por Darcy Francisco Carvalho dos Santos
Assistimos recentemente a censura por emissoras de televisão norte-americanas às declarações do presidente e candidato à reeleição, Donald Trump sobre, denunciando a existência de fraude na eleição. A CNN preferiu, corretamente, deixar que o Presidente falasse e depois o contestou.
Achamos também que o Presidente não devia ter dito o que disse, até por ser ele o primeiro mandatário do País, mas não lhe cabia censura, por duas razões fundamentais. Primeiro, porque o certo e o errado, em matéria de opinião, não dá para determinar. O que é certo para uns pode não ser para outros e vice-versa. Em segundo lugar, imaginem se fosse o contrário: o Presidente escolhesse as perguntas que os jornalistas podem lhe fazer ou fizesse a tal regulamentação da imprensa, uma coisa tão temida, pelos meios de comunicação.
Quantas afirmações absurdas ouvimos todos os dias dos candidatos a prefeito de Porto Alegre, por exemplo, que vão reduzir impostos e, ao mesmo tempo, aumentar os serviços prestados à população, ignorando a crise econômicapor que passamos e o aumento dos gastos criados na esfera federal para os municípios cumprirem.
No Brasil também questionam a urna eletrônica e têm o direito de questionar, embora pareça que temos um dos melhores sistemas eleitorais do mundo. Então, seria o caso de Tribunal Superior de Justiça proibir esse questionamento por entender que o sistema é seguro e não cabem contestações.
Todos os dias ouvimos questionamentos sobre o julgamento de um ex-presidente, que seria tendencioso e, portanto, injusto, mesmo que ele tenha sido feito por um colegiado de juízes.
Outro exemplo vem do futebol: os perdedores geralmente culpam a arbitragem e, agora, o VAR, pelas derrotas. Então, vamos ter que deixar de entrevistá-los, porque eles não podem se posicionar contra às decisões das autoridades, mesmo tendo razão em alguns casos.
E assim vai. Assim sendo, temos que aceitar o pensamento único, que só poderia advir de um ditador.
Por Percival Puggina
Ontem, enquanto pagava a conta no caixa do supermercado, aproximou-se de mim um jovem alto, cumprimentou-me efusivamente e disse: “Muito obrigado!”. Quando perguntei a razão desse agradecimento, voltando a cumprimentar-me disse: “Porque eu sei o preço que se paga por defender nossos princípios e nossos valores”.
Por coincidência, eu acabara de ler matéria na Gazeta do Povo sobre “Como os artistas conservadores sobrevivem numa Hollywood dominada por progressismo”. Na capital mundial do cinema, isso afeta de modo especial os conservadores cristãos. O conteúdo da reportagem, que pode ser lida aqui, trata da ascensão e queda de astros como Jim Cavaziel, cujas oportunidades despencaram após haver interpretado Jesus em “A paixão de Cristo”. Relata, também, os casos de Mel Gibson e Mark Wahlberg, igualmente deletados em virtude de suas posições religiosas e políticas. Ambos tiveram que financiar com recursos próprios o recém-lançado filme sobre a vida do padre Stu. Nenhum estúdio se interessou pelo tema.
Em Hollywood, funciona um macarthismo de esquerda que fecha as portas para conservadores, cristãos ou eleitores declarados do Partido Republicano, em tudo semelhante ao que se vê no setor cultural brasileiro, vestido da cabeça aos pés no brechó das ideologias desastradas.
Tenho observado que filmes baseados em fatos reais são destacados pelo público nas produções que rodam em plataformas tipo Netflix e Amazon Prime. As pessoas se interessam por relatos que sejam produto da realidade humana. Eis por que, tendo lido muito sobre história da Igreja, nunca entendi o desinteresse dos produtores em relação às vidas de grandes cristãos e santos da Igreja. Fazem mal intencionado muxoxo para um reservatório quase inesgotável de existências exemplares, recheadas de drama e paixão, coragem e sacrifício, êxitos e fracassos cujo fio condutor é a fé assumida por seus personagens.
O padre Stu, retratado no filme de Wahlberg, foi um boxeador violento, agnóstico e mulherengo que, após um acidente grave, converteu-se, mudou de vida e virou padre. Há muitíssimo a contar sobre grandes cristãos além de São Francisco de Assis. Quantos filmes seriam proporcionados pela história de pessoas como Santo Agostinho e São Tomas de Aquino, dois dos homens mais sábios e geniais da história humana! Ou São Bernardo de Claraval – meu santo de devoção – que tanto influenciou o Ocidente no século XII. Ou o cientista Santo Alberto, que escreveu com precisão sobre todo o conhecimento de seu tempo. E as mulheres? Há bem mais do que Joana D’Arc! Lembro Santa Helena, a mãe de Constantino; mártires como Santa Luzia; mulheres, como Santa Catarina de Siena e Santa Catarina da Suécia, que ajudaram a superar o exílio de Avignon; e mais Santa Tereza de Jesus, Santa Madre Tereza de Calcutá e tantas outras. Tantas, aliás, que as omissões comprometem esta lista.
O moço que me surpreendeu com seu agradecimento no supermercado, exagerou meus méritos. Mas tinha uma visão bem clara do que se paga, perante setores de grande influência, por andar para frente e para o alto, na contramão do progressismo rasteiro, orgulhoso de seus fracassos econômicos, sociais, políticos, estéticos e morais.