TORÓS
Quem leu o longo depoimento do ex-diretor do Banco Central, Mário Torós, publicado no jornal Valor Econômico de sexta-feira, 13, não tem a menor dúvida de que ali está a razão da sua substituição, ontem, por Aldo Luiz Mendes.CAIXA PRETA
Mostrando claramente que não estava disposto a continuar no cargo, Torós simplesmente abriu a caixa preta das angústias vividas por Henrique Meirelles e sua equipe no auge da crise, em dezembro de 2008. Foi, realmente, um momento pra lá de crítico, pelo que revela Torós.ESPECULAÇÃO CAMBIAL
A manobra tentada por um ou mais agentes do mercado, em dezembro de 2008, era elevar a cotação do dólar a R$ 3,00 para tentar obter ganhos espetaculares ao despejar as posições compradas na cabeça do BC. Aliás, em anos anteriores isto já havia acontecido com grande sucesso.MEIRELLES
Desta vez, no entanto, os especuladores (lato senso) se deram mal. Graças à ousadia do BC, que operou através de swaps cambiais, coisa até então nunca praticada corretamente no Brasil. Foi, enfim, o que salvou a cabeça de Meirelles, que segundo Torós, já estava praticamente fora do BC.TUDO CRÍVEL
O que se depreende, pelo depoimento de Torós, é que ele não mostra nada que não seja lógico ou verdadeiro. Tudo que foi dito é absolutamente crível. Inclusive, a fragilidade de um sistema até então nunca testado, efetivamente.BONS E MAUS MOMENTOS
Não sei o quanto Torós ainda está disposto a falar mais do que já declarou ao jornal Valor. Não sei se conseguirá transparecer melhor os bons e maus momentos que a autoridade monetária vive no dia a dia, principalmente diante das crises que precisa enfrentar.SISTEMA SÓLIDO
De qualquer forma, pelo sucesso alcançado no episódio de dezembro de 2008, bem narrado por Mário Torós, penso que aí estava o grande teste. E o Brasil se saiu tão bem que acabou aprovado com nota máxima perante a comunidade financeira internacional. O Brasil, enfim, provou ao mundo que tem um sistema financeiro sólido.SOLIDARIEDADE
Os petistas e seus aliados da esquerda enlouquecida, mais conhecida como neo-comunistas, mostram a todo momento o quanto estão dispostos a lutar contra quem discorda dos projetos ideológicos que defendem. Já quando as manifestações são em defesa do social-comunismo, aí a solidariedade é total.SEM ERRO
Nos últimos tempos essa conduta crescente tem sido tão clara e transparente, que não há a mínima hipótese de que possa haver alguma interpretação exagerada ou mesmo uma margem de especulação.EXEMPLO INTERNO
Aqui no Brasil basta pegar um único exemplo, entre tantos que poderiam ser descritos: a complacência que a turma neo-comunista tem para com o MST, cujas barbáries e atos do mais puro vandalismo excedem a qualquer possibilidade de entendimento ou compreensão.EXEMPLOS EXTERNOS
No além fronteiras basta observar o que a nossa diplomacia tem feito para demonstrar esse mesmo comportamento ideológico reinante no país. Além da forte aproximação com os governantes latinos que já estão desenvolvendo projetos comunistas, o Itamarati levou ao mundo toda a sua preocupação com a destituição de Manuel Zelaya, da presidência de Honduras. Ou seja: basta ser um descumpridor da lei e da ordem para haver uma solidariedade irrestrita. Pode?SILÊNCIO ABSOLUTO
Para provar que é exatamente assim que os petistas e seus aliados agem é muito simples: quando os cidadãos que vivem sob as ditaduras e são prejudicados por falta de liberdade, não há qualquer tipo de manifestação. Aí o silêncio é absoluto.A PROVA
No triste episódio que envolveu a filóloga cubana, Yoani Sanchez, que apanhou bastante só porque queria comemorar o 20º aniversário da queda do muro de Berlim, na semana passada, nas ruas de Havana, em Cuba, a nossa diplomacia não fez qualquer comentário. De novo: Yoani apanhou porque queria festejar o fim do regime comunista da URSS. Pode?CUBA MELHOR
A única coisa que a turma do PT et caterva jamais poderá negar é o desconhecimento do assunto, que merece toda a solidariedade do mundo: tudo está escrito no blog Generación Y (www.desdecuba.com/generaciony). Uma observação: Yoani não é uma oposicionista. O objetivo dela é ajudar a construir uma Cuba melhor.Se intrometer em Honduras, para proteger um golpista, um fora da lei, é bom. Mas, se intrometer em Cuba para proteger a pobre Yoani, nem pensar. Aí é uma questão de soberania. Maravilha, não?THE ECONOMIST
O Brasil é capa da revista The Economist desta semana, que leva o título: O BRASIL DECOLA. Ótimo. Pela reputação que a revista goza no meio financeiro internacional, o nosso país será mais conhecido através da farta reportagem que mostra a rápida recuperação da economia brasileira em meio à crise econômica mundial.BRIC
Antes de chegar, propriamente, às páginas da reportagem, o editorial do semanário econômico ressalta que o Brasil, finalmente, está fazendo jus ao -B- do BRIC, grupo de emergentes formado também por Rússia, Índia e China.COMPARAÇÃO
Ao ser comparado com os demais dos países do BRIC, a revista salienta: 1- o Brasil é uma democracia, ao contrário da China; 2- não tem tensões étnicas em seu território, como é o caso da Índia; e, 3- tem uma pauta de exportações diversificada, diferentemente da Rússia.CUIDADOS
Na farta exposição dos motivos que, certamente, farão os leitores a apreciar as vantagens que, neste momento, o Brasil está levando por ter um sistema financeiro sólido, o The Economist também registra que precisamos de alguns cuidados para manter o crescimento.ARROGÂNCIA
E deixa bem claro que o maior inimigo a ser enfrentado é a arrogância, a soberba. A falta de humildade, enfim. Aliás, estes sentimentos são típicos de países que não suportam críticas. Aliás, a história conta muito bem como reagimos quando alguém aponta as nossas fraquezas. Soa como um trovão. Um atentado à nossa soberania. Uma enorme falta de respeito. Uma ingerência indevida.GASTOS E INVESTIMENTOS
O aumento de gastos públicos e a falta de investimentos em infraestrutura e em educação são citados como preocupantes, o que é absolutamente pertinente. Quando li estas linhas fiquei coma impressão de que os repórteres lêem diariamente o Ponto Crítico, onde cobro com insistência estas grandes falhas.REFORMAS
A reportagem também aborda o gigantismo do Estado brasileiro, a complicada burocracia e a pesada carga tributária como fatores que dificultam a vida do setor privado. Para melhor esclarecer os leitores sobre estas doenças crônicas que o nosso país apresenta, penso que a revista poderia ter ido um pouco além, mas ficou por aí. Talvez, por falta de espaço; talvez, porque o momento era para tecer mais elogios e olhar menos para os defeitos. De qualquer forma é preciso comemorar.REPERCUSSÃO
Diante da forte repercussão produzida pelo Apagão, tanto aqui quanto no exterior, é impossível deixar o assunto de lado . Principalmente, depois que os nossos governantes saíram falando por aí deixando um rastro de arrogância e estupidez. A hora, portanto, é de comentar os impropérios.DENTRO DOS CONFORMES
O presidente Lula, chefe da turma, como já era esperado, negou que a falta de energia que atingiu 18 Estados na noite de terça-feira tenha sido um apagão elétrico. Maravilha, não? Pois é, gente. Uma declaração, aliás, dentro dos conformes e na linha adotada pelos maus administradores, que nunca admitem culpa pelos seus atos.MISTURA ESCABROSA
Afinal, o que poderia se esperar de um governo que já provou, de todas as formas, que é extremamente corrupto? Caso fosse só corrupto, o prejuízo já seria enorme para a sociedade. Contudo, além de corrupto demonstra ser muito incompetente. Esta mistura escabrosa resulta em catástrofe. Algo simplesmente incalculável.UMA CAUSA
O interessante é que governo passou todo o dia de ontem, 11, estudando qual a mentira que deveria ser aplicada ao pobre povo brasileiro, que acredita em tudo que Lula diz. Estavam, obviamente, à cata de uma causa capaz de eximir o governo da responsabilidade pelo Apagão.A MENTIRA ESCOLHIDA
E a mentira encontrada pelos incompetentes, revelada às 19h, na coletiva concedida pelo ministro Edson Lobão, foi climática. Raios, ventos e chuvas atingiram as torres de transmissão e deixaram 40% do território brasileiro às escuras. Nenhum outro motivo. Boa esta, não? O curioso é que esses petistas, no Apagão de 2001, (governo FHC), não aceitaram o clima como justificativa. Na ocasião foi a falta de chuvas que deixou os reservatórios vazios e sem condições de fazer girar as turbinas do sistema elétrico.FAZER DA MENTIRA A VERDADE
Bem, o que vai acontecer daqui para frente já é mais do que sabido: o governo vai repetir à exaustão a mentira adotada, até que a mesma ganhe cara de verdade. Isto este governo sempre fez com grande maestria. Principalmente, diante de uma sociedade pronta para aceitar e acreditar em tudo o que o presidente fala.INDÚSTRIA DE BOLSAS
Os mais esclarecidos sabem que, na medida em que os gastos governamentais aumentam, os investimentos diminuem. Principalmente, depois que Lula se dedicou com afinco ao seu projeto industrial: o de produzir bolsas. De todos os tipos e tamanhos. A última Bolsa produzida, que já está na expedição da fábrica, pronta para ser lançada no mercado é a Bolsa Celular. Como as demais bolsas já lançadas, esta também conta com a característica das demais: o assistencialismo. Ah, com um detalhe muito importante: as bolsas que Lula produz são para toda vida. E mesmo que falte energia, a fábrica não para. Principalmente, depois que o ministro da Justiça(?) disse que o Apagão foi um MICROINCIDENTE. Ainda bem! Ufa!ENCONTRO DA IMPRENSA
A imprensa latino-americana como um todo, incluindo aí, por óbvio, os meios de comunicação do Brasil, mostrou neste último encontro da SIP - Sociedade Interamericana de Imprensa, em Buenos Aires, que foi picada pela cobra que criaram no seu próprio cativeiro.INTERESSES
A coisa é muito simples, gente: quando os meios de comunicação se curvam aos interesses de regimes que se apresentam com propostas ditatoriais deve ter em mente que os ditadores, tão logo ganhem força, não mais admitem receber críticas da mídia.PUXA-SAQUISMO
O que se viu, e o que ainda se vê com muita clareza, em vários países latinos, são atitudes de puxa-saquismo impressionante aos governantes que chegaram ao poder. Movidos pelos interesses de faturamento, através de polpudas verbas publicitárias, os meios de comunicação simplesmente se calaram no momento em que deveriam estar gritando. E o resultado aí está.ATITUDES CONHECIDAS
Na Venezuela, mais que sabido, quando não há as costumeiras ameaças feitas por Chávez, uma ou outra emissora é tirada do ar. No Equador, idem. Em Cuba só existe imprensa oficial. E, na Argentina, o casal Kirchner dificulta, quando não impede, a circulação dos jornais locais.POR AQUI
Aqui no Brasil, a situação ainda é um pouco melhor. Não chegou ao estágio dos neo-comunistas latinos. Mas, não se sabe até quando. O Estadão, como é bom lembrar, já está há mais de cem dias sob censura. O que pode se admitir é que o caminho a ser trilhado é por aí.LIBERDADE
Como acompanhei, mesmo à distância, os temas discutidos na SIP, embora os representantes da mídia tenham deixado bem claro que estão preocupadíssimos com a falta de liberdade de imprensa, sugiro que leiam, ATENTAMENTE, Os Cadernos do Cárcere, de Antonio Gramsci.Lá está, no capítulo que fala do controle dos meios de comunicação, que a imprensa deve ser oficial. Palavras de Gramsci: Onde existe liberdade, não existe Estado. Que tal?APAGÃO
Hoje não se fala outra coisa que não seja sobre o fantástico Apagão, que deixou às escuras mais de 50 milhões de brasileiros. No momento em que o país está sendo considerado Como A Bola da Vez, isto não é bom. Não é nada bom. Quem são os responsáveis? Quem?MENOS LIBERDADE
Em termos relativos, a minha luta diária em busca de maior liberdade para os brasileiros tem resultado num grande fracasso. Esta impressão ficou muito clara depois que tomei conhecimento da pesquisa divulgada ontem, realizada em 27 países, a pedido da BBC.GOSTO PELA INTERVENÇÃO
Embora deva acreditar nos dados revelados pela pesquisa, por ser um estudo científico, não deixo de ficar muito triste quando noto que 64% dos brasileiros entrevistados defendem mais controle do governo sobre as principais indústrias do país.MAIS REGULAÇÃO
A tristeza aumenta ainda mais quando leio que 87% dos entrevistados querem o governo regulando os negócios no país. E choro profundamente ao saber que 89% querem que o Estado seja mais ativo promovendo a distribuição de riquezas.MENOS CAPITALISMO
A importante pesquisa revela, em última análise, que os brasileiros simplesmente não gostam do capitalismo, do livre mercado. Todos têm celulares, frequentam supermercados, usam a internet, correm para comprar automóveis, frequentam shopping centers, sabidamente símbolos do capitalismo, mas exigem a presença do Estado como regulador.O MUNDO ESTÁ MELHOR QUE O BRASIL o
Chama a atenção, inclusive, que 35% dos brasileiros disseram que o capitalismo tem muitos problemas e que é preciso um novo sistema econômico. A média mundial (27 países pesquisados) que pensa da mesma maneira é bem inferior: 23%. Aliás, na comparação com a média mundial, os brasileiros superaram em todos os pontos:apenas 8% dos brasileiros opinaram dizendo que o sistema funciona bem e mais regulação o tornaria menos eficiente. A média mundial ficou em 11%. Para outros 43% dos entrevistados brasileiros, o livre mercado tem alguns problemas, que podem ser resolvidos através de mais regulação ou controle. A média mundial foi de 51%.MAIS À ESQUERDA
Tomando por base as comparações acima, que demonstram a cabeça muito atrasada do nosso povo, é bom lembrar que a discussão não é apenas brasileira, mas latino-americana. Segundo Steven Kull, diretor do Programa sobre Atitudes em Políticas Internacionais (Pipa, na sigla em inglês), com sede em Washington, o nosso continente está -mais à esquerda- em relação a outras regiões do mundo. Alguma novidade nisso?ENTREVISTADOS
A pesquisa ouviu 835 entrevistados entre os dias 2 e 4 de julho, nas ruas de Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.