Por Alex Pipkin
Essa semana, participei de um programa na gloriosa Radio Guaíba, falando sobre política e economia, num belo estúdio envidraçado de frente para a calçada.
Enquanto falávamos, dois cidadãos lá fora gesticulavam com as mãos, sinalizando a letra "L" e, ao mesmo tempo, colocavam as mãos no estômago.
Evidente que cada ser humano deve ser livre para pensar e realizar suas escolhas, porém, lastimo muito a escassez de discernimento e o parco conhecimento econômico de alguns.
Tenho a nítida impressão de que alguns brasileiros, além de terem a conhecida memória curta, estão umbilicalmente presos ao pensamento "mágico" Robin Hoodiano, e/ou estão acometidos da Síndrome de Estocolmo.
Nesse país sempre à cata de um salvador da pátria, sedento por efeitos pragmáticos de curto prazo, endeusam-se picaretas e incompententes exclusivamente preocupados com seus interesses escusos e os de suas tribos, alijando-se o povo e as gerações futuras de melhores condições econômicas e sociais. Esses "semideuses" são tão populares que até se transformam em séries - hilárias - no Netflix.
Otimismo parece-me positivo, mas um otimismo baseado em falsas premissas e em comprovados equívocos tangencia o pensamento mágico e/ou a estupidez.
Longe de ser o dono da verdade, penso que existem "fatos econômicos" e eventos acontecidos em que sobram fatos e evidências robustas daquilo que dá certo e é o melhor para todos.
Pense bem!
Você acredita que o seu sustento e a realização de seus planos de vida são decorrentes da bondade celestial do Grande Estado provedor ou do seu esforço próprio fruto do seu trabalho? Crê no coletivo ou na capacidade do indivíduo?
Você acredita que o Estado é o criador de riquezas ou são as pessoas e as empresas que as criam, por meio da criatividade e da produção de bens e serviços alinhados as necessidades e desejos do consumidor?
Você se considera um patriota, que ama o seu país, ou é um nacionalista, aquela que abomina o estrangeiro, ou talvez um nacionalista crítico?
Somos seres sociais, mas somos dotados da razão, e deveríamos compreender que toda ação humana é de responsabilidade do indivíduo. Nesta direção, somos responsáveis por nossas vidas e, consequentemente, por aquilo que planejamos e realizamos factualmente. Não há nada de errado em pensar e em buscar nossos interesses próprios dentro de princípios éticos. Dessa forma, estaremos, simultaneamente, colaborando de forma voluntária e beneficiando outros.
O Estado não cria riqueza, ele não pode dar sem receber os tributos - escorchantes - cobrados coercitivamente de indivíduos e de empresas. Sempre que se dá recursos para as pessoas, via programas sociais, por exemplo, está-se tirando recursos de outros indivíduos e de outras alocações.
Inexiste maná, não há nada gratuito, e os reais geradores de riqueza são as pessoas e as empresas, que por meio da liberdade e da oportunidade, põem em prática a criatividade humana.
Quase sempre que o governo intervêm na economia e na vida das pessoas, em nome do bem-estar da abstração "coletivo", os resultados são piores do que às intenções propaladas e, similarmente, os políticos preocupam-se com a estética imediatista, ou seja, com ações de curto prazo que aparentam ser benéficas, mas que no longo prazo trazem consequências terríveis para a população.
Quando o grande Estado nacional se intromete nos mercados, seja buscando controlar preços e salários, ou mantendo empresas estatais, ele inibe a atividade econômica e/ou impede/limita a concorrência, o que ocasiona em piores produtos e serviços e em preços mais altos, prejudicando os cidadãos, em especial, os mais pobres. É preciso lembrar que políticas econômicas destinadas a satisfazer reivindicações de grupos específicos acabam reduzindo o bem-estar da maioria da população.
Acredito que os indivíduos que gesticulavam a letra "L" estejam acometidos de um grave problema de memória e/ou da Síndrome de Estocolmo.
Políticos que assaltaram os cofres públicos do país, roubando saúde, educação, segurança e maior prosperidade para todos, continuam sendo acreditados por alguns. Foram justamente esses que irresponsavelmente criaram políticas de curto prazo insustentáveis, que geraram benefícios de curto prazo à custa de custos e de desastres futuros.
São esses demagogos populistas que querem regular a mídia e ceifar as liberdades individuais, especialmente a liberdade de expressão.
São esses que desejam a volta de políticas nacional-desenvolvimentistas contraproducentes, mais intervenção, e o nefasto nacionalismo para trancar ainda mais a fechadura da economia brasileira, o que traz no seu bojo abissais prejuízos a inovação, a produtividade, ao emprego e aos salários reais, e aos consumidores, acarretando no empobrecimento dos cidadãos que terão que pagar mais caro por piores produtos e serviços. O "requerido" protecionismo, gera benefícios de curto prazo para os "empresários" amigos do rei, entretanto, grandes impactos negativos de longo prazo para todos.
São esses que ao invés de quererem ver os indivíduos e as empresas "engordarem", intencionam aumentar o tamanho do Estado e as respectivas benesses estatais, fazendo crescer o poder das "elites" em vez de dar mais liberdade, capacidade e oportunidade para que as pessoas possam prosperar de acordo com seus planos de vida.
Penso é preciso muito mais liberdades individual e econômica para os cidadãos brasileiros progredirem, de fato.
Os dois senhores da vidraça provavelmente enxergam somente aquilo que se vê, mas tristemente não veem ou não querem ver as consequências mais longas e indiretas de supostas políticas "bondosas".
Não sei se o "L" que visualizei significava um apoio a um tal plano de governo, que genuinamente é uma receita - desastrosa - para uma intervenção estatal cada vez maior, ou representava a palavra "larápio".
Por Percival Puggina
Ontem, enquanto pagava a conta no caixa do supermercado, aproximou-se de mim um jovem alto, cumprimentou-me efusivamente e disse: “Muito obrigado!”. Quando perguntei a razão desse agradecimento, voltando a cumprimentar-me disse: “Porque eu sei o preço que se paga por defender nossos princípios e nossos valores”.
Por coincidência, eu acabara de ler matéria na Gazeta do Povo sobre “Como os artistas conservadores sobrevivem numa Hollywood dominada por progressismo”. Na capital mundial do cinema, isso afeta de modo especial os conservadores cristãos. O conteúdo da reportagem, que pode ser lida aqui, trata da ascensão e queda de astros como Jim Cavaziel, cujas oportunidades despencaram após haver interpretado Jesus em “A paixão de Cristo”. Relata, também, os casos de Mel Gibson e Mark Wahlberg, igualmente deletados em virtude de suas posições religiosas e políticas. Ambos tiveram que financiar com recursos próprios o recém-lançado filme sobre a vida do padre Stu. Nenhum estúdio se interessou pelo tema.
Em Hollywood, funciona um macarthismo de esquerda que fecha as portas para conservadores, cristãos ou eleitores declarados do Partido Republicano, em tudo semelhante ao que se vê no setor cultural brasileiro, vestido da cabeça aos pés no brechó das ideologias desastradas.
Tenho observado que filmes baseados em fatos reais são destacados pelo público nas produções que rodam em plataformas tipo Netflix e Amazon Prime. As pessoas se interessam por relatos que sejam produto da realidade humana. Eis por que, tendo lido muito sobre história da Igreja, nunca entendi o desinteresse dos produtores em relação às vidas de grandes cristãos e santos da Igreja. Fazem mal intencionado muxoxo para um reservatório quase inesgotável de existências exemplares, recheadas de drama e paixão, coragem e sacrifício, êxitos e fracassos cujo fio condutor é a fé assumida por seus personagens.
O padre Stu, retratado no filme de Wahlberg, foi um boxeador violento, agnóstico e mulherengo que, após um acidente grave, converteu-se, mudou de vida e virou padre. Há muitíssimo a contar sobre grandes cristãos além de São Francisco de Assis. Quantos filmes seriam proporcionados pela história de pessoas como Santo Agostinho e São Tomas de Aquino, dois dos homens mais sábios e geniais da história humana! Ou São Bernardo de Claraval – meu santo de devoção – que tanto influenciou o Ocidente no século XII. Ou o cientista Santo Alberto, que escreveu com precisão sobre todo o conhecimento de seu tempo. E as mulheres? Há bem mais do que Joana D’Arc! Lembro Santa Helena, a mãe de Constantino; mártires como Santa Luzia; mulheres, como Santa Catarina de Siena e Santa Catarina da Suécia, que ajudaram a superar o exílio de Avignon; e mais Santa Tereza de Jesus, Santa Madre Tereza de Calcutá e tantas outras. Tantas, aliás, que as omissões comprometem esta lista.
O moço que me surpreendeu com seu agradecimento no supermercado, exagerou meus méritos. Mas tinha uma visão bem clara do que se paga, perante setores de grande influência, por andar para frente e para o alto, na contramão do progressismo rasteiro, orgulhoso de seus fracassos econômicos, sociais, políticos, estéticos e morais.