado muxoxo para um reservatório quase inesgotável de existências exemplares, recheadas de drama e paixão, coragem e sacrifício, êxitos e fracassos cujo fio condutor é a fé assumida por seus personagens.
O padre Stu, retratado no filme de Wahlberg, foi um boxeador violento, agnóstico e mulherengo que, após um acidente grave, converteu-se, mudou de vida e virou padre. Há muitíssimo a contar sobre grandes cristãos além de São Francisco de Assis. Quantos filmes seriam proporcionados pela história de pessoas como Santo Agostinho e São Tomas de Aquino, dois dos homens mais sábios e geniais da história humana! Ou São Bernardo de Claraval – meu santo de devoção – que tanto influenciou o Ocidente no século XII. Ou o cientista Santo Alberto, que escreveu com precisão sobre todo o conhecimento de seu tempo. E as mulheres? Há bem mais do que Joana D’Arc! Lembro Santa Helena, a mãe de Constantino; mártires como Santa Luzia; mulheres, como Santa Catarina de Siena e Santa Catarina da Suécia, que ajudaram a superar o exílio de Avignon; e mais Santa Tereza de Jesus, Santa Madre Tereza de Calcutá e tantas outras. Tantas, aliás, que as omissões comprometem esta lista.
O moço que me surpreendeu com seu agradecimento no supermercado, exagerou meus méritos. Mas tinha uma visão bem clara do que se paga, perante setores de grande influência, por andar para frente e para o alto, na contramão do progressismo rasteiro, orgulhoso de seus fracassos econômicos, sociais, políticos, estéticos e morais.